Topo

Bala na Cesta

Perto da estreia com o Corinthians, Ricardo Fischer revela: "Aqui reencontrei minha alegria de jogar"

Fábio Balassiano

09/10/2018 05h46

Créditos: Fotojump/LNB

De volta ao NBB depois de uma temporada (cortada) na Espanha (foi cortado abruptamente do Bilbao), Ricardo Fischer, talentoso armador de 27 anos, é um dos principais destaques do Corinthians, que faz seu primeiro jogo na história da competição no dia 16 de outubro, 20h, contra Franca no Ginásio Wlamir Marques.

Na entrevista ao blog, Fischer falou sobre seu retorno ao país, das expectativas do Timão para a temporada, do campeonato pré-Mundial com a seleção e também do atual momento políico do país. O papo ficou bem legal.

BALA NA CESTA: Tem um significado especial essa temporada pra você depois do que você viveu nos três últimos anos? All-Star em Bauru, lesão no joelho, temporada mediana no Flamengo, ida pra Europa, dispensa na Europa e agora Corinthians. Como você especificamente chega para este NBB?
RICARDO FISCHER: Tem um significado mais que especial, Bala! Para essa temporada eu vim para reencontrar minha felicidade em quadra, algo que nos últimos meses eu confesso que estava faltando um pouco. Estava bem em Bauru em 2015, tive minha lesão no joelho, no Flamengo na temporada seguinte ainda estava buscando meu melhor ritmo e na Espanha, na temporada passada, eu realmente não consegui entender até agora o que aconteceu. Estava jogando bem, sendo utilizado pela equipe, crescendo em números, entendimento de jogo e confiança, mas do nada eu recebi a informação, até por você, de que estaria na lista de dispensa do novo treinador. A forma como fizeram as coisas comigo não foi legal e machucou por um período.

Mas a vida dá voltas, e eu acredito muito que tudo tem um lado positivo. Voltei ao país e fui contratado por uma equipe magnífica, com uma torcida incrível. No Corinthians eu volto a ser o líder e o comandante da equipe, algo que gosto muito e que me faz ser muito feliz jogando basquete! Olha, Bala, venho muito motivado, muito focado, preparado para jogar o que joguei anos atrás. Sendo bem sincero, escutei muita coisa nesses últimos dois anos. Duvidaram da minha capacidade, do meu caráter e muitos dizendo que 2015, quando estava em Bauru e me lesionei no joelho, foi meu auge técnico. Pode ser que me engane, mas fortemente acredito que meu auge ainda está por vir e tenho a convicção que irei fazer um ótimo NBB pois estou trabalhando muito para isso!

BNC: Muito se fala sobre a situação do Corinthians, que tem um time novo (recentemente montado), mas muito experiente. Dá pra brigar pelo título, ou é bem cedo pra falar?
FISCHER: Muito cedo ainda para falar. Claro que com o peso do time, a grandeza do Corinthians, que tem ídolos como Wlamir Marques, Oscar Schmidt e tantos outros na história, e mentalidade do clube a gente sempre tem que pensar em títulos mas sabemos que o caminho é árduo e temos que pensar em objetivos mais no curto prazo, degrau a degrau mesmo! A Copa que será lançada pelo NBB, de tiro curto e que vale vaga em competição das Américas daqui a dois, três meses, pode ser algo mais palpável que falar em título do NBB em junho de 2019. Logo quando cheguei eu falei com a equipe que temos que mirar playoffs e depois com muito trabalho tentar alcançar uma Sul-Americana, que seria perfeito para nosso primeiro ano de trabalho.

Créditos: Fotojump/LNB

BNC: Ser uma temporada pré-Mundial, e com você tendo chance de estar na lista dos convocados, faz desse NBB algo ainda mais importante pra você? Como lidar com a ansiedade de jogar bem, ser visto pelo Petrovic e ser coletivo / condutor de seu time na quadra?
FISCHER: Com certeza faz. Seria mentiroso dizer o contrário. Acho que é um sonho de todo atleta estar representando seu país e jogar campeonatos como Mundial e Olimpíada. E quando está chegando perto se torna cada vez mais importante estar bem! Mas como sempre falo, não adianta você jogar no clube pensando na seleção porque se isso acontece você não vai bem nem em um lugar e nem no outro. Claro que tem que levar a seleção na cabeça, no dia a dia mesmo como motivação, um algo extra, mas é essencial estar focado no clube, já que tendo uma performance positiva as coisas acontecem naturalmente! Não importa aonde o Petrovic está, temos certeza que ele sempre está de olho e sabe exatamente do que você é capaz. Então estou focado em liderar e conduzir essa equipe do Corinthians que está começando! E se jogar o Mundial é consequência disso, melhor ainda.

