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Federação internacional anuncia reunião para discutir trans no vôlei

Tiffany Abreu, ponteira do Bauru - Marcelo Ferrazoli/Volei Bauru
Tiffany Abreu, ponteira do Bauru Imagem: Marcelo Ferrazoli/Volei Bauru

Do UOL, em São Paulo

16/01/2018 21h04

A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) anunciou por meio de nota oficial que irá discutir a participação de atletas transgêneros no vôlei em reunião com a Comissão Médica da organização, que será realizada em Lausanne (Suíça), no dia 24 de janeiro.

No comunicado, a FIVB deixa esclarecido que jogadores transgêneros são aceitos depois de as federações nacionais regularizarem os novos sexos dos atletas, assim como documentos dos próprios jogadores como passaporte, carteira de motorista e certidão de nascimento também serem regularizados.

Além disso, a FIVB salienta que atletas trans só podem participar de jogos organizados pela entidade caso sua própria comissão médica emita um certificado autorizando eles a jogarem. No entanto, eles deixam claro que as conclusões só deverão ser tomadas depois dos Jogos Olímpicos de Inverno deste ano, que irão acontecer em de Pyeongchang (Coréia do Sul), após conversa com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

A entidade também comunica que "a participação dos atletas transgêneros a nível nacional é exclusivamente da responsabilidade da federação nacional relevante."

O tema ganhou força no Brasil com a atleta Tifanny Abreu. Segundo apuração do UOL Esporte, jogadoras estão incomodadas com a participação da trans, que vem sendo um dos destaques do Bauru na Superliga.

O principal ponto questionado pelas jogadoras é a força de Tifanny. Ela vem melhorando seu desempenho a cada dia que passa e já tem marcas de pontuação que deixam Tandara, principal atacante da seleção brasileira, para trás. A média é de 5 pontos por set, contra 4,91 da jogadora do Vôlei Nestlé.

As atletas questionam o fato de a transição de gênero feita por Tifanny ter acontecido quando ela já tinha 29 anos. Com isso, antes de fazer o processo, teve uma formação óssea e muscular a base de testosterona, o hormônio masculino, o que as atletas consideram "injusto". Há quem também cite que o desenvolvimento de órgãos como pulmões e coração, maior no corpo de homens do que em mulheres.

Veja a nota da FIVB na íntegra

O tema da participação dos atletas transgêneros no esporte do Voleibol será discutido na reunião da Comissão Médica da FIVB, que será realizada em Lausanne em 24 de janeiro de 2018.

Por uma questão de transparência, a FIVB gostaria de esclarecer que a participação dos atletas transgêneros no esporte do Voleibol segue um processo de duas etapas (veja abaixo). A FIVB deseja ainda esboçar que a participação dos atletas transgêneros a nível nacional é exclusivamente da responsabilidade da Federação Nacional relevante.

1. De acordo com o quadro regulamentar da FIVB, a classificação dos jogadores como atleta masculina ou feminina é baseada nos documentos oficiais dos atletas emitidos pelas autoridades de seu país. Após a conclusão do processo de reafectação de gênero, os atletas transgêneros podem solicitar um novo conjunto de documentos oficiais (por exemplo, passaporte, carta de condução, certidão de nascimento, etc.), refletindo o seu novo gênero. Estando em posse de um documento oficial confirmando a conclusão do processo de reafectação de gênero, os atletas podem solicitar à FIVB "reatribuí-los" de sexo masculino a feminino ou de sexo feminino a masculino.

2. A FIVB deseja salientar que a classificação de um jogador como atleta masculino ou feminino não significa automaticamente que o referido atleta seja elegível para participar nas competições oficiais da FIVB. De acordo com o atual quadro regulamentar, a participação de atletas transgêneros nas Competições FIVB, Mundial ou Oficial está sujeita à posse de um Certificado de Verificação de Gênero emitido pela Comissão Médica da FIVB. A Comissão Médica da FIVB recentemente começou a revisar as condições de emissão de um Certificado de Verificação de Género. A Comissão Médica da FIVB não espera concluir sua revisão até depois dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang de 2018. A revisão ainda estará sujeita a discussão com o COI.