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Podem entregar a taça

Ale Cabral/AGIF
Imagem: Ale Cabral/AGIF
Renato Mauricio Prado

12/11/2018 04h00

Acabou o campeonato. O empate do Internacional com o Ceará e a derrota do Flamengo para o Botafogo mantiveram o Palmeiras com uma vantagem suficiente para que se diga que ninguém tira mais o título do Brasileiro deste ano de Luiz Felipe Scolari e seus comandados.

O jogo contra o Atlético Mineiro, no Independência, era o último realmente difícil para o líder do campeonato. Com o empate, a vantagem de cinco pontos para o Inter foi mantida e a distância para o Flamengo aumentou para sete pontos. Faltando apenas cinco rodadas, alguém acredita que tal diferença ainda pode ser descontada? Eu, não.

Os próximos adversários do Palmeiras são, respectivamente, o Fluminense (em casa), o lanterna e já rebaixado Paraná (fora), o América Mineiro (c), o Vasco (f), e o Vitória (c). Se você acredita que o Verdão vai somar cinco pontos a menos que o Inter ou sete que o Flamengo, parabéns. Você deve acreditar também em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Mula sem Cabeça e Boitatá. Eu não acredito. Por isso já considero o Palmeiras campeão.

Apesar das eliminações na Copa do Brasil e na Libertadores, Scolari consegue uma redenção parcial com esse título – embora muita gente jamais vá perdoá-lo pelo 7 a 1. Mas é inegável o seu mérito, ao reorganizar e, principalmente, motivar um grupo que, sob o comando de Roger Machado, parecia estar sempre devendo, sempre a meia-bomba.

Num futebol nivelado tecnicamente por baixo e com treinadores arraigados a velhos conceitos e táticas (basta ver que os cruzamentos altos sobre a área são a principal arma ofensiva da maioria dos times), Felipão ainda é capaz de fazer a diferença.

Principalmente quando tem à disposição um elenco farto de bons jogadores, capaz de lhe permitir montar dois times e disputar até três torneios em nível competitivo – algo que nem o Grêmio, nem o Santos, nem o Flamengo foram capazes. O Cruzeiro, que esqueceu o Brasileiro e priorizou a Copa do Brasil e a Libertadores, pelo menos, ganhou a primeira.

Ao final do empate com o Atlético Mineiro, de bom humor, Scolari disse que se sente em dívida com o Palmeiras. Refere-se, naturalmente, à última passagem pelo clube, em 2012, quando, mesmo tendo conquistado uma Copa do Brasil, foi incapaz de evitar o rebaixamento no Brasileiro – saiu antes do fim, mas já deixou o time na zona da degola.

Ao falar na dívida, Felipão deixa subentendido a certeza do pagamento dela, com o título deste ano. Está errado? Não. Podem entregar a taça.

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