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Divisão inferior da NBA começa com brasileiros e naming rights de uma letra

Scott Machado (à esquerda) em ação pelo Houston Rockets em 2012 - Bob Levey/AP
Scott Machado (à esquerda) em ação pelo Houston Rockets em 2012 Imagem: Bob Levey/AP

Do UOL, em São Paulo

03/11/2017 11h00

Nesta sexta-feira (3), o Wisconsin Herd visita o Windy City Bulls no primeiro jogo da temporada 2017/2018 da G-League, que funciona como uma espécie de divisão inferior da NBA, a liga profissional americana de basquete. O campeonato, que terá os brasileiros Scott Machado, Georginho e Mogi em ação, teve os naming rights comprados pela Gatorade, mas mudou apenas uma letra.

Antigamente conhecida como D-League, a G-League existe desde a temporada 2001/2002 como liga inferior da NBA. Por meio dela, franquias da elite do basquete americano podem dar rodagem para seus jogadores mais jovens e ritmo de jogo para atletas que se recuperam de lesão.

Além disso, os elencos da G-League são compostos pelo talento excedente oriundo principalmente do basquete universitário dos Estados Unidos. Cada franquia da NBA pode ter no máximo 17 jogadores sob contrato, o que restringe muito a oferta de emprego. Quem ainda não conseguiu uma vaga em uma franquia tem a chance de mostrar serviço na liga inferior.

Nos últimos, tem sido cada vez mais comum parcerias estabelecidas entre franquias da NBA e da G-League. Assim, uma equipe da liga inferior pode simular a da elite em sua filosofia tática, por exemplo, permitindo com que jogadores e treinadores se desenvolvam da maneira mais propícia possível para quando seus serviços se fizerem necessários na elite do basquete americano.

Estes acordos têm sido ainda mais fortalecidos recentemente com franquias da NBA comprando suas parceiras da G-League, envolvendo as duas em uma mesma gestão.

Nesta temporada, todas as 26 franquias da G-League têm um parceiro na NBA. São elas: Agua Caliente Clippers of Ontario (parceiro do Los Angeles Clippers), Austin Spurs (San Antonio Spurs), Canton Charge (Cleveland Cavaliers), Delaware 87ers (Philadelphia 76ers), Erie Bayhawks (Atlanta Hawks), For Wayne Mad Ants (Indiana Pacers), Grand Rapids Drive (Detroit Pistons), Greensboro Swarm (Charlotte Hornets), Iowa Wolves (Minnesota Timberwolves), Lakeland Magic (Orlando Magic), Long Island Nets (Brooklyn Nets), Maine Red Claws (Boston Celtics), Memphis Hustle (Memphis Grizzlies), Northern Arizona Suns (Phoenix Suns), Oklahoma City Blue (Oklahoma City Thunder), Raptors 905 (Toronto Raptors), Reno Bighorns (Sacramento Kings), Rio Grande Valley Vipers (Houston Rockets), Salt Lake City Stars (Utah Jazz), Santa Cruz Warriors (Golden State Warriors), Sioux Falls Skyforce (Miami Heat), South Bay Lakers (Los Angeles Lakers), Texas Legends (Dallas Mavericks), Westchester Knicks (New York Knicks), Windy City Bulls (Chicago Bulls) e Wisconsin Herd (Milwaukee Bucks).

A relação com a NBA e o consequente aumento de interesse fizeram com que a Gatorade se interessasse em adquirir os naming rights da liga inferior. No entanto, a NBA só permitiu que uma letra fosse alterada. Assim, a antiga D-League, cujo “d” se referia a “desenvolvimento”, virou G-League, com a inicial da empresa que estreia na temporada 2017/2018.

Antes do início da fase de preparação de suas franquias, a NBA enviou um memorando reforçando o pedido para que a G-League não fosse chamada de Gatorade League.

Formação dos elencos e brasileiros

Georginho durante treino dos Rockets para a Liga de Verão da NBA - Instagram/Reprodução - Instagram/Reprodução
Georginho durante treino do Houston Rockets para a Liga de Verão de 2017
Imagem: Instagram/Reprodução

Os jogadores que compõem o elenco de franquias da G-League chegam à de maneiras diferentes. O primeiro tem a ver com seus respectivos parceiros de NBA e explica como Georginho virou jogador do Rio Grande Valley Vipers.

Uma franquia de NBA pode ter até 20 jogadores durante a pré-temporada, três a mais do que o permitido durante a temporada regular. Sua parceira da G-League tem prioridade na contratação dos jogadores excedentes que acabam dispensados, e os Vipers utilizaram essa prerrogativa com o armador brasileiro.

A G-League também tem um Draft anual, como a NBA, e foi desse jeito que os outros dois brasileiros chegaram à liga inferior. Scott Machado foi selecionado pelo South Bay Lakers na décima escolha do recrutamento de calouros, enquanto Mogi foi selecionado pelo Grand Rapids Drive na 31ª.

Também fazem parte dos elencos jogadores remanescentes de temporadas anteriores, já que é possível assinar por até dois anos com franquias da G-League, e agentes livres contratados no mercado.

Além disso, a temporada 2017/2018 vai estrear uma temporada: cada franquia da NBA vai poder assinar com dois jogadores um contrato misto com a G-League, em parceria com sua parceira. Esses atletas vão disputar os dois campeonatos, mas têm um limite de tempo na elite que têm de respeitar. Assim, vão passar grande parte da campanha na liga inferior.

Por fim, franquias da NBA podem "rebaixar" jogadores para a G-League sem perder o vínculo contratual com eles. Isso é geralmente feito com jovens que não têm espaço na franquia da elite e precisam de tempo de quadra e rodagem como parte de seu desenvolvimento.

Isso também acontece com jogadores que se recuperam de lesão e precisam recuperar o ritmo de jogo antes de retornarem para a NBA. Tony Parker, do San Antonio Spurs, e Marcus Morris, do Boston Celtics, são exemplos de veteranos que já passaram pela G-League como parte do processo de reabilitação de lesões nesta temporada.

Vale lembrar que o esquema de retenção contratual funciona apenas de cima para baixo. Assim, Parker e Morris mantiveram seus vínculos com Spurs e Celtics, respectivamente, mas jogadores como Scott Machado, Georginho e Mogi são considerados agentes livres para a NBA. Por isso, podem assinar com qualquer franquia a qualquer momento, sem precisar respeitar o esquema de parcerias.

"Dream Team" versão G-League

A partir de 2017, a classificação de seleções para a Copa do Mundo de basquete vai acontecer de maneira semelhante à que ocorre no futebol, com datas espalhadas pelo calendário, e não mais por meio da disputa de torneios classificatórios na intertemporada. Como a NBA não vai ser interrompida pelas eliminatórias, a G-League será a base da seleção americana.

O primeiro teste foi concluído com sucesso. Dos 12 jogadores convocados para a Copa América de 2017, nove jogavam na G-League, e mais dois tinham experiência nela. Como resultado, a seleção americana se sagrou campeã da competição, vencendo a anfitriã Argentina na final.

Técnico do San Antonio Spurs e da seleção principal dos Estados Unidos, Gregg Popovich exaltou a G-League após o título, que foi comandado com Jeff van Gundy no comando da equipe nacional.

"A G-League tem sido importante para muita gente e vai continuar sendo. A experiência vai torna-los jogadores melhores", declarou o treinador.

Após o título, os Spurs de Popovich contrataram o ala Darrun Hilliard, que teve passagens pela G-League enquanto defendia o Detroit Pistons e se destacou pela seleção americana no torneio.