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Zaidan: A convocação de Tite e o que dizem suas escolhas

Jotta de Mattos/AGIF
Imagem: Jotta de Mattos/AGIF

17/05/2019 16h40

Tite, está claro, concorda com os que dizem que a extraordinária partida de Lucas Moura contra o Ajax não justifica sua convocação. O argumento de que uma única grande atuação não basta para chegar à seleção brasileira seria válido se os chamados por Tite fossem, todos eles, inegavelmente melhores que Lucas. Não é o caso.

Com exceção de Neymar, todos os outros atacantes que o treinador relacionou para a Copa América são do mesmo nível de Lucas, cada um deles com uma ou outra qualidade a mais ou a menos. De fato, não haveria motivo para se considerar a fase de Lucas Moura, se ele estivesse concorrendo com craques incontestáveis, se a lista de Tite tivesse Pelé e Garrincha, ou Jair e Tostão, ou Reinaldo e Careca, ou Ronaldo e Romário.

Então, insisto: dos atuais atacantes da seleção brasileira, só Neymar é claramente melhor que Lucas. Além disso, um acompanhamento ocasional do que aconteceu com o Tottenham nesta temporada já mostraria aos interessados que Lucas resolveu outros jogos e marcou outros gols importantes, embora nada que se compare à partida contra o Ajax.

Também Fabinho ficou fora da lista para a Copa América. Tite é bem informado, observa o que acontece de relevante no futebol mundial, e, obviamente, sabe que Fabinho só excepcionalmente ainda joga na lateral; logo, não é para tal função que sua convocação deveria ser considerada.

Fabinho, desde os tempos de Monaco, é meio-campista, e dos bons, como demonstra sua importância no esquema de Klopp e na campanha do Liverpool, que decidirá com o Tottenham o título da Liga dos Campeões da Europa.

Fabinho - Simon Stacpoole/Offside/Getty Images - Simon Stacpoole/Offside/Getty Images
Ausência de Fabinho foi uma das mais sentidas na lista de Tite
Imagem: Simon Stacpoole/Offside/Getty Images

Tite chamou Thiago Silva, Miranda, Daniel Alves, Filipe Luís e Fernandinho, jogadores que dificilmente estarão na Copa de 2022. É natural que um treinador de seleção, qualquer seleção, leve mais em conta os desafios imediatos, mas também está claro que Tite encara a Copa América como a possibilidade de ter algum sossego para fazer seu trabalho.

Se o Brasil ganhar a competição continental, ficará esvaziada qualquer pressão para mudança no comando do time antes do Mundial no Catar. Sempre que o Brasil foi sede da Copa América, ficou com a taça, e Tite sabe que também a história contribui com o aumento da cobrança.

Cássio e David Neres são ótimas escolhas; ambos, de fato, merecem a convocação. Neres, aliás, se continuar no nível em que esteve nesta temporada, será jogador da seleção por muito tempo. O mesmo vale para Paquetá e Arthur, embora esteja claro que precisem desenvolver suas qualidades.

O Brasil é o principal favorito desta Copa América, já que a disputará em seu território; e seus principais rivais, Argentina e Uruguai, também têm muitos problemas. Não é um título que leve o povo às ruas para comemorações, mas, dadas as circunstâncias, permitiria a Tite um pouco de tranquilidade. Até por isso, a conversa que o treinador disse que terá com Neymar perdeu relevância, já que, por óbvio, acontecerá depois de a convocação ser fato consumado.

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