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Capitão alemão Matthaeus
levanta a taça em Roma
Futebol fraco
e poucos gols

A Copa da Itália é considerada por muitos a mais chata e sem graça de todas. E a fama não é gratuita. Foi um torneio dominado por esquemas defensivos, com uma filosofia de jogo mais preocupada em evitar a derrota do que partir em busca da vitória.

Os números também comprovam o baixo nível técnico e a pouca disposição ofensiva mostrados pelas 24 seleções. O Mundial teve uma média de 2,21 gols por jogo, a menor da história das Copas até então. Além disso, os dois finalistas foram definidos nos pênaltis.

Nem mesmo as seleções tradicionalmente mais ofensivas, como Brasil e Argentina, mostraram bom futebol. A seleção brasileira apresentou-se "europeizada", jogando com líbero e alas em vez de laterais. O resultado foi desastroso. Sem criatividade no meio, o Brasil perdeu poder ofensivo e acabou eliminado nas oitavas-de-final. Foi a pior participação desde 1966.

Defendendo o título, os argentinos estrearam mal. Perderam para Camarões na partida de abertura. Depois, chegaram à final aliando um esquema defensivo ao talento de Maradona e à boa fase do goleiro Goycoechea nas decisões por pênaltis.

Número de Participantes - 24
Jogos - 52
Gols - 115
Média de gols - 2,21
Sedes - Roma, Florença, Milão, Bari, Nápoles, Turim, Genova, Bolonha, Verona, Udine, Cagliari e Palermo
Média de público - 48.369 pessoas
Artilheiro - Schilacci (ITA) - 6 gols
Campeão - Alemanha Ocidental
Vice-campeão - Argentina
Terceiro colocado - Itália
Apostando na vantagem de jogar em casa para chegar ao tetracampeonato mundial, a Itália morreu na praia. Mesmo apresentando um futebol sem brilho, só foi eliminada na semifinal pela Argentina e acabou em terceiro lugar. Tudo graças ao atacante Salvatore Schilacci, o "Totó", que terminou como artilheiro da competição, com seis gols.

A única equipe que destoou das demais em 90 foi Camarões. Sem grandes pretensões, os camaroneses surpreenderam o mundo ao baterem os campeões logo na estréia com um futebol aberto, ofensivo e até inocente.

Comandados pelo veterano Roger Milla, autor de quatro gols no torneio, alcançaram as quartas-de-final. Foram eliminados pela Inglaterra apenas na prorrogação.

Depois de tirar o Brasil nas oitavas-de-final com um sofrido 1 a 0, a Argentina não voltou a vencer. Empatou com a Iugoslávia sem gols, mas venceu por 3 a 2 nos pênaltis. Na semifinal, empatou em 1 a 1 com a Itália, e Goycoechea garantiu a vitória por 4 a 3 na decisão por pênaltis.

A Alemanha também precisou ir até os pênaltis para superar a Inglaterra na semifinal, mas foi a equipe que melhor combinou a forte marcação com uma postura ofensiva.

Com uma defesa sólida, sofreu apenas cinco gols e segurou ataques perigosos como o da Holanda (de Gullit e Van Basten) e o da Argentina (com Maradona e Caniggia). Na frente, o sucesso foi garantido pela ótima fase de Lothar Matthaeus na armação e pela qualidade dos atacantes Jurgen Klinsmann e Rudi Voeller.

Depois de duas derrotas seguidas em finais de Copa, os alemães entraram com tudo. Não deram espaço para Diego Maradona e, merecidamente, venceram com um gol de pênalti de Brehme.





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Milla (à dir.) festeja
gol com companheiros

ROGER MILLA

Antes da Copa, poucas pessoas conheciam o veterano Roger Milla, eleito o melhor jogador africano em 1976.

Aos 38, o camaronês já havia passado 13 temporadas no futebol francês, em clubes como Monaco, Bastia e Saint Etienne. Em 1989, trocou a França pela ilha de Reunião, onde foi campeão local pelo Saint Pierre. Tudo indicava que sua carreira caminhava para o fim, mas o melhor ainda estava por vir.

Quando Milla estava para se aposentar, acabou convocado para a Copa, com o apoio dos demais atletas. Não decepcionou.

Mais que isso, foi a alma do time mais alegre do torneio, destaque da equipe que resgatou o futebol ofensivo em uma Copa marcada pelos esquemas defensivos.

Milla marcou quatro gols e levou Camarões às quartas. Foi a primeira vez que uma seleção africana passou das oitavas de uma Copa.

Na primeira fase, Milla marcou os dois gols na vitória sobre a Romênia, classificando sua equipe para a fase seguinte.

Contra a Colômbia, o veterano jogou como um garoto e, na prorrogação, marcou os dois gols que colocaram Camarões nas quartas-de-final.

Por muito pouco Milla não levou sua seleção às semifinais. Contra os tradicionais ingleses, Camarões fez um grande jogo e só perdeu por 3 a 2 na prorrogação.

O veterano camaronês não levantou a taça, mas conquistou o respeito internacional e um lugar na história do futebol.