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Garoto de 15 anos vira cartola e quer time no NBB em dois anos

Pietro Vendramini tem só 15 anos e já é presidente de clube de basquete - Arquivo pessoal
Pietro Vendramini tem só 15 anos e já é presidente de clube de basquete Imagem: Arquivo pessoal

David Abramvezt

Do UOL, em São Paulo

30/04/2013 06h00

Nada de matinê, provas do colégio ou ter como única preocupação para onde vai viajar nas férias. Aos 15 anos, Pietro Vendramini foge do convencional de um jovem e ocupa o cargo de presidente de um clube de basquete. E não se trata de um time de bairro ou algo do gênero. Em atividade há dois meses, o Bola na Cesta fez uma parceria com o Esperia, tradicional agremiação paulistana, e já possui equipes em todas as categorias com campeonatos organizados pela FPB (Federação Paulista de Basquete): do sub-12 ao adulto (oito categorias).

E o jovem é ambicioso. Ele acredita que em dois anos o Bola na Cesta/Esperia já estará disputando o NBB, a liga profissional brasileira de basquete. Na atual temporada, pode já ser possível ingressar na elite do Campeonato Paulista, pois o time está jogando a primeira fase do estadual, que dá acesso à segunda fase, que conta com os principais times paulistas. Para chegar ao NBB, a equipe deverá ficar entre os três melhores do Paulista que não estão no NBB, para assim disputar a Copa Sudeste, que dá três vagas para a Supercopa Brasil. E o campeão e vice dessa competição disputam vaga no NBB com os dois últimos colocados da última edição dele.

"O meu sonho era ir para os Estados Unidos para estudar e jogar basquete. Eu estava querendo começar a treinar sério, mas não tinha onde treinar. Só tinha treinos de escolas e clubes. Clubes você precisa passar por peneira ou comprar o título. Eu decidi criar o Bola na Cesta para ajudar jovens na mesma situação", afirmou Pietro, que decidiu parar de jogar após virar cartola. "Agora, eu prefiro dar chance para quem sabe jogar mesmo e tem futuro. Eu agora tenho futuro como presidente e não mais como jogador", acrescentou ele.

A ideia foi transformada em realidade em fevereiro passado. Contando com investimento financeiro do seu avô, o advogado e empresário Luiz Vendramini, Pietro fez com que o Esperia, clube tradicional da Zona Norte de São Paulo e primeiro campeão paulista de basquete, em 1924, reativasse a sua categoria adulto, que funcionou normalmente até 1960 e, desde então, voltou poucas vezes a entrar em quadra.

O avô vem bancando do seu bolso todos os gastos do projeto, que envolve alojamento, matrícula em um colégio particular e aulas de inglês. Luiz calcula que serão necessários R$ 3 milhões para o período de três anos de contrato com o Esperia. Na primeira peneira do Bola na Cesta/Esperia, 350 jovens de todo o estado de São Paulo tentaram uma vaga no programa. Atualmente, 120 jogadores são contemplados, sendo que 24 moram no alojamento do Esperia.

"Eu investi no sonho do meu neto e está dando tudo muito certo. Como é um sucesso, podemos buscar patrocinadores e não usar só recursos pessoais. Já tem gente interessada", afirmou o mecenas.

RESPEITO DOS MAIS VELHOS

  • Mesmo mais novo do que a enorme maioria dos seus comandados, Pietro impõe respeito. "Ele é um jovem que procura escutar muito. Ele é uma pessoa pura, sem aquele monte de defeito que a maioria dos dirigentes têm e isso agrada a todos", disse Julio Malfi, técnico e coodernador das divisões de base do Bola.

    "Eu tenho 44 anos e estou no basquete há 30 anos, o dobro da idade dele. O Pietro me escuta muito. O projeto é especial, pois é um jovem modificando a vida de jovens", acrescentou o treinador, com passagens por Grêmio Barueri, Hebraica e as categorias de base de outros clubes, dentre eles o próprio Esperia, parceiro de Pietro.

    Apesar de respeitarem a hierarquia, causa surpresa nos jogadores o primeiro encontro com um presidente de 15 anos. "Os jogadores, principalmente do time adulto se surpreendem quando me encontram. Mas eles me respeitam, pois eu sou o presidente e busco sempre o melhor para todos", falou o precoce mandatário do time.

Ser presidente de clube tão jovem mudou bastante a rotina de Pietro. Para se dedicar integralmente ao comando do time, o adolescente decidiu abandonar temporiaramente os estudos por um ano. "Como estou muito focado em fazer isso dar certo, eu larguei o colégio, mas volto no ano que vem. Também não ligo de ficar saindo saindo para a balada. Enquanto a maioria dos jovens aproveita só as coisas da adolescência, eu quero construir o meu futuro desde já", explicou o mandatário do Bola na Cesta/Esperia.

Como é menor de idade, Pietro não pode assinar contratos de jogadores ou com acordos com fornecedores. A empresa está no nome de sua mãe, Carolina Vendramini, e o avô Luiz cuida da parte burocrática. Mas isso vai mudar quando ele fizer 16 anos, em novembro, e puder ser emancipado. Eu fico feliz, a gente não vê tanta gente da minha idade tendo um trabalho. Estou aprendendo muito para ser um grande dirigente", disse Pietro.