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Sem velódromo de R$ 160 mi, Brasil não vai a Mundial por falta de recursos

Demétrio Vecchioli

Colaboração para o UOL

14/04/2017 04h00

Depois de investir mais de R$ 160 milhões na construção de um velódromo, o Brasil não conseguiu classificar nenhum atleta para o Mundial de Ciclismo de Pista, que está acontecendo em Hong Kong. E, por mais contraditório que isso possa parecer, dois motivos que explicam diretamente essa ausência são: a falta de dinheiro e a impossibilidade de utilizar a estrutura construída para os Jogos Olímpicos do Rio.

Depois de ser 15.º colocado no último Campeonato Mundial e conquistar a vaga para a Olimpíada do Rio, Gideoni Monteiro entrou para a elite do Omnium, uma das provas do ciclismo de pista. Mas as deficiências estruturais e financeira da modalidade no País o impediram de chegar ao Mundial deste ano. 

O cearense é o 42.º do ranking mundial e teria ficado com uma das 24 vagas se tivesse confirmado o favoritismo e vencido o Campeonato Brasileiro, que valia 100 pontos no ranking mundial. A competição, porém, não teve a prova de Omnium, uma vez que choveu no dia programado para a disputa e o precário Velódromo de Maringá, onde aconteceu o Brasileiro, é a céu aberto.

Naquela mesma época, na segunda semana de outubro de 2016, Gideoni e outros 11 ciclistas brasileiros deveriam estar disputando o Campeonato Pan-Americano em Aguascalientes, no México. Em setembro, a Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) chegou a anunciar não só a convocação deles, mas também o início de um período de treinamentos em Maringá visando o Pan. De última hora, porém, a CBC cancelou a ida dos atletas para o torneio no México e marcou o Campeonato Brasileiro para a mesma data. À época, alegou aos ciclistas problemas financeiros.

Bronze nos Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015, Gideoni teria ganhado 480 pontos no ranking mundial se repetisse o resultado no México. A conta é fácil: com os 580 pontos que deixou de somar por não competir no Pan e no Brasileiro, estaria com 1.180, no oitavo lugar do ranking mundial. Uma posição justa para quem foi 13.º colocado nos Jogos do Rio e ficou em nono na única etapa da Copa do Mundo para a qual foi enviado na temporada, em Cali, na Colômbia.

Ele tem treinado em Maringá porque o Velódromo do Rio, uma das obras mais polêmicas dos Jogos de 2016, está fechado desde o encerramento da Paralimpíada, ainda que com o ar condicionado ligado para preservar o piso de pinho. Só o custo estimado de energia elétrica é de R$ 3,5 milhões por ano. O local, agora administrado pelo Ministério do Esporte, deve ser reaberto em maio.