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Bernardinho fala em "lição" e não fecha portas para volta de medalhões

Bernardinho diz que time tem de procurar evoluir após derrota - FIVB/Divulgação
Bernardinho diz que time tem de procurar evoluir após derrota Imagem: FIVB/Divulgação

José Ricardo Leite

Do UOL, em Katowice (Polônia)

22/09/2014 06h00

É hora de todos refletirem e ver o que faltou no jogo decisivo do Mundial para o novo ciclo que recomeçará em 2015 e vai até os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016. Essas foram as palavras do técnico Bernardinho após a derrota para a Polônia, no domingo, em Katowice.

O comandante falou em uma análise geral de todos, não só sua sobre o que pode ser melhorado. E admitiu que a derrota foi uma lição e deixou um gosto amargo depois de uma campanha de 13 jogos e 11 vitórias.

“A diferença (entre os times) é pequena, existem dez equipes com uma diferença pequena. A questão é qual a diferença pequena, sacar melhor, o que fazer com o Brasil? Temos que pensar. E não só nós da comissão técnica, mas também os jogadores. Temos que trabalhar para a última bola ser decidida a nosso favor e não para o adversário. Nós temos que nos questionar. De que forma fazer e que maneira conseguir o algo mais. A vida dá lições, foi uma lição hoje (domingo)”, falou o treinador.

“Fica um gosto amargo de uma derrota como essa. Quem fez um mau campeonato ganhando 11 partidas?. A equipe como um todo teve uma postura louvável. Faltou alguma coisa pra ser excepcional”, prosseguiu o técnico.


O treinador tem a opção de poder chamar alguns dos jogadores veteranos que fizeram parte do vitorioso ciclo de três Mundiais (2002, 2006 e 2010) e da medalha de ouro nos Jogos de Atenas-2004, como o líbero Serginho, de 38 anos, e o ponteiro Dante, de 33.

O primeiro não joga desde os Jogos Olímpicos de Londres e já afirmou algumas vezes que gostaria de voltar ao time. Já Dante parou de ser convocado depois de 2013 e está atualmente no Taubaté. Bernardinho não fechou as portas para os veteranos, mas indicou que no voleibol atual é complicado atuar com jogadores que têm um desgaste físico maior.

“Esse tipo de pergunta é difícil dizer. Tem que ver como ele (Dante) vai estar. Se tiver bem, com certeza. Ninguém está fora dos planos. Na minha opinião nós perdemos uma Olimpíada no vigor físico. Perdemos da Rússia por falta de vigor físico, principalmente. Se ele tiver muito bem, com muita disposição, pode estar nos planos. Ele e quem mais surgir”, explicou o treinador. “Vamos dar uma avaliada com calma não dá pra dizer vou chamar esse ou aquele”, prosseguiu.

O ponteiro Murilo, no entanto, já foi praticamente escalado pelo treinador para o ciclo que terminará na Olimpíada do Rio de Janeiro, mesmo com seus 33 anos. O jogador teve extrema importância no passe do time durante o Mundial. E lembrou de outros jogadores que ainda podem crescer.

“O Murilo é um jogador muito importante nesse ciclo de dois anos. O Wallace tem apenas um ano a mais de seleção do que o Lucarelli (que entrou em 2012). Muitos ainda podem dar algo a mais.”

O bi dos poloneses impediu os brasileiros de fazerem história no esporte mundial. Caso vencesse, o time de Bernardinho obteria um inédito tetracampeonato mundial consecutivo, algo jamais visto entre os homens nos esportes coletivos que fazem parte do programa dos Jogos Olímpicos de verão (incluindo vôlei, futebol, basquete, hóquei sobre grama, polo aquático, handebol, rugby seven e vôlei de praia).

Nunca uma seleção desses esportes havia conseguido vencer quatro vezes o Mundial. Entre as mulheres, a marca não chega a ser novidade, já que a extinta União Soviética ganhou cinco mundiais seguidos de basquete entre 1959 e 1975. Todas as conquistas dos quatro mundiais brasileiros foram com Bernardinho.

Mas o time vem enfrentando um jejum em decisões. Depois do Mundial de 2010, venceu a Copa dos Campeões de 2013. Mas perdeu as finais da Olimpíada e duas edições da Liga Mundial.

“Foi um bom campeonato, uma pena sair dessa maneira. Poderíamos fazer um pouco mais. Temos que reconhecer o mérito do adversário e pensar seriamente no que fazer. Com lucidez e tranquilidade, até porque não tem culpados individuais. Temos que repensar um todo de como conseguir esse algo a mais que nos faça voltar ao lugar mais alto do pódio”, finalizou.