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Racha em equipe do 4x100 m é exposto e pode render punição a atleta

Do UOL, em São Paulo

20/08/2013 10h24

A equipe brasileira do revezamento 4x100 m feminino, formada por Ana Cláudia Silva, Evelyn dos Santos, Franciela Krasucki e Vanda Gomes, que não conseguiu terminar a decisão da prova no Mundial de Atletismo de Moscou, no último domingo, após deixar o bastão cair na última troca da prova, expôs o racha existente na chegada ao Brasil, nesta terça-feira.

Ana Cláudia, segunda a correr pelo time brasileiro, fez questão de mostrar que considera Vanda Gomes, a corredora que fecharia o revezamento, culpada pela queda do bastão. O objeto caiu e causou a eliminação do Brasil quando Franciela Krasucki, a terceira, tentou passá-lo para Vanda, que não conseguiu segurar.

"Não tenho o que falar dela (Vanda). Cada uma sabia o que tinha que fazer e responde por si próprio", declarou ao chegar ao país. Quando perguntada se as atletas conversaram sobre a prova, mostrou como Vanda virou o alvo do grupo: "Conversamos eu, Evelyn e Franciela. Um grupo é algo unido. Ela não é unida com a gente."

Ana já havia sido a mais enfática nas entrevistas logo após a prova: "Não dá para explicar, não tem como admitir. Peço desculpas para a torcida, para os patrocinadores, para a Confederação", falou ao SporTV.

Vanda não correu as eliminatórias da prova, quando o Brasil quebrou o recorde sul-americano e garantiu vaga na decisão, na manhã do domingo. Ela substituiu Rosângela Santos, que havia fechado o revezamento na classificatória.

Já no Brasil, ela não tentou justificar o ocorrido, preferindo citar seu passado. "Eu venho de seis Mundiais e sete finais. Não sou amadora como falaram por aí. E todas minhas conquistas vieram de treino. Não existe conquista sem treino. Gostaria de ter treinado mais", declarou.

A questão dos treinos foi citada após as declarações de Vanda logo após a final terem sido lembradas. Ela afirmou que ficou "40 dias comendo e dormindo mal" na Europa. As acusações fizeram a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) divulgar uma nota oficial desmentindo as acusações da atleta (veja o comunicado abaixo) e também punir Vanda.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o treinador-chefe da delegação do Brasil na Rússia, Ricardo D’Angelo, afirmou que a corredora será punida com afastamento de três meses a um ano. “O que ela fez foi muito grave. A comissão técnica entendeu as declarações dela como um ato de indisciplina, que não condizem com a verdade”, afirmou.

Franciela também falou ao chegar ao Brasil. Ela evitou atritos com a companheira: "Entramos para fazer uma boa prova mas aconteceu um erro que nunca cometemos antes. Tem que pensar daqui para frente. E treinar mais para que não aconteçam esses erros", opinou.

A opção por Vanda na final foi feita no planejamento para a prova. Antes do Mundial, já havia sido definido que ela correria a decisão e que Rosângela participaria das eliminatórias. A razão, segundo D'Angelo, foi os tempos praticamente iguais feitos por ambas nos treinos.

Só que a troca ocorreu mesmo após a equipe, com Rosângela, bater o recorde sul-americano do revezamento, ao marcar 42s29. O tempo daria a prata ao Brasil na final - os Estados Unidos, que ficaram com a medalha após a desqualificação da equipe da França, completaram a prova em 42s75.  Quando o bastão caiu, o Brasil corria praticamente empatado com a Jamaica, que ficaria com o ouro ao marcar 41s29.

Veja abaixo o comunicado da CBAt:

A Confederação Brasileira de Atletismo, tendo em vista as declarações da atleta Vanda Ferreira Gomes, integrante da Delegação Brasileira ao Mundial de 2013, após a final do revezamento 4x100 m feminino, neste domingo, dia 18, na última etapa do Campeonato, disputado no Estádio Olímpico de Moscou, tem a esclarecer o seguinte:

1. A citada atleta, convocada pela CBAt, participou de camping de treinamento e competição na Alemanha, deslocando-se, depois, para à Delegação, para o período de aclimatação. Neste período, a equipe de revezamento participou de competições na Europa, inclusive na etapa da Diamond League de Londres. No intervalo das competições, o grupo fez treinamentos específicos de revezamento na Alemanha, sempre com suporte de equipe multidisciplinar da CBAt.

2. Não recebemos nenhuma reclamação da citada atleta ou de qualquer outra pessoa do grupo sobre problemas com hospedagem e alimentação nesse período. Por sinal, no local, se encontravam outros atletas de ponta do Atletismo internacional.

3. Em nenhum momento a citada atleta trouxe qualquer reclamação sobre eventuais problemas à Comissão Técnica da Delegação ou a própria CBAt.

4. No dia 02 de agosto de 2013, a equipe de revezamento reuniu-se ao restante da Delegação, em Moscou, para o período de aclimatação prévio ao Mundial, tendo ficado hospedada no Hotel Cosmos, um dos hotéis oficiais do Campeonato, escolhidos pelo Comitê Organizador, conforme normas da IAAF. Neste hotel ficaram hospedados mais de 2.000 (dois mil) participantes do Campeonato, não havendo qualquer reclamação de nenhum país sobre as condições de hospedagem e alimentação, que atendeu as necessidades de todos os participantes.

5. Além disso, a CBAt disponibilizou na Comissão Técnica da Delegação uma nutricionista, justamente com a finalidade de monitorar a alimentação dos atletas e, se fosse o caso, providenciar sua complementação. A citada atleta nunca entrou em contato com a nutricionista para qualquer assunto.

6. Igualmente, a atleta se omitiu na aceitação do trabalho da psicóloga da Comissão Técnica, não apresentando nunca qualquer reclamação aos integrantes da Comissão ou da própria CBAt, presentes em Moscou, sobre o assunto.

7. O treinamento da equipe de revezamento 4x100 m feminino do Brasil foi realizado no período prévio, na Alemanha, assim como em Moscou, dentro da programação elaborada pelo treinador responsável.

Assim, causa estranheza à Confederação Brasileira de Atletismo e a Comissão Técnica da Delegação as declarações da atleta, as quais não correspondem à verdade dos fatos. Por outro lado, a CBAt considera os resultados da Seleção Brasileira no Campeonato Mundial de 2013 bastante satisfatórios, tendo seis atletas alcançado um lugar entre os oito primeiros em suas provas. A Seleção ainda foi finalista em duas provas de revezamento.

Moscou, 18 de agosto de 2013

Warlindo Carneiro da Silva FIlho
Vice-Presidente da CBAt

Antonio Carlos Gomes
Superintendente de Alto Rendimento da CBAt