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Jaque supera tempo parada e saudade do filho, mas "desaba" no fim

Leandro Carneiro

Do UOL, em Milão (Itália)

13/10/2014 17h00

Jaqueline foi um dos destaques do Mundial feminino de vôlei. Dentro de quadra, ela mostrou que o tempo parada pela gravidez não fez com que perdesse seu talento. A distância do filho, outro obstáculo pelo caminho, também foi superado com a ajuda de Fabiola. Mas, no fim de tudo, a jogadora "desabou".

A atleta não chorou após perder para os Estados Unidos. Saiu de quadra valorizando o trabalho feito pela equipe e disse que queria muito ganhar o bronze. Mas depois que conquistou o terceiro lugar, ela não conseguiu se segurar mais.

Distância de Arthur, falta de emprego e possivelmente o fim de um sonho fizeram com que a atleta deixasse a quadra após a vitória chorando muito.

"Sabe o que é sair de quadra sendo que esse pode ter sido meu último jogo no ano?", disse antes mesmo de ser perguntada sobre qualquer coisa. Na sequência, ela desabafou ao dizer que estava chorando por muita coisa.

Ela não quis caçar culpados por sua situação. Reconheceu que a falta de um clube para jogar é em parte culpa dela, que não quer sair do país e viver longe de sua família (Murilo tem mais um ano de contrato com o Sesi).

"Mas é culpa minha, jogo toda culpa em cima de mim. Querer jogar eu quero, mas não quero sair do Brasil e deixar minha família", completou.

Jaque não falou sobre a possibilidade desse ser seu último Mundial, pois já tem 30 anos, pois a falta de clube pode fazer com que ela perca espaço já para a Olimpíada de 2016, como ela admitiu.

Mesmo com todas as dificuldades, Jaque sai do Mundial como uma das melhores atacantes da competição, ao menos no quesito aproveitamento. Apenas Sheilla, entre todas as jogadoras da fase final, a superou.

Não bastasse todo seu desempenho dentro de quadra, Jaque ainda teve um Mundial marcado por muita tietagem. Uma legião de fãs a paravam em cada saída de jogo por um autógrafo ou uma foto.

A atleta chegou a agradecer esse carinho pelos fãs, que ela acredita que vem do tempo em que jogou na Itália. Por isso, a jogadora citou que ganhar o Mundial em solo italiano tornaria ainda mais especial, e falou que seria uma forma de fechar sua carreira com chave de ouro, mesmo ainda não pensando em aposentadoria.

A tietagem não foi apenas dos fãs. Sua competição teve direito a eleição de "musa" por parte da organização do Mundial em Trieste.

Questionada sobre o momento de voltar para casa e conviver com Arthur, seu filho com Murilo de apenas nove meses, a jogadora se disse aliviada. "Agora acabou, amanhã viajar e depois de amanhã encontra-lo. Meu dever foi cumprido, o que tinha de fazer, eu fiz, agradeço por tudo que aconteceu comigo, desta fase que passei aqui e por todas as meninas e comissão técnica que me ajudaram", finalizou.?

No Brasil, os fãs chegaram a comprar a briga de Jaqueline por um emprego. No perfil do Instagram da Confederação Brasileira de Vôlei, muitos comentaram a foto de comemoração pelo bronze pedindo a jogadora na Superliga. #jaquenasuperliga foi a hashtag usado nos comentários.