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Campeão do ciclismo tentou suicídio 11 vezes e hoje é ajudado pelo futebol

Gutiérrez precisou ser vigiado pelos pais depois de se aposentar - Scott Barbour/Getty Images
Gutiérrez precisou ser vigiado pelos pais depois de se aposentar Imagem: Scott Barbour/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

04/02/2017 04h00

Iván Gutiérrez foi ciclista profissional por 15 anos, mas passou mais tempo no hospital depois da carreira como esportista. E por um dos piores motivos possíveis: tentativas de suicídio. Foram 11 no total. A infelicidade no fim da carreira sobre a bicicleta se intensificou e ele precisou de ajuda profissional. Hoje, além de remédios, é o futebol que o anima.

"Tive 11 internações por esse motivo [tentativa de suicídio]. Eu tomava todos os remédios que encontrava em casa, primeiro para chamar a atenção e, nas últimas vezes, já com conhecimento de causa, pois não via nenhuma saída", revelou Gutiérrez ao programa "El Partidazo", da Cadena COPE.

Até hoje, ele não sabe identificar uma causa principal para sua situação delicada, mas a pressão do ciclismo profissional contribuiu bastante. O espanhol defendeu cinco equipes, sendo a última delas a poderosa Movistar.

"Não sabia exatamente o motivo, mas algo acontecia na minha cabeça, eu não era feliz. Eu tinha muita responsabilidade na minha equipe e o ciclismo era muito estressante. Chegou um momento em que eu sentia que algo não funcionava em mim", contou.

A primeira internação aconteceu em 2013, quando ainda pedalava profissionalmente. Ele só se aposentou no fim de 2014. Nesse intervalo, chegou a abandonar provas importantes por questões psicológicas. Foi assim no Tour de France, segundo ele.

"No Tour, tive um colapso por pânico mental. Eu só tinha vontade de desaparecer da prova e do mapa. Cheguei a inventar que só havia tido um dia ruim e não sabia o que acontecera", relembrou o espanhol.

Gutiérrez começou a medicação para lidar com o problema no fim da carreira como atleta. Ao se aposentar, as doses seguiram as mesmas, mas ele já não era forte fisicamente como antes. Resultado: precisou ser vigiado de perto pelos pais. "Tudo para eu não fazer mal uso dos remédios".

Mas se o esporte contribuiu com pressão, também ajudou com a recuperação. Hoje, Gutiérrez se tornou amigo do técnico do Racing Santander, Ángel Viadero, e o acompanha na comissão do time de futebol. "Ele me recebeu na sua casa e me levava aos treinos, depois ao vestiário. Isso está me ajudando. É um sonho e meu melhor remédio", completou.