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Titulares de Zé Roberto deixam férias de lado para manterem vaga no time

Sheilla e Fabiana receberam férias, mas tentam não se distanciar do cotidiano da seleção brasileira - FIVB/Divulgação
Sheilla e Fabiana receberam férias, mas tentam não se distanciar do cotidiano da seleção brasileira Imagem: FIVB/Divulgação

Guilherme Costa

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/06/2015 06h00

Com exceção da líbero Fabi, 35, que deu adeus em 2014 à seleção brasileira de vôlei feminino, o técnico José Roberto Guimarães poderá repetir nos Jogos Olímpicos de 2016 a escalação que conquistou a medalha de ouro em Londres-2012. Para manter a base no próximo ano, contudo, a comissão técnica teve de abrir mão de pelo menos três titulares na atual temporada. Isso abriu uma disputa por vagas na equipe, com direito a férias recusadas, mudanças de posição, cirurgia programada de acordo com os planos do time e treinamentos monitorados durante o período de descanso.

Entre as titulares de 2012, apenas a levantadora Dani Lins e a ponteira Fernanda Garay estão disponíveis desde o início da atual temporada. Ambas foram incluídas no time que disputará a primeira fase do Grand Prix – o Brasil enfrentará Japão (03/07), Sérvia (04/07) e Tailândia (05/07) na Tailândia.

Fabiana e Sheilla, por exemplo, não foram nem convocadas para a temporada 2015. As duas ganharam um período maior de descanso, e o plano de Zé Roberto era incorporá-las ao elenco da seleção após o término do Grand Prix e dos Jogos Pan-Americanos.

No entanto, nenhuma delas aceitou se distanciar efetivamente da seleção. Sheilla está treinando em uma academia nas férias, monitora as atividades e manda os dados para a comissão técnica da seleção brasileira. Além disso, tem mantido contato constante com os responsáveis pela equipe. A decisão de Fabiana foi ainda mais drástica: a capitã rechaçou o descanso e se apresentou voluntariamente no dia 1º de junho. A despeito de não estar nos planos para as próximas competições, seguirá treinando com o grupo.

“Acho que isso pode servir até como exemplo, sim. A Fabiana é capitã, tem ascendência sobre as demais e se prontificou a voltar antes para estar fisicamente inteira. As mais novas estão vendo isso”, ponderou o treinador da equipe nacional.

Thaísa foi convocada, mas passou por intervenção cirúrgica nos dois joelhos no dia 16 de junho para corrigir lesões nos tendões patelares. A previsão é que ela retome os treinos em quatro meses, e a operação foi agendada para dar tempo à central até os Jogos Olímpicos.

A saúde também é o que preocupa a ponteira Jaqueline. A jogadora estava nos planos de Zé Roberto para a segunda fase do Grand Prix, que será disputada em São Paulo, mas chegou a ser hospitalizada por causa de uma gripe que se agravou. É possível que ela seja preservada e também não dispute as principais competições da temporada.

“A nossa maior preocupação para este ano é o físico. Queremos que as jogadoras cheguem inteiras ao ano que vem – principalmente porque teremos pouco tempo de preparação entre o término da temporada e o início dos Jogos Olímpicos”, disse Zé Roberto.

Candidatas também usam estratégias por vaga

A ausência das titulares abriu uma série de espaços no grupo. Sobretudo porque Zé Roberto fez uma convocação larga – 33 jogadoras foram chamadas para o Grand Prix e os Jogos Pan-Americanos, que têm partidas concomitantes.

Bárbara e Sassá são exemplos de atletas que aceitaram mudar de posição para ter vaga na seleção. “Na hora em que ele for pensar, é possível que ele considere que eu posso fazer tanto oposto quanto meio. É uma das coisas. Quanto mais opções a gente der, melhor para a gente”, disse Bárbara.

Na próxima temporada do vôlei brasileiro, Bárbara será oposto do Brasília. Na seleção, porém, a despeito de ter sido usada na saída de rede em amistoso contra o Japão, ela será usada como central.

“Na verdade, só entrei como oposto porque a Joycinha [titular da posição no amistoso] sentiu uma dor na panturrilha. Estou jogando como oposto e estou muito feliz. Tenho minha preferência, mas o plano tem sido trabalhar como central”, confirmou a jogadora.

A mudança de Sassá foi ainda mais drástica. A jogadora chegou a defender a seleção brasileira como ponteira, mas foi transformada em líbero, posição que pretende manter no clube. “Eu sou líbero, agora. Definitivamente. No clube eu já acertei com o Brasília para jogar como líbero. Acho que é minha melhor oportunidade de ter mais tempo de carreira”, justificou.

Para estar na seleção em 2015, Sassá também abriu mão de férias. A nova líbero havia planejado uma viagem para a Disney com a família, mas o período do passeio coincidiria com os treinos em Saquarema. Com tudo pago, ela teve de desistir e correr atrás de um reembolso.

O caso é similar ao de Mari Paraíba, ponteira que foi convocada pela primeira vez. Ela também havia programado férias, mas desistiu da viagem para se apresentar à seleção.