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Ary Graça condena prisão de iraniana que viu jogo de vôlei: "um absurdo"

Do UOL, em São Paulo

04/11/2014 11h36

Presidente da Federação Internacional de Vôlei, Ary Graça condenou a prisão de uma iraniana condenada por um tribunal de seu país por tentar assistir a um jogo masculino da modalidade. O dirigente brasileiro disse que procurou cartolas do país e pediu por uma intervenção em prol da torcedora.

“Queremos saber qual o crime que ela cometeu. É um absurdo no nosso ponto da vista. Mentalidade neandertal, que não tem cabimento no dia de hoje”, disse Graça, em entrevista ao Sportv. “Fiz uma carta ao presidente da Federação Iraniana dizendo que a FIVB não queria interferir nas leis de cada país, mas que por questão humanitária eles poderiam intervir”.

“Fica difícil que, no futuro, façamos novos eventos no Irã. Estamos comprometidos com inclusão. Não entra na nossa cabeça isso de excluir mulheres. Estamos em contato para mudar o procedimento. Temos ao nosso lado o Human Rights e o Comitê Olímpico Internacional (COI)”, completou.

Ghoncheh Ghavamí, de 25 anos, estudante de Direito na Universidade de Londres e graduada na Escola de Londres de Estudos Orientais e Africanos (SOAS), foi detida em 20 de junho após ir com várias ativistas dos direitos das mulheres a uma partida da seleção iraniana de vôlei no estádio Azadi de Teerã.

As jovens se manifestaram fora do centro esportivo exigindo liberdade para que as mulheres possam comparecer como público a este tipo de evento. Várias delas foram detidas pelas Forças de Segurança e liberadas sob fiança após poucas horas, mas Ghavami retornou à delegacia dez dias depois para reivindicar seus objetos pessoais e voltou a ser detida.

Ela foi julgada no dia 14 no Tribunal Revolucionário de Teerã e acabou condenada a um ano de prisão. Segundo a imprensa britânica, ela começou uma greve de fome em 1º de outubro, que durou 14 dias, o que foi negado pelas autoridades judiciais iranianas.

“A federação iraniana está com as mãos atadas. Dá a impressão que, se fizerem algo mais ostensivo, vão presos também. Não exijo nada mais do que façam parte da nossa pressão com o governo iraniano. Não posso prejudicar a federação e os jogadores do Irã por causa de uma atitude do governo, são coisas separadas. Se o governo está cometendo engano, jogadores não tem a ver com isso”, afirmou Graça.