Romário dá show, e Brasil vence
Nem o empate em 0 a 0 entre Brasil e Itália na final, obrigando o título a ser decidido nos pênaltis pela primeira vez na história, tirou o brilho da Copa do Mundo de 1994. Grandes artilheiros, surpresas, lances geniais e um drama fizeram do Mundial um dos mais belos e emocionantes de todos os tempos.

Pisco del Gaiso/Folha Imagem
Ainda no gramado, jogadores brasileiros comemoram a vitória ao lado do troféu
Realizada em um país sem tradição no futebol, o Mundial dos EUA tinha tudo para dar errado. O desinteresse do povo norte-americano pelo esporte poderia frustrar os planos da Fifa, que temia fracasso de público e um retorno financeiro inferior às expectativas.

Nada disso se confirmou. Graças principalmente à quantidade e variedade de imigrantes estrangeiros que moram no país, o torneio teve uma média de 68.991 espectadores por partida, a maior de toda a história.

Dentro de campo, as equipes mostraram um futebol mais criativo, em busca da vitória, que passou a valer três pontos.

Número de Participantes - 24
Jogos - 52
Gols - 141
Média de gols - 2,71
Sedes - Detroit, Pasadena, Palo Alto, Chicago, Dallas, Foxboro, East Rutherford, Washington, Orlando Média de público - 68.991 pessoas
Artilheiro - Salenko (RUS) - 6 gols
Campeão - Brasil
Vice-campeão - Itália
Terceiro colocado - Suécia
Os artilheiros da Copa foram o búlgaro Hristo Stoichkov e o russo Oleg Salenko, com seis gols. Salenko marcou cinco gols na partida contra Camarões, tornando-se o recordista de gols marcados no mesmo jogo.

As surpresas ficaram por conta da Bulgária e da Suécia. Comandados pelo atacante Stoichkov, os búlgaros, que jamais haviam vencido um jogo em Copa do Mundo, eliminaram a Alemanha e só caíram diante da Itália, já na semifinal. A Suécia fez uma boa campanha e ficou com o merecido terceiro lugar.

Outras duas equipes que surpreenderam foram os EUA e a Arábia Saudita. Os donos da casa derrotaram a Colômbia, avançaram até as oitavas-de-final e deram muito trabalho ao time brasileiro.

Os sauditas também foram às oitavas-de-final, depois de vencer Marrocos e Bélgica na primeira fase. Lembrando Diego Maradona diante da Inglaterra em 1986, Saeed Owairan marcou o gol mais bonito da Copa. Ele pegou a bola no meio-campo, driblou toda a defesa e marcou o gol da vitória sobre os belgas.

O drama foi argentino. Diego Maradona surpreendeu o mundo ao entrar em campo na estréia contra a Grécia. Em forma, comandou o bom futebol da equipe nos dois primeiros jogos, credenciando a Argentina como a principal favorita ao título.

Mas sua condição física tinha uma explicação: Maradona usou substâncias proibidas durante sua preparação e foi pego no exame antidoping. Foi a triste despedida de um dos maiores craques do futebol em todos os tempos.





Antônio Gaudério/FI
Romário tenta jogada
na final contra a Itália

ROMÁRIO

Mais que o destaque, Romário foi o dono da Copa. Prometeu o título ao povo brasileiro antes de ir e não decepcionou.

Foi a estrela da burocrática seleção de Carlos Alberto Parreira, a força que levou o Brasil ao título após 24 anos.

Endiabrado, Romário fez da fé em Deus seu apoio para brilhar. A cada jogada, sinal da cruz.

Parado no ataque, como que fingindo de morto, foi o jogador mais vivo de todo o torneio.

Fez de tudo um pouco. Foi oportunista, mostrou velocidade, fez jogadas individuais, deu assistências e até marcou gol de cabeça.

Abriu o caminho da vitória brasileira contra Rússia e Camarões. Salvou o Brasil da derrota marcando o gol de empate contra a Suécia.

Com um passe genial, deu o passe para Bebeto fazer o gol que derrotou os EUA no dia 4 de julho.

Voltou a marcar no jogo seguinte, contra a Holanda. Na semifinal, venceu os gigantes suecos da maneira mais improvável: pelo alto.

Na decisão contra a Itália, perdeu chances de selar a vitória brasileira e ser artilheiro da Copa, mas fez o seu gol na decisão por pênaltis.

Romário cumpriu sua promessa, provando que o futebol brasileiro é capaz de conquistar o mundo sem Pelé.