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Organizados por WhatsApp, jogadores prometem ir as últimas consequências

Jogadores de Sesi-SP e Sada Cruzeiro (MG) protestam contra indícios de corrupção na CBV - Felipe Pereira/UOL
Jogadores de Sesi-SP e Sada Cruzeiro (MG) protestam contra indícios de corrupção na CBV Imagem: Felipe Pereira/UOL

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

14/12/2014 06h00


O jogadores da Superliga usaram o sábado para transmitir recados aos cartolas do vôlei brasileiro: estão unidos; não aceitarão que as denúncias de desvio de R$ 30 milhões terminem em pizza; e se precisar vão eles mesmo buscar os meios para punir os culpados. A primeira manifestação ocorreu com quatro equipes entrando em quadra com narizes de palhaço.

O ponteiro da seleção brasileira Lucarelli é direto na mensagem que os atletas quiseram transmitir. "Foi um picadeiro os caras fazendo uma coisa dessas. Usando o dinheiro que era do esporte. Foi uma palhaçada." A intenção dos jogadores é chamar a atenção, fazer o público conhecer a situação e se diferenciar dos dirigentes.

Um dos jogadores mais experientes da seleção, Murilo tem sido uma das vozes mais ativas e ressalta que haverá tempo para a atual gestão da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) acionar o Ministério Público, a Polícia Federal ou algum outro órgão de investigação. Mas ele garante que se nada ocorrer vai partir dos atletas a iniciativa de cobrar punições. Não está descartada a hipótese de buscar auxílio jurídico para encontrar as melhores maneiras de levar o caso a julgamento.

Não que a intenção seja iniciar um série de protestos. Os recados foram dados e o passo seguinte é esperar as providências dos cartolas. O atual presidente da CBV Walter Pitombo Laranjeiras, o Toroca, ocupou a vice-presidência por 28 anos, mas receberá uma oportunidade de mostrar que não estava no suposto esquema de Ary Graça, presidente na época das irregularidades apontadas pela CGU.

Entre os itens que revoltam os atletas está o desvio de dinheiro enquanto os clubes penam para manter as atividades. Levantador do Sada Cruzeiro, atual campeão da Superliga, William afirmou que muitas equipes poderiam ter continuado as atividades se os R$ 30 milhões fossem investidos no esporte. "A gente está cobrando o básico, alguém ponha a cara e fale o por que de tudo isso. Muitos clubes podiam ter continuado na Superliga e tiveram de sair."

O movimento conta também com o apoio de treinadores. Marcos Pacheco, comandante do Sesi, declarou se sentir envergonhado com o escândalo e classificou como sensacional o protesto com narizes de palhaço. Ele falou que a mensagem é mostrar o desconforto e a diferença de comportamento entre atletas, comissões técnicas e clube em relação aos dirigentes da CBV.

"O voleibol de quadra continua sendo vitorioso e a parte administrativa falhou. Mas é a entidade, a modalidade. A quadra deu uma mensagem a parte administrativa, nós não compactuamos com isso, não estamos neste barco", disse Pacheco.

Estes recados dos jogadores foi organizado pelo WhatsApp revelou Murilo. O ponteiro contou que foi criado um grupo e a ideia o nariz de palhaço surgiu de várias frentes. Ele admitiu que as decisões são um tanto complicadas porque é tomado cuidado para não prejudicar instituições e patrocinadores ligados ao vôlei e que não têm ligações com as irregularidades apontadas pela CGU.

O grupo no whasts app começou com os capitães dos times e com o passar do tempo outros atletas foram incorporados. No final, havia tanta gente que ficava difícil ler todas as mensagens. O plano é continuar, mas com a participação apenas do capitães. "Se não fica uma lista que ninguém consegue acompanhar e ler tudo", declarou Murilo.

Uma coisa que todos no grupo concordaram é a ineficácia em interromper a Superliga. Eles entendem que a medida traria prejuízos porque prejudicaria patrocinadores e as equipes. No mais, os atletas exigem providências e se ninguém der respostas vão tomar iniciativa. Querem provar que o vôlei ainda merece o status de Brasil que dá exemplo.