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West Ham suspende técnico sub-18 que esteve em marcha de extrema-direita

West Ham já esteve envolvido em duas polêmicas extra-campo neste ano - Warren Little/Getty Images
West Ham já esteve envolvido em duas polêmicas extra-campo neste ano Imagem: Warren Little/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

16/10/2018 19h20

O West Ham suspendeu preventivamente, nesta terça-feira (16), o técnico da equipe sub-18, Mark Phillips, por participar de uma marcha organizada por um grupo de torcedores identificado como xenófobo e ligado à extrema-direita. O evento da Democratic Football Lads Alliance (DFLA) aconteceu no último sábado (13), na região central de Londres, e terminou em um confronto violento com manifestantes antirracistas, que tentaram bloquear o caminho.

De acordo com o jornal The Guardian, o clube foi avisado do caso nesta segunda-feira (15) pela Kick It Out, organização que combate o preconceito e a intolerância no futebol inglês. Em sua conta no Twitter, Phillips publicou que iria à marcha e, em mensagens seguintes, defendeu os ideais do coletivo. Na mesma rede social, ele disse que havia deixado o evento antes do confronto.

"Eu estava lá também. Os torcedores de futebol estavam seguindo a rota acordada, mas os Antifa [antifascistas] resolveram confrontar a marcha. Eles estavam com os rostos cobertos. Nós não. Pergunte a si mesmo quem instigou o problema", colocou Phillips, respondendo a uma testemunha que estava no evento.

Na mesma rede social, Phillips classificou como "fake news" as alegações de que a DFLA seja de extrema-direita. "Quem disse que eles são de extrema-direita? Não é verdade. Torcedores de futebol, sim. De extrema-direita, 'fake news'. Claramente, estavam aqui muitos ex-hooligans. Mas o comportamento deles não foi agressivo até que foram emboscados por pessoas determinadas a causar problemas. Não importa como as pessoas aparentam, é o comportamento delas que conta", escreveu.

No Facebook, os organizadores da marcha descreveram que o protesto seria contra "jihadistas que retornam ao país", "milhares de migrantes desertores", "gangues de estupradores" e "veteranos de guerra tratados como traidores".

Conforme o Guardian, a DFLA foi formada após o ataque terrorista na Ponte de Londres, em 2017, e tem se declarado como antiextremista. O grupo também já foi acusado de islamofobia e de ter ligações com organizações de extrema-direita.

A suspensão não é definitiva, uma vez que Mark Phillips pode alegar arrependimento e remorso e ser perdoado pelo clube. Caso isso ocorra, ele deverá participar de cursos educacionais sobre discriminação oferecidos pela Kick It Out.

Além do West Ham, a organização também avisou à Associação de Futebol (FA) inglesa, entidade que controla o futebol no país. Phillips, no entanto, como colocado pelo jornal, aparentemente não infringiu qualquer regra da FA e não deve receber sanções da associação.

Neste ano, a Premier League alertou aos clubes da primeira divisão inglesa sobre o crescimento da presença da DFLA nos estádios neste ano.

Em nota, o West Ham se declarou como um "clube inclusivo". "Temos uma política de tolerância zero contra qualquer forma de comportamento violento ou abusivo. Nós continuamos a proteger e estimar estes valores e continuamos comprometidos para garantir que todos os membros da família do West Ham se sintam seguros, respeitados e incluídos", escreveu a diretoria.

Este é a segunda polêmica envolvendo uma funcionário do West Ham neste ano. Em fevereiro, o diretor Tony Henry foi suspenso após dizer, em entrevista ao Daily Mail, que não contrataria mais nenhum jogador africano por ter identificado um problema com o atacante senegalês Diafra Sakho, que trocou o clube pelo Rennes, da França.

"Não queremos mais jogadores africanos e ele [Sakho] não é bom o suficiente. Entendemos que quando eles [jogadores africanos] não são titulares, criam caos na equipe. Não é nada contra a raça africana. Há jogadores africanos de elite. Não há problema com eles. É só que às vezes eles causam muitos problemas quando não estão jogando, como tivemos com Diafra. Ele saiu, então ótimo. Não é nada pessoal", declarou Henry.