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Parceira de Laís Souza faz intensivo com psicólogo antes de prova em Sochi

Josi Santos posa para foto na Vila Olímpica da montanha um dia antes da estreia em Sochi - Bruno Freitas/UOL
Josi Santos posa para foto na Vila Olímpica da montanha um dia antes da estreia em Sochi Imagem: Bruno Freitas/UOL

Bruno Freitas

Do UOL, em Sochi (Rússia)

13/02/2014 13h00

Um furacão de emoções passou chacoalhando a vida de Josi Santos desde 28 de janeiro. Ao mesmo em tempo que aguardava a confirmação da classificação para sua primeira Olimpíada, a esquiadora brasileira viu de perto o grave acidente da amiga e parceira de equipe Laís Souza, nos Estados Unidos. Duas semanas depois, na véspera de sua participação nos Jogos de Sochi, a atleta encara um intensivo com um psicólogo para competir sem deixar a tragédia recente afetar sua concentração.

Laís Souza participou do mesmo projeto da Confederação Brasileira de Desportos na Neve para a inserção do país do esqui aerials. Assim como Josi Santos, encarou uma transição relâmpago da ginástica para a neve, em trabalho que começou em junho passado. Hoje, com a terceira vértebra da coluna cervical fraturada, ela saberá à distância como a amiga de saiu na Olimpíada na Rússia.

"A gente sempre tem contato, a gente sempre quer saber. Mas meu foco principal é inteiramente aqui. Mas não consigo esquecer. Meu coração está com ela também", disse Josi Santos na véspera de sua competição, em Sochi.

Horas antes da estreia olímpica de Josi, todo o trabalho técnico está concluído. O esforço do estafe que cerca a atleta de 28 reside na preparação psicológica. Na Rússia, a esquiadora tem passado por sessões constantes com o psicólogo chileno Gastón Ruiz, contratado pela confederação [ele também trabalha com a snowboarder Isabel Clark].

Josi é uma jovem com sorriso quase constante, simpática, e nesta quinta naturalmente parecia tomada de adrenalina de competição. A estreante diz que não tem TV em seu quarto na Vila Olímpica da montanha, que se distrai apenas com a internet. Nas conversas com a família no Brasil, relata que ouve o pai chorar emocionado diariamente. Com todo esse cenário de expectativa, o auxílio do psicólogo surge como uma intervenção decisiva para segurar as emoções.

"A fase da conversa mesmo, de toda minha vida, não só da ginastica, do aerials, do acidente mesmo, que foi um marco para a gente ter tido essa opção de contar com o psicólogo. Mas falo sobre minha vida toda, para o psicólogo me conhecer. Ele está me acompanhando também na hora de esquiar", relata.

Fora das pistas, Josi ainda é acompanhada de perto pelo técnico canadense Ryan Snow, contratado para liderar o projeto brasileiro no esqui aerials. O profissional também tem se esforçado para extrair psicologicamente o melhor da pupila nas horas que antecedem sua participação.

"No aerials, seu psicológico e sua atitude representam muito do que você precisa usar. Porque é muito rápido, uma ação e o pouso. Não existe margem para nada. Ele treinou muito, mas se na hora a mente está em outro lugar ela não consegue desempenhar o treinou", afirma Snow.

"O que aconteceu [acidente de Laís Souza] mexeu para sempre com nós dois, mas ela está aqui nos Jogos e pronta para competir. Obviamente isso não vai estar separado dela, mas ela está aqui por um objetivo e sabe qual é", conclui o canadense.

O trabalho brasileiro no esqui aerials tem como objetivo principal o ciclo olímpico de 2018. No entanto as brasileiras envolvidas conseguiram queimar etapas rapidamente. Para conseguir a vaga em Sochi, Josi e Laís participaram de três edições da Copa do Mundo da modalidade, além do Campeonato Nacional dos EUA, onde vinham treinando. As brasileiras dependiam da desistência de duas reservas de Belarus para selar a classificação, em fato que acabou se consumando.

No esqui aerials, o atleta desce de uma rampa lisa e é jogado para o alto. No ar, deve executar movimentos acrobáticos que são avaliados pelos juízes, antes de aterrissar.