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Símbolo do vôlei contra homofobia diz que ato de Laís 'quebra paradigma'

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

12/02/2015 06h27

Um dos primeiros atletas brasileiros a encarar o preconceito, assumir ser gay e continuar disputando partidas, Michael ficou feliz ao ver a declaração de Laís Souza, ex-ginasta, admitindo ser gay. O meio de rede, hoje do Brasil Kirin, disse que ter nomes de peso como ela assumindo a homossexualidade é importante para quebrar paradigmas.

“Eu acho bem legal isso na verdade, é bem interessante, estamos cada vez mais quebrando paradigmas. Depois do acidente que sofreu, ela assumir homossexualidade, no momento em que está passando por tudo isso, é bem difícil. Mas ela parece estar bem resolvida, ainda mais depois de tudo que aconteceu”, disse em entrevista ao UOL Esporte.

Mas Michael, que assumiu ser gay após sofrer com homofobia na semifinal de uma Superliga, quando foi alvo da torcida do Cruzeiro (na época ele jogava pelo extinto Vôlei Futuro), acredita que a situação dos dois não é igual.

“Meu caso foi diferente, eu tive de me assumir para me posicionar durante o que aconteceu, não podia chegar e falar de um problema que acontecia comigo e muita gente e não assumir”, completou.

A notícia boa, ao menos no caso de Michael, é que depois que ele assumiu publicamente ser gay, o preconceito diminuiu.

“Diminuiu mesmo, até brinco às vezes, devia ter assumido antes, porque realmente, eu acho que as pessoas, mesmo tendo preconceito hoje em dia, pensam duas vezes antes de fazer qualquer comentário. Depois que eu expus tudo aquilo que tinha acontecido, muita gente se sentiu envergonhada, ninguém vai querer repetir. Meu caso, o do Aranha, o da Fabiana (ambos vítima de racismo), não são a mesma coisa, mas são preconceitos, tem de chegar e expor, para que as pessoas se conscientizem que somos atletas como qualquer outros”, afirmou.

Apesar de admitir que sua vida melhorou depois que assumiu e elogiar a atitude da ex-ginasta, Michael ressalta que para vir e falar isso publicamente precisa estar seguro da decisão.

“Eu acho que, em primeiro lugar, para a pessoa chegar e falar, ela precisa estar bem resolvida, tem de estar decidida do que quer. Acho de uma importância tão grande no combate ao preconceito, mostra que somos pessoas normais, somos atletas normais, independentemente da orientação sexual. A gente é muito mais feliz ao ser nós mesmo, sem vestir um máscara. Temos de mostrar que não existe tabu, ela é uma atleta excelente, passou por uma barra gigantesca e é igual todo mundo. Somos todos normais, iguais a todos atletas, a todo mundo”, finalizou.

Quando Michael sofreu como a homofobia de torcedores, ele viu seu time fazer diversas ações contra o preconceito. Além de uma bandeira esticada no ginásio, o líbero Mário Júnior atuou com uma camisa com as cores do movimento LGBT.