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Ex-jogadores mudam lei por reforço da NBA e criam novo favorito no basquete

Ex-NBA, Randolph (dir.) atualmente joga no Real Madrid - Justin Edmonds/Getty Images
Ex-NBA, Randolph (dir.) atualmente joga no Real Madrid Imagem: Justin Edmonds/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

01/07/2017 04h00

Até onde um país pode chegar para contar em sua seleção com um jogador com quem não tem nenhuma relação? Naturalizações são cada vez mais comuns em vários esportes, e o basquete da Eslovênia fez um arranjo político dos grandes para ter vantagem esportiva. Agora, sua equipe masculina é apontada como uma das favoritas ao título europeu.

O motivo da manobra política se chama Anthony Randolph. Nascido no oeste da Alemanha enquanto seus pais americanos serviam no país, o ala-pivô de 27 anos morou um ano onde nasceu e depois se mudou com a família para os Estados Unidos. Foi lá que ele aprendeu a jogar basquete e chegou à NBA.

Nas seis temporadas na principal liga do mundo, Randolph defendeu times como Golden State Warriors, New York Knicks e Denver Nuggets, tendo uma média de 7,1 pontos e 4,3 rebotes em 252 partidas. Em 2014, assinou com o Lokomotiv Kuban, da Rússia.

Mas qual a relação entre Randolph e Eslovênia? Nenhuma. O país do leste europeu tenta desde o ano passado naturalizar um jogador americano. Buscou um acordo para contar com Bryant Dunston, sem sucesso. Neste ano, partiu para a "contratação" de Randolph, que se destacou na Euroliga pelo Lokomotiv e em 2016 foi contratado pelo Real Madrid.

A lei eslovena, no entanto, exige que um atleta viva por pelo menos um ano no país para poder iniciar o processo de naturalização. Ou exigia. Como Randolph nunca morou na Eslovênia, a federação partiu para uma solução mais rápida: mudar a lei nacional.

Para isso, contou com a ação de seu secretário-geral e ex-jogador Rasho Nesterovic. Coube a ele a missão de procurar o também ex-jogador e hoje político Peter Vilfan, eleito para a Assembleia Nacional da Eslovênia.

Sem cerimônia, o dirigente recorreu ao político para que este conseguisse alterar o texto da lei, usando o grande apelo popular do basquete no país (região que pertencia à Iugoslávia) para conseguir o reforço esportivo de Anthony Randolph.

Segundo o diário El Confidencial, o processo durou apenas dois meses, já que na última semana a naturalização do americano foi confirmada. “Agradecemos ao governo da República da Eslovênia por permitir que Randolph jogue conosco”, declarou o presidente da federação de basquete local, Matej Erjkavec, oficializando o “favor” feito pelas autoridades.

Agora, Randolph, de 2,11m e 104 kg, é um jogador esloveno. Reforçará a equipe que conta com Luka Doncic e os irmãos Goran e Zoran Dragic, ambos com histórico na NBA, já na próxima edição do EuroBasket, o torneio europeu. A Eslovênia, como país independente, tem o quarto lugar de 2009 como sua melhor campanha. Tentará uma melhor colocação na competição, mesmo que para isso tenha que apelar para o sotaque americano.