Mais finalizador, Brasil enfrenta um Chile que passa e corre mais

Do UOL, em São Paulo

Uma análise das estatísticas do que apresentaram Brasil e Chile ao final da primeira fase da Copa do Mundo não revela diferenças tão gritantes entre as equipes. Os números de faltas são bem parecidos, a proporção de gols marcados para as chances efetivas criadas é semelhante e cada time tem um período do jogo que se sente mais à vontade para dar o bote no adversário. Entretanto, a fome do Brasil para chutar a gol e a forma como o Chile dá importância ao passe e aos deslocamentos pelo campo são os principais pontos que opõem as seleções que se enfrentam no próximo sábado, às 13h (horário de Brasília), no Mineirão.

Time considerado por Felipão como o mais temido do Grupo B desde a definição do sorteio dos grupos da Copa, realizado em dezembro do ano passado, o Chile mostrou nas suas três primeiras partidas no torneio que, independentemente do adversário, seu estilo de jogo não vai, nunca, deixar de valorizar o passe. Contra Austrália, Espanha e Holanda, o número de passes trocado pelos chilenos foi incrivelmente parecido.

Na estreia, contra os australianos, a seleção dirigida por Jorge Sampaoli deu 435 passes (contra 739 do adversário). Diante dos espanhóis, imbatíveis nos últimos anos na forma de valorizar o fundamento (foram 705 passes), os chilenos deram 464 passes. Já na última rodada do Grupo B, contra a Holanda, foram 479 passes (contra pouquíssimos 197 do time de Louis Van Gaal).

Na média, são 459,3 passes por jogo, o que não necessariamente significa garantia de posse de bola maior do que a exercida pelo adversário. Neste quesito, o Chile teve mais a bola no pé contra a Austrália (62%) e a Holanda (64%). Diante dos espanhóis, ficou com o domínio da iniciativa de jogo em 44% do tempo.



E o que dá suporte à matemática do passe chileno é a correria intensa. A equipe de Sampaoli acumulou em três jogos 335,4 quilômetros percorridos em campo, estatística que poderia não dizer nada se não fosse tão visível o papel exercido pelos homens de meio-de-campo chileno, onde, principalmente Aranguíz e Díaz, que correu 12,5 km na partida contra a Espanha.

A regularidade tão marcante nos passes não é espelhada pela seleção brasileira, que, na prática, teve a irregularidade como sua grande marca na Copa até aqui. E as estatísticas revelam que a equipe de Felipão ainda está longe de ter um controle absoluto do que vai fazer durante os 90 minutos de cada partida. Situação que se reflete na substituição de Paulinho por Fernadinho após 235 minutos de Copa do Mundo e que surge como uma mudança que o técnico pode efetivar na próxima partida.

Se contra a Croácia o Brasil deu 565 passes, na partida contra o México, a mais difícil enfrentada pela seleção até agora, o fundamento perdeu muita força: foram 476 passes. Nesta segunda, na goleada para cima de Camarões, foram 486. Uma média de 509 passes.

Apesar da falta de uma forma clara e definida na forma de organizar o jogo e com um deslocamento pelo campo menos intensa do que a executada pelo Chile até aqui (o Brasil acumulou 301 km nos três jogos), é a sede de gol que diferencia de fato um time do outro.

Ataque com fome

Enquanto o Chile deu 14 chutes ao gol, o Brasil bombardeou Croácia, México e Camarões por 35 vezes. Os chilenos marcaram cinco vezes no Mundial, contra sete dos brasileiros. No fim das contas, porém, o aproveitamento do adversário do time de Neymar no próximo sábado é melhor: o Chile precisou arrematar cinco vezes para fazer um gol; já os anfitriões do Mundial tentam 6,7 vezes chutes para colocar uma bola na rede.

"Eles têm catimba, qualidade, organização...tudo isso o Chile tem", afirmou Felipão na entrevista coletiva após os 4 a 1 contra os camaroneses. Dois terços da declaração do técnico são comprovadas pelas estatísticas. O primeiro quesito, porém, não se confirma diante a frieza dos números.

Brasil e Chile têm dados praticamente iguais quando a disciplina é avaliada. Em três jogos, os chilenos fizeram apenas uma falta a mais que o Brasil (38 a 37). Em cartões, a diferença é de quatro para o Chile e três para o Brasil.

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