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R. Augusto lembra Era Dunga e pede: "Têm de parar de me associar ao Tite"

Renato Augusto em ação pela seleção: meia ainda tem forte ligação com o Corinthians - REUTERS/Ueslei Marcelino
Renato Augusto em ação pela seleção: meia ainda tem forte ligação com o Corinthians Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

12/12/2017 04h00

Titular da seleção brasileira desde a chegada de Tite, Renato Augusto é frequentemente associado ao treinador, com quem ainda foi campeão brasileiro de 2015 no Corinthians. O meia lembra, no entanto, que não foi levado à seleção por ele. Em uma entrevista realizada em um evento de lançamento do jogo PES 2018 em São Paulo, o jogador do Beijing Guoan fez questão de dizer que antes mesmo da atual comissão assumir ele estava firme na equipe. 

"Eu comemorei quando o Dunga me convocou pela segunda vez. Porque ele tinha me convocado, fui titular, fui bem e depois fui para a China. Quando ele me convocou ali, realmente fiquei feliz. Ele me colocou para jogar. Ali eu consegui tirar um peso das costas. Muita gente fala do Tite, mas eu já estava na seleção. As pessoas misturam algumas coisas. Fui na Copa América com o Dunga, iria para a Olimpíada com ele. Dunga já tinha me chamado. Meu trabalho só continuou. As pessoas têm de parar de me associar ao Tite. Eu já estava na seleção e feito um trabalho", disse ele.  

Na época em que deixou o país, no começo de 2016, Renato Augusto tinha acabado de ser campeão brasileiro pelo Corinthians. Dois anos depois, ele comenta sobre alguns personagens importantes para o torcedor alvinegro. Para o meia, Carille é uma espécie de sucessor de Tite, Ralf é o jogador mais profissional com quem ele trabalhou e Jadson ter caído de produção no segundo turno deste ano foi algo "normal".

Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista:

Queda corintiana no segundo turno

É muito normal num campeonato longo como é o Brasileiro, e disputado como é, o time oscilar. Em algum momento ia oscilar, mas no Corinthians tudo toma uma proporção muito grande. Quando o Corinthians começou a cair um pouco, o que é normal, parecia que o time tinha desandado.

A importância de Cássio

O Cássio teve um papel muito importante dentro do grupo quanto a isso. Até mesmo no título de 2015. A gente começou muito mal, as pessoas não lembram. A gente perdeu alguns jogadores e também falavam que o time ia brigar para não cair e acabou sendo campeão.

Corinthians - Eduardo Anizelli / Folhapress - Eduardo Anizelli / Folhapress
Renato e Jadson se abraçam em 2015
Imagem: Eduardo Anizelli / Folhapress

Carille, Tite e Mano

O trabalho do Fábio é uma continuação do que ele viu no Corinthians, um pouco de Mano, um pouco de Tite, Acho que ele se espelha muito no Tite. Na bola parada, parte tática. A visão que ele tem do jogo e aproxima bastante. Por ele continuar com esse trabalho, ele acabou sendo premiado com dois títulos.

Temporada de Jadson

Em algum momento o jogador vai oscilar. O Jadson estava voltando ao Brasil, é totalmente normal, ele poderia ter oscilado antes. Eu até achei que ele começaria mal e depois subiria. Ele chegou já jogando muito bem. Em algum momento o corpo não aguenta. No Brasil se viaja bastante, concentra bastante. Uma hora cai. Mas ele é um jogador extremamente importante, uma qualidade que nem consigo falar, talvez um dos melhores meias que joguei. Eu acho que no que vem ele estará melhor que esse ano.

Na seleção de Dunga antes de Tite

Eu comemorei quando o Dunga me convocou pela segunda vez. Porque ele tinha me convocado, fui titular, fui bem e depois fui para a China. Quando ele me convocou ali realmente fique feliz. Ele me colocou para jogar. Ali eu consegui tirar um peso das costas. Muita gente fala do Tite, mas eu já estava na seleção. As pessoas misturam algumas coisas. Fui na Copa América com o Dunga, iria para a Olimpíada com ele. Dunga já tinha me chamado. Meu trabalho só continuou. As pessoas têm de parar de me associar ao Tite. Eu já estava na seleção e feito um trabalho.

Cuidado físico na China

Existe um plano com o Bruno Mazziotti e o Fábio Mahseredjian [fisioterapeuta e preparador físico da seleção, respectivamente] para diminuir um pouco as férias e poder começar um trabalho físico e não começar a pré-temporada no zero. Justamente para chegar no meio do ano no mais alto nível.

Má fase na seleção?

Nos últimos jogos, não. Alguns jogos eu joguei abaixo, em outros eu acho que voltei a jogar em alto nível. Às vezes se pensa demais na parte tática, em cobrir e tentar ajudar demais. As pessoas às vezes não conseguem enxergar isso também. Procuro fazer o meu e poder ajudar, independentemente se tem gente que está satisfeita ou não. Quero ganhar e ser campeão.

Se sente na Copa? 

Me sinto com o dever cumprido de ter participado efetivamente de uma Eliminatória difícil. Em ter passado por coisas difíceis nas Eliminatórias. Poder passar por cima e classificar, independentemente se vou estar lá ou não. Mesmo se não estiver, vou me sentir lá, porque participei dessa parte preliminar.

Despedida de Ralf

O Ralf talvez tenha sido o cara mais profissional com quem eu trabalhei. Maior exemplo que tive no futebol. Um cara muito importante para os chineses, foi um exemplo para mim. A torcida não queria a saída dele, os jogadores também não, mas a regra mudou lá, menos um estrangeiro no time e isso acabou prejudicando ele. Não tenho dúvida que foi o maior cara que eu trabalhei. Tem um vídeo. A gente foi para uma coletiva depois do último jogo e os chineses começaram a falar dele, como era profissional. A gente já estava naquele clima de despedida. Ele começou a chorar e perguntaram se eu queria falar alguma coisa. Quando eu pensei, já comecei a chorar mais. É um cara que guardo no meu coração.