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Por que Tite não gosta de Dudu?

Dudu em ação pelo Palmeiras durante jogo contra o Grêmio - Daniel Vorley/AGIF
Dudu em ação pelo Palmeiras durante jogo contra o Grêmio Imagem: Daniel Vorley/AGIF
Renato Maurício Prado

15/10/2018 04h00

Entre as muitas incoerências de Tite, desde que levou um nó tático na Copa e se perdeu em um paternalismo exacerbado e indesculpável, uma me impressiona especialmente. Me refiro à sua incapacidade de enxergar determinados jogadores que merecem estar na seleção muito mais do que outros que ele tem insistido em chamar.

Um desses é Dudu, do Palmeiras. Vejam bem: não estou advogando a sua convocação agora, nesta reta final do campeonato. Nem pensar. Acho que nenhum dos jogadores em atividade no Brasil deve ser retirado de seus clubes neste momento, para fazer amistosos ridículos, como os que têm sido feitos. Para esses, até o fim do ano, que sejam chamados os que estão no exterior, que jogam em clubes que param seus campeonatos nas datas Fifa – como deveria ser aqui, mas a CBF e a Rede Globo não deixam.

Mas não deixa de ser curioso que até mesmo quando resolveu chamar Lucas Paquetá, Dedé e Fagner, na primeira lista, e Everton Cebolinha, na segunda, em momento algum o treinador tenha se lembrado de Dudu. Muito pelo contrário, quando se referiu a um possível nome palmeirense para a seleção, falou em Bruno Henrique, lembram?

Dudu é, faz tempo, um dos melhores, senão o melhor, jogador desse Palmeiras que embalou com Luiz Felipe Scolari e está próximo de fazer história, conquistando pela primeira vez, num mesmo ano, o Brasileiro e a Libertadores.

É um jogador talentoso, rápido e que se movimenta pelo campo inteiro, uma síntese do futebol moderno. Para mim, joga muito mais que Willian, por exemplo. É verdade que tem um temperamento explosivo que, por vezes, o atrapalha. Mas desde que Felipão assumiu, tem se comportado exemplarmente. Por que não lhe dar uma chance na seleção?

Seleção que, registre-se, foi patética na sonolenta vitória sobre a Arábia Saudita – típico jogo que equivalia a brigar com bêbado. Se ganha, é covardia, se perde, é humilhação. O Brasil de Tite conseguiu um pouco de cada. Confesso, tive enorme dificuldade para não dormir durante a pelada.

Voltando ao futebol daqui e a Dudu, me arrisco a dizer que, não fosse o fato de ainda estar disputando a Libertadores, o Palmeiras dificilmente perderia o Brasileiro. Está sobrando na turma, até quando joga com uma equipe cheia de reservas. O jogo contra o Flamengo, no Rio, pode ser a última esperança dos outros para derrubar o Verdão.

Detalhe: ele será disputado exatamente entre as semifinais contra o Boca Juniors, pela Libertadores. Se nem assim, conseguirem derrotar a turma de Scolari, melhor mandar entregar logo o troféu.

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