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Sem clube desde 2013, Giovane Gávio dá palestras e sonha em ter time

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

22/01/2015 06h00

Bicampeão olímpico e responsável pelo saque que deu o primeiro título mundial de vôlei ao Brasil, em 2002, Giovane Gávio vive dias incomuns para quem tem um currículo tÃo extenso. Desde que foi demitido do comando do Sesi-SP em 2 de abril de 2013 após a eliminação na semifinal da Superliga, não conseguiu emplacar mais nenhum projeto de sucesso. Não dirigiu mais nenhuma equipe, não conseguiu se eleger deputado federal e tem encontrado dificuldades enormes para conseguir patrocinadores dispostos a  bancar a criação de um novo time em qualquer que seja a cidade brasileira.

“Atualmente, estou vivendo de dar palestras. Estou tendo tempo de fazê-las mais frequentemente. E é algo que adoro. É bacana poder compartilhar com pessoas das mais diversas áreas as vivências que tive ao longo da minha carreira. Abordo questões sobre treinamento e trabalho em equipe”, afirmou em entrevista ao UOL Esporte.

A frustrante demissão do clube que conduziu ao tricampeonato paulista, ao título da Superliga 2010/11 e ao título Sul-Americano de 2011 fez Giovane, de 44 anos, se afastar do vôlei. Em todo este tempo, não recebeu nenhuma proposta concreta para dirigir uma equipe que disputa o campeonato nacional.

“Sofri por um período (por causa da demissão). Profissionalmente, foi o pior momento da minha carreira. Não enxergava esta possibilidade de forma alguma. Mas a vida sempre conserta as coisas, e o tempo é o melhor remédio. Hoje, estou bem. Sei que deixei muita coisa lá e ajudei a construir um projeto vencedor”, disse o ex-atleta.

“Falar que não sinto saudade seria mentira, mas desde a minha saída do Sesi tive a oportunidade de ficar junto com meus filhos, algo que nunca tinha feito, ter fim de semana livres. Vem sendo uma experiência fantástica. No alto rendimento, você tem de se doar muito. Você não tem fim de semana, Natal, Carnaval. Foram muitos anos assim. É bom poder decidir por conta própria o que fazer da minha vida”, afirmou.

E uma das decisões que tomou neste período fora do esporte foi se aventurar no mundo da política. Por convite do candidato a presidência Aécio Neves se lançou candidato a deputado federal pelo PSDB em Minas Gerais. Não teve nas urnas o sucesso que conseguiu como atleta. Com 36.008 votos, não ganhou uma das 53 cadeiras às quais o estado tem direito na Câmara. Para efeito de comparação, o deputado mais votado, o petista Reginaldo Lopes, recebeu 310.226 votos.

“Não acho que foi uma derrota. Vi que 36 mil pessoas acreditam em mim e que posso ajudar a transformar as coisas no país. Foi uma experiência fantástica, um dos grandes desafios da minha vida, pois era um mundo completamente novo para mim. Fiquei mais perto do povo e pude entender a necessidade das pessoas”, disse Giovane.

Seguir na política, porém, não faz parte dos planos a curto prazo do ex-jogador. No momento, ele negocia com o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro-2016 para assumir um cargo administrativo voltado ao vôlei e até mesmo ser embaixador da modalidade para o evento.

“Tivemos algumas conversas e acredito que até fevereiro deverá haver a confirmação”, afirmou Giovane, que mudou-se recentemente para o Rio de Janeiro.

Atuar nesta parte administrativa poderá diminuir um pouco a frustração por ainda não ter conseguido emplacar um antigo desejo seu: a criação de uma equipe com boas condições de disputar a Superliga e brigar pelas primeiras colocações da competição nacional.

“Pegar dinheiro do patrocinador e montar um time está muito difícil. Vivemos um momento complicado, algumas equipes fecharam as portas nos últimos anos. Como justificar para o patrocinador que vale a pena colocar dinheiro? Mas ainda não desisti desta ideia. Atualmente estou morando no Rio de Janeiro, mas criaria este time onde o patrocinador quisesse, onde fosse melhor para ele”, concluiu.