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Gelatina, trote e camisa: mimos marcam volta de líbero Escadinha à seleção

Volta de Serginho é uma das grandes novidades do vôlei masculino do Brasil para a temporada 2015 - Getty Images
Volta de Serginho é uma das grandes novidades do vôlei masculino do Brasil para a temporada 2015 Imagem: Getty Images

Guilherme Costa

Do UOL, em Saquarema (RJ)

15/05/2015 13h22

Foram quase três anos longe do cotidiano da seleção brasileira de vôlei masculino. Contudo, o período não foi suficiente para reduzir o status do líbero Serginho no ambiente da equipe nacional. Convocado novamente pelo técnico Bernardinho, o jogador de 39 anos pode ser o mais velho de todos os tempos a defender o país na modalidade em Jogos Olímpicos – o posto atualmente é de Maurício, que tinha 34 em Atenas-2004. A experiência, o histórico vitorioso e a relação com os outros atletas têm rendido uma série de mimos ao atleta do Sesi-SP.

“No refeitório, depois do almoço, eu tenho uma gelatina para comer. Nos lugares eu também mando”, disse Serginho, conhecido como Escadinha, em tom de brincadeira.

Como estava fazendo um tratamento nas costas, o líbero não participou do início dos treinos da seleção brasileira para a temporada 2015. Os jogadores que estavam nessa etapa inicial chegaram a falar sobre um trote em Serginho, que é figura nova na equipe nacional para alguns do atual elenco.

O que aconteceu, porém, foi o inverso. “Eu cheguei dando trote. Não posso falar o que foi porque é uma coisa interna, mas eu que cheguei dando trote”, contou o jogador.

Serginho foi campeão mundial com a seleção brasileira em 2002 e 2006. Além disso, acumulou três medalhas olímpicas (ouro em Atenas-2004 e prata em Pequim-2008 e Londres-2012) e sete títulos da Liga Mundial, com direito a ter sido escolhido o melhor jogador do torneio em 2009.

Não é raro que jogadores da seleção brasileira falem de Serginho como alguém que mudou a história da modalidade. O tom que o restante do elenco usa para se referir ao jogador do Sesi-SP passeia muitas vezes numa área entre respeito, admiração e idolatria.

Um exemplo disso foi a reação do ponteiro Lucarelli, companheiro de clube de Serginho, ao retorno do jogador. O atacante havia herdado a camisa 10, mas fez questão de abrir mão do número para que ele ficasse com o antigo dono.

“Ele não tem história com a camisa 10! A 10 é minha, e ele que procure outro número”, avisou o líbero, sempre em tom de brincadeira.

“Como ele voltou, é tudo dele. Ele está aqui há muito tempo, e nós todos temos enorme carinho e enorme respeito pelo Escada. Lógico que ele tem alguns direitos e pode fazer praticamente o que quiser”, adicionou o ponteiro Murilo, outro que integra o grupo dos mais experientes da seleção.

A lista de privilégios de Serginho só não tem abarcado o trabalho em quadra. A comissão técnica da seleção brasileira chegou a anunciar que o líbero seria submetido a uma carga especial de trabalho por causa da idade, mas ele não tem sentido tanto as benesses nesse aspecto.

“Eu achei que a minha carga de treinamento ia diminuir um pouco aqui, mas não houve redução nenhuma. Continuo treinando igual a um louco. Achei que teria regalias, mas não estou vendo isso não”, disse Serginho.

Até por esse volume, o líbero evita fazer planos sobre o futuro na seleção: “Eu fico feliz porque fui chamado pela Superliga que fiz. Se não tivesse condições, não aceitaria estar aqui. Jamais comprometeria um trabalho sério por vaidade minha. Preferia ficar em casa empinando pipa. Agora, meu único plano é treinar hoje à tarde. Se conseguir sobreviver, vou tomar um remédio e tentar treinar amanhã”.