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Ex-jogador vira auxiliar e faz seleção de vôlei sofrer com "pancadas"

Giovane Gávio (coordenador de vôlei da Rio-2016), Bernardinho (técnico da seleção masculina) e Anderson (auxiliar) posam para foto em treino no Rio de Janeiro - Divulgação / CBV
Giovane Gávio (coordenador de vôlei da Rio-2016), Bernardinho (técnico da seleção masculina) e Anderson (auxiliar) posam para foto em treino no Rio de Janeiro Imagem: Divulgação / CBV

Guilherme Costa

Do UOL, em São Paulo

04/05/2015 06h00

Anderson, 40, foi um dos grandes nomes da seleção brasileira de vôlei masculino na década passada. Dono de dois títulos mundiais (2002 e 2006) e duas medalhas olímpicas (ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008), o oposto assustava adversários por causa da potência ofensiva. Agora, os jogadores convocados para representar a equipe nacional na temporada 2015 estão sentindo isso na pele. Literalmente.

Após ter encerrado a carreira, Anderson decidiu ser treinador. O ex-oposto vem trabalhando na comissão técnica do Minas Tênis Clube e já havia feito estágios pontuais na seleção brasileira comandada por Bernardinho. Desde a semana passada, foi incorporado à equipe fixa que trabalha no time nacional.

“Eu estou feliz pra caramba. Acho que pertenço a esse mundo aqui e me acostumei a estar aqui. Vim trabalhando durante anos para voltar. Já tive uma experiência fantástica no exército, como treinador da seleção brasileira feminina, e neste ano vamos disputar os Jogos Mundiais Militares. Quero pegar tudo que vivi como jogador e agregar tudo isso para fazer uma nova carreira vencedora”, disse Anderson.

A seleção brasileira fez duas convocações em abril de 2015. A primeira, no dia 14, teve 18 nomes. A segunda, no dia 22, listou 13 jogadores. Os dois grupos realizaram trabalhos separados inicialmente e serão reunidos apenas nesta segunda-feira (04), em Saquarema (RJ).

Anderson participou das atividades com o primeiro grupo, que se apresentou no Rio de Janeiro uma semana antes e depois seguiu para São Bernardo do Campo (SP). Quando os atletas viajaram, o auxiliar seguiu na capital fluminense e entrou no trabalho comandado por Bernardinho com os jogadores da segunda lista.

Nos treinos antes da reunião em Saquarema, os jogadores ainda não foram submetidos a atividades com pulo (ataque, saque e bloqueio, por exemplo). Portanto, o fundamento mais trabalhado foi a recepção. Para isso, a comissão técnica usou uma máquina que lançava bolas. E Anderson, é claro.

“O Anderson é quase uma máquina. Ele falou que tem dois anos que não malha, não faz nada. Eu disse que não é possível – ele continua batendo do mesmo jeito de quando jogava. Aliás, o mais engraçado é a precisão: ele continua colocando muita força, mas a cada 100 ataques erra dois, no máximo. Isso exige demais da galera, o que é muito bom”, disse o ponteiro Lucarelli.

“Vou para a quarta temporada na área técnica, com praticamente dois anos sem entrar sequer numa academia. Você perde muito, mas ainda dá para brincar um pouquinho”, confirmou Anderson.

Os ataques foram apenas parte do trabalho de Anderson nos treinos. O ex-oposto recebeu bastante autonomia de Bernardinho durante os treinos realizados no Rio de Janeiro e até comandou parte da atividade.

“Na realidade, o Anderson já esteve conosco de uma forma um pouco mais curta em alguns momentos. Ele abraçou a carreira de treinador e hoje é assistente técnico do Minas, além de trabalhar como treinador da seleção feminina do exército. Ele está realmente se desenvolvendo nessa área e me ligou pedindo. Eu o incorporei rapidamente para que ele pudesse se desenvolver adquirindo experiência e desenvolvendo sua capacidade como treinador. É um cara de uma vivência sensacional: foi um oposto muito bom, campeão olímpico, campeão mundial, e pode trazer também um pouco disso aos jogadores. É um cara que venceu pelo trabalho e pela dedicação”, elogiou o comandante.

O curioso é que Anderson vai conviver com um ex-companheiro a partir desta segunda-feira. A atual convocação marca o retorno à seleção do líbero Serginho, ausente da equipe nacional desde os Jogos Olímpicos de 2012. O jogador de 40 anos foi contemporâneo do oposto, mas quando ambos estavam em quadra.

“O Escada tem de ser não apenas estudado, mas colocado na história. Ele fez isso acontecer. Ele fez pessoas gostarem da posição. É um cara mil, impressionante. Fico feliz demais por vê-lo de volta. Se você chegar aqui e não vir o Escada, parece que falta algo”, finalizou Anderson.