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Bala na Cesta

Kyrie quis ser trocado pra sair da sombra de LeBron James - agora tem a melhor campanha da NBA

Fábio Balassiano

14/11/2017 06h00

O mundo do basquete ficou de pernas pro ar quando, logo após ter conquistado o vice-campeonato da temporada passada, Kyrie Irving foi à sala de David Griffin, então gerente-geral do Cleveland Cavs, e pediu para ser trocado. Gilbert havia notado que Kyrie estava estranho nos playoffs, mas não sabia que um tsunami estava por vir.

E veio. A razão do campeão pela franquia em 2016 foi bem simples: o armador queria sair da sombra de LeBron James, o verdadeiro dono da franquia Cavs, para se tornar o melhor jogador de uma equipe da NBA.

E assim foi feito quando o Boston surpreendentemente tomou a dianteira das negociações e, até certo ponto rápido, fechou a troca que levou Kyrie Irving para os Celtics. Do dono da franquia ao técnico Brad Stevens, ninguém ali teria dúvida: o time que era de Isaiah Thomas, enviado para o Cleveland na transação, seria mesmo de Kyrie a partir de então. Segundo o recém-chegado armador, ele queria passar a vencer com seus métodos, com suas convicções e de mais ninguém (recado mais claro impossível). A dúvida era: Irving estava mesmo preparado para ser o melhor jogador de um time que queria disputar o título do Leste contra o Cavs?

Logo no primeiro jogo, mais um ingrediente para colocar a cabeça de Irving em frangalhos. Gordon Hayward, contratado pelo Boston para ajudar Kyrie no perímetro, se lesionou com gravidade e perderá muito provavelmente a temporada inteira. O camisa 11, então, teria que se desdobrar mais ainda. E o craque respondeu. E respondeu bem. Noves fora ter ficado de fora dos últimos dois jogos devido a uma lesão na face (ele foi atingido sem querer por Aron Baynes, seu próprio companheiro), Irving lidera o Celtics a uma espetacular campanha de 12 vitórias em 14 jogos – sendo 12 vitórias consecutivas após o início de 0-2.

E os números de Irving acabam que não falam por si só. São 20,3 pontos, 5,2 assistências e 3,1 rebotes, índices qu, olhados assim friamente, são piores que os da temporada passada, mas que provam que as estatísticas, puras, cruas e simples, sem contexto, não valem de nada. O camisa 11 é o responsável não só por pontuar e/ou liderar os Celtics, mas por colocar seus companheiros em condição ofensiva favorável e de ser um esteio seguro para os jovens talentosos Jayson Tatum e Jaylen Brown, lançados sem medo pelo excepcional técnico Brad Stevens. No caso de Kyrie, menos (números) é mais (participação e presença). Na partida recente contra o Hawks, 35 pontos e 7 assistências em uma exibição de gala!

Ainda não dá pra saber exatamente em que patamar o Boston está porque o campeonato está apenas começando e a gente sabe que, lá na frente, a ausência de Hayward será sentida – muito sentida. Mas duas coisas são bem claras e óbvias: 1) O Cleveland subestimou a saída de Kyrie, achando que seria fácil substitui-lo à altura por Isaiah Thomas. E a gente está vendo o errático começo do Cavs; 2) Que Irving estava certíssimo ao dizer pra meio mundo que tinha condição de liderar uma equipe de primeira linha da NBA.

Caso mantenha a campanha do Boston tão lá em cima assim, seu nome deverá obrigatoriamente estar na lista dos candidatos a MVP da temporada, disso ninguém tem dúvida. Hoje os verdinhos enfrentam o Brooklyn Nets fora de casa e esperam contar com o retorno de seu craque maior.

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