BNC: Você será um dos únicos jogadores, ao lado do Shilton e também do Wagner, que atuou aí na Liga Ouro, a jogar para as 2 maiores torcidas do país. Mesmo com pouco tempo, já deu pra ver um pouco da Fiel? É possível traças diferenças entre ela e a do Flamengo ou está cedo?
FISCHER: Deu pra perceber já. E muito. A Fiel tem a paixão pelo basquete mas estava um pouco, digamos, adormecida no basquete pelo tempo que ficou fora da modalidade. Mesmo o Paulista sem muita divulgação já tivemos um gostinho da força que é essa torcida, principalmente fora de casa. O torcedor corintiano é absurdamente apaixonado, cativante e joga junto com a gente. Ainda é cedo para comparar, o Corinthians está recomeçando enquanto Flamengo já faz anos que está no cenário e com muitos títulos atualmente. São duas torcidas maravilhosas.

BNC: Uma pergunta do lado de fora da quadra. Este será o primeiro NBB sem a presença da Globo, mas com jogos de segunda a sábado. Como você recebeu essa novidade? Gosta? Tem medo de perderem exposição sem um grupo gigantesco de mídia? Como você avalia o trabalho da LNB nestes anos todos?
FISCHER: Eu adorei a notícia, de verdade. Já estava na hora da gente (liga/clubes) deixar de ser reféns da Globo! Já participei de uma final que eles trocaram a data para poder passar na Rede Globo e na hora H não passou. A Liga Nacional está muito grande para ficar "mendigando" alguns jogos na grade de programação de quem nem sempre quer transmitir nossas partidas, como aconteceu recentemente. A gente não perde exposição pois nos últimos dois anos quase não passaram partidas da fase regular na televisão. É ilusão achar que sem a Globo perdemos. Pelo contrário. Agora temos canais grandes querendo colocar o basquete em outro patamar, não só com as partidas mas com matérias, reportagens, programas específicos. Posso parecer bobo, mas como não gostar da novidade? O trabalho da Liga eu vejo com ótimos olhos. Só lembrar de como era o basquete há 10 anos e como está agora. É algo muito mais profissional, mentalidade business (voltada para os negócios), todos ganhando mais, tendo mais mídia, mais espaço na imprensa e não só na esportiva. Claro que tem muito o que melhorar mas a análise que faço é que está sendo trabalho incrível.

BNC: E sobre política, você gosta do tema? Declararia seu voto para o segundo turno (pensando em Bolsonaro x Haddad). Temos visto alguns atletas se posicionando, como o Nenê mais recorrentemente, e queria ouvir de você o que pensa sobre o atual momento do país e o que como, na sua opinião, sairemos destas eleições. Mais fortes ou mais divididos?
FISCHER: Gosto do tema, sim. No sou apaixonado, mas gosto. Acho importante saber do que se passa, tentar entender e assim votar melhor e dar opiniões! Não declararia meu voto, de verdade, pois somos públicos e muitas pessoas nos seguem e declarando poderia haver pessoas que seriam influenciadas pelo que falamos apenas porque gostam de mim. Somos ídolos, referências, e acredito que o voto é algo sagrado, pessoal e que não deve ser "materializado" pelo que um esportista ou artista fala. É a minha opinião. Sobre o cenário atual, a real é nosso país chegou ao fundo do poço, roubaram de todos os lugares possíveis, não temos segurança, pagamos impostos altíssimos sem ter retorno, ninguém quer investir no Brasil. Mas acredito que isso aproximou o povo, que não está aceitando mais a situação e quer um país melhor. Sempre tento ver o lado positivo das coisas e ter chegado ao fundo do poço nos trouxe proximidade, união em querer sair deste estágio. Acredito que sairemos desta eleição mais fortes como população.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.