Topo

Azarões, brasileiros podem aproveitar 'terceira rodada' do draft da NBA

Lucas Dias, ala do Paulistano, é um dos brasileiros que podem ir para a NBA - LNB/Divulgação
Lucas Dias, ala do Paulistano, é um dos brasileiros que podem ir para a NBA Imagem: LNB/Divulgação

Rodrigo Trindade

Do UOL, em São Paulo

22/06/2017 04h00

O draft da NBA será realizado às 20h (de Brasília) desta quinta-feira (22) no Barclays Center, em Nova York. Apesar de não ter atletas convidados para presenciar o evento, o Brasil pode acabar representado por algum jogador, já que o país conta com três nomes que podem ser escolhidos por uma das 30 equipes da liga - e, ainda que não sejam selecionados, cada um deles pode muito bem arrumar um dos 60 novos empregos criados para a próxima temporada.

Ao contrário do que ocorria até 2016-17, os times da NBA terão 17 vagas em seus elencos a partir de 2017-18, um aumento de dois jogadores por franquia. Vazias, estas vagas devem ser preenchidas por jovens que serão compartilhados com os times filiais na G-League, a liga de desenvolvimento da NBA.

A novidade teve origem no novo Acordo Coletivo de Trabalho assinado entre a NBA e a associação dos jogadores da liga, a NBPA. Além de garantir o aumento do valor máximo dos contratos das maiores estrelas do esporte, a negociação estabeleceu a criação de dois contratos mistos entre as duas ligas.

Na prática, esse crescimento dos times pode ser tratado como uma “terceira rodada” do draft, expandindo as chances de jogadores do basquete universitário, ou provenientes de ligas internacionais, arranjarem um espaço na NBA – ainda que o tempo dentro de quadra acabe sendo pequeno.

George de Paula, armador do Paulistano - Paulistano/Divulgação - Paulistano/Divulgação
George de Paula, armador do Paulistano
Imagem: Paulistano/Divulgação

Brasil tem três promessas com chances

Formado com base na juventude, o Paulistano surpreendeu na última temporada do NBB. Do grupo que participou da campanha do vice, os titulares Georginho e Lucas Dias, além do reserva Mogi, têm seus nomes envolvidos no draft.

O mais badalado do trio é Georginho, armador com estatura e envergadura que agradam os olheiros da NBA. Com 1,98 m e braços longos, o atleta de 21 anos é projetado como uma escolha na segunda rodada pelo site especializado “Draft Express” – ele é considerado o 72º mais talentoso dentre 100 dos jogadores que participam do draft.

Outro neste Top 100 é Mogi, 94º para o “Draft Express”. Também de 21 anos, o ala-armador tem características físicas semelhantes às de Georginho e abdicou de participar das finais do NBB para exibir suas qualidades em treinos particulares com as equipes da NBA.

A decisão o tornou mais conhecido pelas franquias, mas não é uma garantia de que Mogi seja ‘draftado’. Nem ele nem Lucas Dias, o único do trio automaticamente elegível ao processo, aparecem nas simulações de publicações americanas, as quais normalmente dão um panorama geral do que ocorre no evento. Ainda assim, por conta dos contratos mistos e da tal “terceira rodada”, os dois podem arrumar um lugar na NBA como agentes livres.

Concorrência com veteranos de dentro e fora da NBA

Para entrar na NBA como agentes livres, os brasileiros que não forem selecionados no draft terão a concorrência de veteranos desempregados da liga, assim como atletas de outros campeonatos, normalmente europeus, que jamais jogaram nos Estados Unidos. É a situação que se enquadra o armador sérvio Milos Teodosic, que tem 30 anos e deve iniciar sua carreira na NBA somente a essa altura.

Casos como o de Teodosic, do brasileiro Marcelinho Huertas e do argentino Pablo Prigioni no passado, não são os mais comuns, no entanto. Tendo em vista o potencial a longo prazo, as franquias da liga preferem jovens, nem que eles acabem nas equipes da G-League.

O pivô Cristiano Felício, que defendeu o Chicago Bulls nas duas últimas temporadas, foi um desses casos. Não-draftado, o ex-jogador do Flamengo participou da liga de verão da NBA pelos Bulls em 2015, agradou a franquia e assinou contrato de dois anos. Neste período, transitou entre o time principal e os afiliados na G-League (na época ainda chamada de D-League), até se firmar como um reserva que tinha minutos frequentes em quadra.

Felício teve um caminho mais árduo para cavar seu espaço, pois na época que chegou à NBA as equipes tinham somente 15 empregos por elenco. Ainda que passem todo o draft sem ouvir seus nomes, Georginho, Mogi e Lucas Dias têm a sorte de tentar entrar na liga em um momento de expansão, que deve beneficiá-los.