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Saudade dos filhos une mães da seleção. Jaque diz que até chora no quarto

Leandro Carneiro

Do UOL, em Verona (Itália)

02/10/2014 06h00

Colegas de quarto na seleção brasileira, Jaqueline e Fabiola se uniram por um problema em comum enfrentado pelas duas. Únicas mães da seleção, elas têm se apoiado uma na outra para superar a distância de Arthur, de menos de um ano, e Andressa, de oito anos.

De acordo com Jaqueline, a presença da levantadora, que já passou pela mesma situação que ela vive, tem sido fundamental. Segundo a jogadora, Fabiola virou alvo de seu desabafo e até choro já aguentou.

“A Fabiola que me aguenta no quarto. Ela me entende, eu a entendo, às vezes a gente começa a chorar no quarto, mas faz parte. Só a gente sabe o que passa ali entre quatro paredes, quando está eu e ela ali. Ela me conta o que está acontecendo com a filha dela, eu conto o sentimento que estou, da saudade, enfim, ela me entende. Se fosse com outra eu não sei se me entenderia como é com ela. É muito bom estar com uma pessoa mais tranquila, que conhece bastante isso, porque viveu isso, e está vivendo. Então a gente se entende da maneira que a gente pode”, disse Jaqueline.

Fabiola assume o papel de “psicóloga” da companheira, mas disse que o momento vivido por Jaqueline é mais tranquilo pelo que passou, quando não tinha tecnologia.

“Eu passei por tudo que ela está passando, digo que para ela está sendo mais fácil, ela tem uma câmera que vê ele o tempo todo, e eu não tive isso. Na minha época, eu não tinha Skype em casa, para falar, não podia ter esse contato, ela já consegue ter. Eu busco dar força, porque não é fácil estar longe de uma criança tão pequena. Ela acaba perdendo momentos importantes da vida dele. Eu digo para ela, que depois ela vai conseguir recompensar. Então, a gente vai se ajudando”, completou a levantadora.

Mãe de Andressa, de oito anos, Fabiola diz que a situação hoje em dia é mais difícil do que quando sua filha tinha a idade de Arthur.

“Eu achava que hoje seria mais fácil por ela ser maior, minha filha está completando oito anos, hoje, eu acho que está mais difícil porque ela já entende a noção do tempo. Então, quando passa duas semanas, ela já me cobra, que está sentindo saudades, que eu estou demorando, que o coração está doendo. Antigamente não, ela não respondia dessa forma. Hoje, para mim, tem sido difícil por causa disso, porque ela já entende. Eu acho que é mais difícil para mim do que para ela. Mas a gente vai superando, não tem jeito, tem de trabalhar”, finalizou.