Garoto de 15 anos vira cartola e quer time no NBB em dois anos
Nada de matinê, provas do colégio ou ter como única preocupação para onde vai viajar nas férias. Aos 15 anos, Pietro Vendramini foge do convencional de um jovem e ocupa o cargo de presidente de um clube de basquete. E não se trata de um time de bairro ou algo do gênero. Em atividade há dois meses, o Bola na Cesta fez uma parceria com o Esperia, tradicional agremiação paulistana, e já possui equipes em todas as categorias com campeonatos organizados pela FPB (Federação Paulista de Basquete): do sub-12 ao adulto (oito categorias).
E o jovem é ambicioso. Ele acredita que em dois anos o Bola na Cesta/Esperia já estará disputando o NBB, a liga profissional brasileira de basquete. Na atual temporada, pode já ser possível ingressar na elite do Campeonato Paulista, pois o time está jogando a primeira fase do estadual, que dá acesso à segunda fase, que conta com os principais times paulistas. Para chegar ao NBB, a equipe deverá ficar entre os três melhores do Paulista que não estão no NBB, para assim disputar a Copa Sudeste, que dá três vagas para a Supercopa Brasil. E o campeão e vice dessa competição disputam vaga no NBB com os dois últimos colocados da última edição dele.
"O meu sonho era ir para os Estados Unidos para estudar e jogar basquete. Eu estava querendo começar a treinar sério, mas não tinha onde treinar. Só tinha treinos de escolas e clubes. Clubes você precisa passar por peneira ou comprar o título. Eu decidi criar o Bola na Cesta para ajudar jovens na mesma situação", afirmou Pietro, que decidiu parar de jogar após virar cartola. "Agora, eu prefiro dar chance para quem sabe jogar mesmo e tem futuro. Eu agora tenho futuro como presidente e não mais como jogador", acrescentou ele.
A ideia foi transformada em realidade em fevereiro passado. Contando com investimento financeiro do seu avô, o advogado e empresário Luiz Vendramini, Pietro fez com que o Esperia, clube tradicional da Zona Norte de São Paulo e primeiro campeão paulista de basquete, em 1924, reativasse a sua categoria adulto, que funcionou normalmente até 1960 e, desde então, voltou poucas vezes a entrar em quadra.
O avô vem bancando do seu bolso todos os gastos do projeto, que envolve alojamento, matrícula em um colégio particular e aulas de inglês. Luiz calcula que serão necessários R$ 3 milhões para o período de três anos de contrato com o Esperia. Na primeira peneira do Bola na Cesta/Esperia, 350 jovens de todo o estado de São Paulo tentaram uma vaga no programa. Atualmente, 120 jogadores são contemplados, sendo que 24 moram no alojamento do Esperia.
"Eu investi no sonho do meu neto e está dando tudo muito certo. Como é um sucesso, podemos buscar patrocinadores e não usar só recursos pessoais. Já tem gente interessada", afirmou o mecenas.
RESPEITO DOS MAIS VELHOS
Mesmo mais novo do que a enorme maioria dos seus comandados, Pietro impõe respeito. "Ele é um jovem que procura escutar muito. Ele é uma pessoa pura, sem aquele monte de defeito que a maioria dos dirigentes têm e isso agrada a todos", disse Julio Malfi, técnico e coodernador das divisões de base do Bola.
"Eu tenho 44 anos e estou no basquete há 30 anos, o dobro da idade dele. O Pietro me escuta muito. O projeto é especial, pois é um jovem modificando a vida de jovens", acrescentou o treinador, com passagens por Grêmio Barueri, Hebraica e as categorias de base de outros clubes, dentre eles o próprio Esperia, parceiro de Pietro.
Apesar de respeitarem a hierarquia, causa surpresa nos jogadores o primeiro encontro com um presidente de 15 anos. "Os jogadores, principalmente do time adulto se surpreendem quando me encontram. Mas eles me respeitam, pois eu sou o presidente e busco sempre o melhor para todos", falou o precoce mandatário do time.
Ser presidente de clube tão jovem mudou bastante a rotina de Pietro. Para se dedicar integralmente ao comando do time, o adolescente decidiu abandonar temporiaramente os estudos por um ano. "Como estou muito focado em fazer isso dar certo, eu larguei o colégio, mas volto no ano que vem. Também não ligo de ficar saindo saindo para a balada. Enquanto a maioria dos jovens aproveita só as coisas da adolescência, eu quero construir o meu futuro desde já", explicou o mandatário do Bola na Cesta/Esperia.
Como é menor de idade, Pietro não pode assinar contratos de jogadores ou com acordos com fornecedores. A empresa está no nome de sua mãe, Carolina Vendramini, e o avô Luiz cuida da parte burocrática. Mas isso vai mudar quando ele fizer 16 anos, em novembro, e puder ser emancipado. Eu fico feliz, a gente não vê tanta gente da minha idade tendo um trabalho. Estou aprendendo muito para ser um grande dirigente", disse Pietro.
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