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Cubano "brasileiro" é astro do Cruzeiro no vôlei. E busca bicampeonato

Desde que chegou ao Cruzeiro, Leal sempre esteve presente na final da Superliga - Divulgação/CBV
Desde que chegou ao Cruzeiro, Leal sempre esteve presente na final da Superliga Imagem: Divulgação/CBV

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

11/04/2015 06h00

Yoandy Leal Hidalgo não nasceu no Brasil, vive no país há apenas três anos e algumas vezes ainda tropeça no português. Mas a cada dia que passa, este cubano de 26 anos de idade sente-se cada vez mais brasileiro. Futebol, arroz e feijão já caíram no gosto do atleta que defende o Sada Cruzeiro e neste domingo disputará sua terceira final seguida de Superliga. Até agora teve um título (2013/2014) e um vice-campeonato (2012/2013). No Mineirinho, o rival mais uma vez será o Sesi-SP, numa reedição da decisão da última temporada.

“Eu me sinto muito brasileiro. Estou muito bem adaptado a Belo Horizonte e adoro viver aqui. Cuba é o país onde nasci, mas o Brasil já está no meu coração”, disse o ponteiro em entrevista ao UOL Esporte.

O carinho pelo país que o acolheu ao longo destes últimos anos é tamanho que Leal está tentando obter um visto de residência permanente, para ter os mesmos direitos de um cidadão brasileiro. Este é o primeiro passo para buscar uma futura naturalização.

Isso poderia abrir a possibilidade de ele defender a seleção brasileira no futuro. No ano passado, inclusive, chegou a ser ventilada a chance de isso acontecer já em 2015. A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) prontamente negou que o técnico Bernardinho tivesse feito este pedido.

“Eu escutei muitas coisas, vários comentários. Nunca falaram diretamente comigo. Mas eu não descartaria jogar pelo Brasil no futuro. Se tivesse esta possibilidade, certamente iria”, afirmou Leal, que é o oitavo maior pontuador da atual edição da Superliga, com 300 acertos.

Se hoje se diz muito à vontade e declara seu amor ao Brasil, onde vive com a esposa Sheyla e o filho Ian Carlos, Leal nem sempre se sentiu à vontade no país, ao qual chegou em 2012.

“Era uma cultura totalmente diferente da minha, não falava a língua e estava praticamente sozinho. Foi um tempo muito complicado”, relembrou ele que nem pôde acompanhar o nascimento do filho pois não podia retornar ao seu país natal.

Pela legislação cubana, um atleta que deixa o país para atuar em clubes exterior, fica impedido de retornar à ilha por um determinado período.

“No primeiro ano que estava aqui não podia entrar em Cuba, sentia muita saudades de toda a minha família que vive em Havana. Mas hoje melhorou muito pois tenho minha esposa e meu filho comigo. E sempre que acaba a temporada, e na folga de Natal eu volto para casa”, contou o jogador que também não pode defender mais a seleção cubana, pela qual se destacou na Liga Mundial e no Mundial de 2010, no qual acabou com o vice-campeonato após derrota para o Brasil na decisão.

Uma outra lei da ilha prevê que os atletas que queiram atuar no exterior devem abrir mão de competir pelas seleções nacionais.

Apesar de ter se afastado bastante de Cuba nos últimos anos, Leal vê com bons olhos a reaproximação do país com os Estados Unidos e o fim do embrago econômico.

“Será muito bom para todos que vivem lá, uma nova realidade depois de mais de 50 anos”, disse.

Ele joga no Cruzeiro, mas torce para o Barcelona
Fã de futebol, Leal já esteve algumas vezes no Mineirão para acompanhar partidas do Cruzeiro no Campeonato Mineiro, Brasileiro e Libertadores. Mas ele não se declara torcedor do clube celeste. Gosta mesmo é do Barcelona de Messi e Neymar.

“Gosto muito do Barcelona, estou sempre vendo as partidas. Gosto de todos os jogadores e admiro bastante o Neymar. É um cara muito bom e popular”, disse Leal, que no ano passado esteve na Fonte Nova, em Salvador (BA), para assistir ao duelo entre Espanha e Holanda pela Copa do Mundo.