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"Por que parar sonhos?", diz americana trans sobre críticas a Tifanny

Tia Thompson foi liberada para jogar nos EUA há um ano - Reprodução/Facebook
Tia Thompson foi liberada para jogar nos EUA há um ano Imagem: Reprodução/Facebook

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

17/01/2018 04h00

Por que parar sonhos? Essa foi a frase usada por Tia Thompson, americana de 31 anos, ao comentar a situação vivida por Tifanny na Superliga. Assim como a jogadora do Vôlei Bauru, a atleta também é trans. Recebeu a liberação para atuar há um ano, mas já é um nome conhecido no vôlei de praia americano desde 2014. Tia mora no Havaí, mas, de longe, acompanha a situação vivida pela brasileira, a quem deseja conhecer um dia.

“A diferença entre mim e a Tifanny é que eu comecei a transição quando eu tinha 18 anos, há 13 anos. Ela iniciou a transição há apenas alguns anos atrás. Mas ela tem o direito de jogar como eu porque completamos todos os requisitos para atuar na liga feminina”, disse ao UOL Esporte.

“Ela deve continuar jogando e ignorar as críticas. Há também muitos apoiadores. Ela está fazendo história no Brasil como eu estou aqui nos Estados Unidos. Se tivermos educação, tudo ficará bem. No fim do dia, somos humanos não importa de onde viemos, qual religião nós acreditamos e qual o gênero que nos identificamos. Para ser honesta, é 2018, por que parar os sonhos de alguém? Deixa ela viver e jogar sem críticas por seu gênero. Eu, definitivamente, quero vê-la em Tóquio”, completou.

Quando questionada sobre a força que Tifanny teria a mais que as adversárias, a principal reclamação das jogadoras da Superliga, Thompson prefere se lembrar de uma das maiores jogadoras da história.

“A melhor jogadora de vôlei feminino no mundo é a cubana Mireya Luis. Agora, se eu ou a Tifanny quisermos jogar como ela, nós temos um problema”, afirmou.

Apesar de considerar ter uma história parecida com a de Tifanny, Tia acredita que não enfrenta tantas críticas quanto a brasileira devido à mentalidade dos americanos para o tema.

“Nós compartilhamos a mesma história. Apesar de eu acreditar que os Estados Unidos estão mais educados para questões de gêneros no esporte. Eu sofro menos críticas que a Tifanny. Eu a apoio 100%”, falou.

Tia já tem a meta traçada para sua carreira esportiva nos próximos dois anos. Com a liberação da Usav (Usa Volleyball), o objetivo dela é representar os Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Em maio deste ano, ela disputará o Campeonato Nacional e nele, pretende conversar sobre a possibilidade. Para completar o desejo, a americana espera encontrar Tifanny na Olimpíada.

“Eu gostaria de conhecê-la um dia. Talvez em 2020, em Tóquio. Espero que ela tenha chance de jogar pelo Brasil em Tóquio e eu represente os Estados Unidos”, finalizou.

O sonho das duas pode ser impedido. A Federação Internacional de Vôlei (Fivb) anunciou uma reunião da comissão médica para o dia 24 que irá debater a situação dos transgeneros no esporte. A entidade disse estar “empenhada em estabelecer um sistema justo, harmonizado e transparente para a participação universal dos atletas”.