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Mesmo com titular fora, brasileiro Raulzinho é terceira opção no Utah Jazz

Brasileiro Raulzinho é orientado pelo técnico Quin Snyder durante jogo do Utah Jazz contra o Houston Rockets - Eric Christian Smith/AP
Brasileiro Raulzinho é orientado pelo técnico Quin Snyder durante jogo do Utah Jazz contra o Houston Rockets Imagem: Eric Christian Smith/AP

Do UOL, em São Paulo

06/05/2018 04h00

A lesão muscular de Ricky Rubio, armador titular do Utah Jazz, fez com que surgisse a possibilidade de Raulzinho ganhar minutos importantes na série contra o Houston Rockets, válida pelas semifinais da Conferência Oeste da NBA. No entanto, o brasileiro é apenas a terceira opção para a posição, atrás até mesmo de uma improvisação.

Mesmo apertado com a lesão do espanhol, o Jazz optou por começar os três primeiros jogos da série contra os Rockets sem um armador de ofício. O ala Royce  O’Neale herdou a vaga de Rubio no quinteto titular. Com isso, o ala-armador  Donovan Mitchell assumiu a responsabilidade de comandar o ataque do time. 

Diante deste cenário, Raulzinho não é nem sequer a primeira opção para a posição no banco de reservas. O armador australiano Dante Exum atuou por 47 minutos na soma dos três jogos, contra 32 do brasileiro.

A explicação para a situação de Raulzinho passa pela maneira com que a NBA enxerga a distribuição de papeis em quadra. Hoje em dia, jogadores são escalados para funções, e não para posições, em uma evolução do sistema mais tradicional.

Um dos técnicos mais conceituados da NBA, Brad Stevens, treinador do Boston Celtics, foi perguntado antes do início da temporada sobre quantas posições existem no basquete moderno. Respondeu que são apenas três: um condutor de bola, figura central do ataque; um jogador de perímetro, que ajuda o condutor de bola arremessando de três e abrindo espaço para suas infiltrações; e um jogador de garrafão, que ajuda o condutor de bola com corta-luzes e rebotes ofensivos.

O condutor de bola, papel que antigamente era delegado apenas para armadores, hoje pode ser de qualquer posição. O ala-armador Manu Ginobili joga deste modo no San Antonio Spurs. O ala Giannis Antetokounmpo exerce a função no Milwaukee Bucks. O mesmo pode ser dito de Draymond Green, ala-pivô do Golden State Warriors, e até Nikola Jokic, pivô do Denver Nuggets.

Olhando sob este prisma, o Jazz perdeu Rubio, seu condutor de bola primário. Com isso, em vez de simplesmente escalar o armador reserva em seu lugar, o técnico Quin Snyder procurou em seu elenco quem melhor poderia exercer a função, achando a resposta em Mitchell. Assim, O’Neale assumiu a titularidade para jogar no perímetro, auxiliando o ala-armador com defesa e arremessos de três pontos.

Este modelo que abole as posições tradicionais também explica a maior utilização de Exum em relação a Raulzinho. Apesar de o brasileiro ser melhor arremessador – acertou 40,4% de suas bolas de três pontos na temporada, contra 27,8% do australiano –, seu colega de posição se destaca na marcação.

Exum tem feito grande trabalho limitando James Harden, astro dos Rockets e candidato ao prêmio de melhor jogador da temporada, na série. No jogo 2, Harden atacou sendo marcado pelo australiano em 22 posses de bola e conseguiu apenas dois pontos no total. Como base de comparação, o ala-armador da equipe de Houston teve média de 30,4 pontos por exibição na temporada.

Por isso, Exum é útil ao lado de Mitchell, enquanto Raulzinho tem sido usado como reserva do ala-armador. Nos três primeiros jogos da série, o americano jogou 28 minutos ao lado do australiano e apenas sete ao lado do brasileiro.

Com o iminente retorno de Rubio, Raulzinho deve perder os poucos minutos que tem e deixar a rotação. Aos 25 anos de idade, o brasileiro se torna agente livre restrito ao fim da temporada. Em outras palavras, pode negociar livremente com qualquer franquia, mas o Jazz tem o direito de igualar as propostas se quiser mantê-lo.