Zaidan: Para Klopp e Pochettino, é muito mais que uma taça
Em maio de 2014, Maurício Pochettino chegou ao Tottenham com a certeza de que teria salários e exigências bem maiores do que tivera nos dois times que já havia dirigido: o Espanyol e o Southampton. Sabia também que o orçamento à sua disposição para montar seu elenco seria sempre menor que os dos outros principais candidatos ao título inglês e às vagas do país na Liga dos Campeões da Europa.
O Tottenham é um clube de muita tradição e um número razoável de títulos: oito da Copa da Inglaterra, quatro da Copa da Liga Inglesa, dois da Copa da Uefa (atual Liga Europa) e um da Recopa Europeia; no Campeonato Inglês, porém, só ficou com a taça duas vezes. Pochettino sempre soube, nestes cinco anos, que, a cada temporada, sua missão estaria cumprida se conseguisse classificação para a Liga dos Campeões. Ganhar o campeonato nacional era possibilidade remota; ser campeão europeu, um sonho próximo do irrealizável.
Jurgen Klopp é um treinador brilhante. Semanas atrás, aqui mesmo no Campo Livre do UOL, lembramos que Guardiola se referia ao Dortmund de Klopp como "o time de melhor contra-ataque do mundo!". E acrescentamos que esse mesmo elogio cabe, hoje, ao Liverpool. No time inglês, Klopp combina a troca de passes na defesa e no meio-campo com uma velocidade avassaladora no ataque, o que, obviamente, funciona bem porque ele conta com os jogadores certos para a realização de suas ideias.
As soluções elaboradas por Klopp influenciaram claramente o trabalho vencedor de Didier Deschamps na Copa do Mundo de 2018. Qualquer pessoa que se interessa pelo assunto sabe que Klopp é um dos melhores treinadores do mundo; o reconhecimento, no entanto, não o livra da questão: Quando virá o grande título? No comando do Borussia Dortmund, Klopp ganhou duas vezes seguidas o Campeonato Alemão.
É certo, contudo, que seu próprio talento produz nos outros, e provavelmente nele próprio, a expectativa de conquistas raras, memoráveis, históricas. Mas o talento de um indivíduo nem sempre é suficiente para garantir títulos em competições de esportes coletivos. O certo é que Klopp está em sua terceira final de Liga dos Campeões. Com o Dortmund, perdeu para o Bayern; com o Liverpool, no ano passado, para o Real Madrid.
Neste sábado (01), uma diferença: seu time é o favorito. Mas Pochettino já não se impressiona com favoritismo alheio. O Tottenham passou dramaticamente por City e Ajax, mesmo depois de a classificação parecer perdida. Na final, deverá contar com Harry Kane, o que não é pouca coisa. Kane é o quarto maior artilheiro da história do Tottenham, com 164 gols, e, mais importante, lidera a artilharia do clube em competições europeias, com 24 gols. Kane se contundiu na primeira partida contra o City pelas quartas da Liga. Mas Pochettino sabe que pode resolver problemas mesmo sem seu centroavante; afinal, tem Son, que faz temporada extraordinária, e Lucas, que, contra o Ajax, virou o jogo e a história.
Também o Liverpool estará reforçado. Firmino recuperou-se e parece pronto para encarar 90 minutos e, se preciso, mais meia hora. Com o brasileiro em campo, as coisas ficam mais fáceis para Mané e Salah. É um trio que desafia seus marcadores até ao limite. Mané, aliás, foi um dos melhores atacantes do mundo nesta temporada. A campanha do Tottenham, vale notar, teve colaboração decisiva também do goleiro Lloris, que tem feito muito na meta dos londrinos e dos franceses.
No Liverpool, é indispensável destacar Arnold, Robertson e Van Dijk, que, na minha opinião, são obrigatórios na seleção europeia da temporada. Alisson e Fabinho também estão jogando muito (se continuar jogando assim, Fabinho tornará inevitável sua convocação por Tite, o que já deveria ter acontecido). O Tottenham pode ganhar o mais importante título de sua história; já foi muito além do que permite seu orçamento e do que esperavam seus dirigentes e torcedores. O Liverpool, se for campeão, chegará à sexta conquista da Liga dos Campeões, superando Barcelona e Bayern. O Milan tem sete títulos e só fica atrás do Real Madrid, que tem 13. Será, inevitavelmente, uma decisão sensacional. Dois times ingleses; duas maneiras de jogar; duas ideias sobre futebol. Convenhamos: Klopp e Pochettino merecem o troféu.
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