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Por saúde, Popó diz que não volta ao boxe: 'Tem que ter prazo de validade'

Baiano subiu ao ringue pela última vez em 2017; aos 42 anos, lembra as pancadas sofridas ao longo da carreira - Divulgação
Baiano subiu ao ringue pela última vez em 2017; aos 42 anos, lembra as pancadas sofridas ao longo da carreira Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

23/05/2018 18h24

Aos 42 anos, Acelino ‘Popó’ Freitas já não volta mais aos ringues. Com um cartel de 41 vitórias (34 nocautes) e duas derrotas em 43 lutas, o ex-pugilista não disputa um combate desde novembro de 2017, mas admite que a saúde o obriga a parar

“Já tenho 27 anos lutando e chega uma hora em que o corpo, a mente, já não pedem mais. O meu esporte não é um esporte suave, que joga bola para lá e para cá, que os caras bebem para caramba, bagunçam, vão para a noite e jogam. Meu esporte é sério: é soco no fígado, no baço, na cabeça. Então você tem que ter um prazo de validade, sim”, disse Popó, em entrevista que será veiculada nesta quinta-feira pelo programa Sensacional, da RedeTV!.

“Atleta de esporte de luta tem um começo, um meio e um fim. Ou você deixa que o esporte termine com você, ou você termina com o esporte. Então foi melhor eu terminar com o esporte e parar bem, tendo saúde”, acrescentou.

A saúde é uma questão importante na família de Popó. Nijalma Freitas, o pai de Popó, morreu em novembro de 2002 aos 66 anos. Diante dos problemas de saúde que “seu Babinha” enfrentou, o ex-pugilista prefere se cuidar.

“Meu pai foi alcoólatra, morreu de efisema pulmonar e câncer de garganta por causa do cigarro”, lembrou Popó. “A gente teve essa referência que não foi muito legal dentro de casa, então acho que eu quero ser homem igual ao meu pai, mas não fazer as coisas que ele fazia. A gente sabia que ele não era a pessoa que a gente via no nosso dia a dia, a gente sabia separar a bebida do homem”, acrescentou.

Mãe ganhou casa sem ver lutas

Popó conquistou seu primeiro título mundial em 1999, ao derrotar o russo Anatoly Alexandrov. O nocaute no primeiro round valeu a ele não apenas o cinturão dos superpenas na Organização Mundial de Boxe (WBO). Mas também rendeu uma casa à sua mãe, Zuleica Freitas.

“Não era para ostentar o (título de) campeão. Era para pagar uma casa fiada que eu tinha comprado para minha mãe também”, relembra o pugilista. “Isso nunca preencheu meu ego, porque não era uma coisa que eu queria ser famoso, que eu queria ser só o campeão. Eu queria ser um exemplo de campeão. Quando você quer ser e coloca isso na soberba, você só se arrebenta; então, para mim, eu só sei que sou campeão porque as pessoas falam, comentam, pedem autógrafo, foto, aquela coisa toda, mas sei que isso é passageiro.”

Beneficiada pelo título de Popó, Zuleica jamais viu in loco o filho subir ao ringue, embora seja uma das principais incentivadoras de sua carreira. “Até hoje minha mãe nunca assistiu uma luta minha. Ela pode até ir para o ginásio, mas fica no vestiário, no banheiro, mas nunca assistiu pessoalmente”, conta.