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Bernardinho admite usar início de Liga Mundial para fazer testes na seleção

Irek Dorozanski/Reuters
Imagem: Irek Dorozanski/Reuters

Bruno Doro e Guilherme Costa

Do UOL, em São Bernardo do Campo (SP) e no Rio de Janeiro (RJ)

01/05/2015 06h00

O tempo de preparação é curto – apenas 31 dias entre a apresentação e a estreia contra a Sérvia, em Belo Horizonte; a maioria do elenco vem de uma temporada desgastante e acabou de voltar de férias; além disso, por ser sede, o Brasil já está classificado para a fase final. Com todo esse contexto em mente, o técnico Bernardinho admitiu que deve usar a etapa classificatória da edição 2015 da Liga Mundial de vôlei masculino para fazer testes na seleção brasileira.

“Teremos até durante a fase classificatória alguns testes. Por exemplo: o Riad está voltando agora, e é um que juntamente com o Isaac eu quero poder ver na seleção. Os outros da posição estão há mais tempo: Lucão, Éder e Sidão, que foi acometido por uma virose e está sem treinar – espero que esteja se recuperando bem. Temos esse tipo de situação antes do início da Liga Mundial. Temos o Evandro e o Leandro, que não chegaram ainda do Japão. Juntamente com o Wallace, quero colocá-los mais em quadra para poder ver quem estará formando depois os 14 para a fase final”, explicou o treinador.

A comissão técnica fez duas convocações para a seleção brasileira. A primeira, com 18 nomes, foi anunciada no dia 14 de abril. A segunda, com outros 13 atletas, foi divulgada no dia 22.

A maioria do primeiro grupo começou a trabalhar na semana passada, no Rio de Janeiro, e depois viajou para um segundo estágio em São Bernardo do Campo (SP) sob supervisão do auxiliar Rubinho. O segundo grupo, composto majoritariamente por atletas que estiveram na decisão da Superliga 2015, começou a trabalhar na última terça-feira (28) no Rio de Janeiro e tem sido dirigido por Bernardinho.

A partir de segunda-feira (04), todos os 21 atletas trabalharão juntos em Saquarema (RJ). O grupo será posteriormente dividido para disputar três competições (Liga Mundial, Jogos Pan-Americanos e Mundial sub-23).

“Encontrei os jogadores tranquilos, íntegros, com uma coisinha aqui ou outra ali, mas nada muito sério. Agora é trabalhar. Embora a Liga Mundial comece em pouco tempo, é trabalhar com sabedoria, com calma, sem colocar o carro na frente dos bois. É a terceira vez em que realizamos a fase final da Liga Mundial, e com isso podemos ir com calma na fase de classificação. Não precisamos usar os jogadores para classificar. A não necessidade do resultado imediato nos dá tempo de preparar bem os jogadores. É claro que queremos ganhar e que queremos os resultados, mas também precisamos estar com o time íntegro para chegar bem à fase final”, disse Bernardinho.

No aspecto físico, o líbero Serginho terminou na última quinta-feira (30) um tratamento em São Paulo. Principal novidade no grupo montado por Bernardinho para esta temporada, o jogador de 40 anos agora é aguardado para se juntar ao grupo.

O ponteiro Murilo também precisa evoluir nessa seara. “Os últimos dois anos para mim foram difíceis por causa das cirurgias [no ombro], e eu não me apresentei com 100% da forma ou como eu gostaria – como eu terminei em Londres, por exemplo –, mas ainda dá tempo de recuperar. Neste ano a gente começou cedo, e eu vou poder estar bem para ajudar mais do que ajudei no ano passado. Eu me cobro muito isso. É lógico que eu tenho características e responsabilidades ali dentro que são mais de fundo de quadra e recepção, mas acho que preciso ajudar mais a equipe, desafogar mais o ataque e o saque. São fundamentos em que eu preciso voltar a crescer. Depois das cirurgias eu não consegui ainda fazer o melhor dentro de quadra, mas neste ano eu estou com isso na cabeça”, avaliou o atleta.

“A reta final de Superliga deu uma condição boa de continuar trabalhando, de melhorar, de ganhar um pouco mais de potência e pegada no ataque. O restante ele já está fazendo num nível bastante elevado. Agora é trabalhar para ele chegar à fase final da Liga Mundial num nível ainda melhor e que possa chegar aos Jogos Olímpicos em condição de fechar esse ciclo olímpico de uma forma brilhante”, corroborou Bernardinho.

Chance de descobrir novos protagonistas

Desenvolver o preparo físico dos atletas, contudo, não é a única explicação para a divisão entre os grupos. A comissão técnica também se preocupa com a formação de novos protagonistas, e essa é uma das ideias centrais da criação de equipes separadas.

“É um plano único. Temos alguns jogadores que queremos ver em ação no Pan. São jogadores que estão em terceiro ou quarto lugar na escala da seleção para a Liga, mas que podem ser úteis no ano que vem [2016]. Para a seleção, é mais importante ter esse jogador como protagonista neste ano, para que a comissão técnica possa avaliar o rendimento deles em ação, em posição de liderança. É uma chance para atletas se inserirem no grupo olímpico”, afirmou Rubinho.

“É uma estratégia muito parecida com a que usamos no Pan de 2011. Queríamos avaliar o Wallace, e o colocamos para jogar tudo o que foi possível. Em 2011, ele jogou o evento teste de Londres, a Universíade e amistosos, e então foi ao Pan. Naquele momento, precisávamos que ele jogasse bastante e fosse o protagonista, para que analisar o comportamento dele. Ele foi tão bem que no ano seguinte acabou a Olimpíada como titular”, completou.

Essa ideia de dar protagonismo a outros atletas deve incluir nomes como os ponteiros Lucas Loh e Mauricio Borges e o oposto Renan, por exemplo. Mas também, como disse Bernardinho, deve abrir espaço entre os titulares para centrais como Issac e Riad, que não era convocado para a seleção desde 2007.

“O peso diferente que tem é que a gente não esperava mais, mas agora ele fez a gente acreditar. Agora o problema é com ele: vou vir aqui e vou dar o máximo. Não passava pela minha cabeça justamente por causa disso: porque falta apenas um ano e meio para a Olimpíada. Mas eu acho que o fato de estar aqui mostra que todo mundo tem chance ou que muita gente tem chance”, declarou Riad.

Com pouco mais de um ano até os Jogos Olímpicos, as competições da temporada 2015 também viraram uma espécie de seletiva para os jogadores na seleção brasileira. Na cabeça de Bernardinho, a convocação para a Rio-2016 dificilmente terá nomes que não estejam entre os 21 listados neste ano.

“Temos uma ou duas possibilidades de mudança até a Olimpíada, mas o grupo está dentro desse amplo grupo de trabalho. Está aqui dentro. Tomara que alguém me surpreenda fora, mas acho complicado”, confirmou.