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Bala na Cesta

Sete motivos que explicam como o outrora glorioso Bulls é o pior time da NBA na temporada

Fábio Balassiano

27/11/2017 06h20

O ano era 1998 e o dia 14 de junho tornou-se histórico para o basquete devido, basicamente, ao que você vê abaixo:

Michael Jordan, em uma sequência maravilhosa, fez uma bandeja rápida pra cortar a diferença para um ponto, voltou pra defesa, dobrou a marcação em cima de Karl Malone, roubou a bola do carteiro, seguiu pro ataque, driblou Bryon Rusell e colocou na cesta o sexto título da franquia Bulls contra um bravo Utah Jazz em Salt Lake City.

Jordan não sabia, mas a mão direita cheia espalmada e a outra com um dedo pro ar indicando os seis troféus que estariam no teto do United Center seriam um prenúncio de tempos sombrios do time de Illinois.

Quase vinte anos depois, o Chicago Bulls, que ontem perdeu do Miami por 100-93 após um primeiro período bizarro de 13-7 a favor do Bulls (terceira pior marca somada de pontos de duas equipes na história da NBA, algo bizarro!), agora tem apenas 3 vitórias em 18 jogos na temporada 2017/2018 da NBA.

Em menos de um mês de campeonato o time consegue o feito de ter a pior campanha entre os 30 participantes da liga, o início com menos vitórias da franquia desde 2001/2002 e uma vexatória derrota de 49 pontos pro Warriors na sexta-feira (a terceira maior da história da franquia). O que explica que um time com um passado recente tão glorioso estar em uma queda livre tão grande? Vamos lá!

1) O técnico -> Mais loucura que Fred Hoiberg ser técnico na NBA é o Chicago Bulls deixá-lo treinar a equipe pelo terceiro ano consecutivo. No primeiro, não colocou o elenco, fortíssimo, no playoff. No segundo, com Dwyane Wade, Rajon Rondo e Jimmy Butler, brigou com todo mundo no vestiário e só foi pra pós-temporada por milagre – caindo logo na primeira rodada. Nesta, não consegue dar um mínimo padrão e coleciona um revés atrás do outro (são cinco seguidos até agora). Muita gente chama Hoiberg de Ruimberg, uma maldade com um fundo de verdade totalmente real.

2) Elenco jovem -> Existe diferença entre elenco ruim e elenco jovem. Não consigo dizer, ainda, se o do Bulls é muito ruim, ou apenas ruim, mas que é muito novo, isso é. A média de idade fica em 24,1 anos, e de experiente mesmo há apenas o pivô Robin Lopez. Em uma liga competitiva, como é a NBA, jogar sem peças que possuam lastro, experiência, vivência, é pedir pra dar errado – e tem dado, né?

3) Diretoria passiva -> Gar Forman e John Paxson formam, sem dúvida, uma das piores duplas de diretores de franquia da NBA na atualidade. Foram inúmeras tomadas de decisão ruins (desde Draft de jogadores, passando por escolhas de técnicos até trocas mal sucedidas) e até o momento ambos, inacreditavelmente, contam com a guarida de Jerry Reinsdorf, o dono do Bulls. Vamos ver até quando vai a paciência de Jerry, o mesmo cara que liderou a equipe dos seis títulos na década de 90.

4) Briga interna -> O que dizer de um time que vê jogadores se esmurrando um dia antes da estreia na temporada? Foi o que aconteceu com Bobby Portis e Nikola Mirotic. O camisa 5 e o 44 disputavam uma bola no treino, quando Portis acertou um soco em Mirotic, que foi hospitalizado com uma fratura no maxilar. A bizarrice é tão grande, que até agora o ala naturalizado espanhol ainda não estreou no campeonato. Portis, por sua vez, é vaiado em todos os jogos no United Center por uma torcida que não admite um comportamento assim de seus atletas.

5) Defesa aberta -> São 107,3 pontos por noite, 46% de conversão dos rivais nos arremessos de quadra, 38,6% de acertos nos tiros de três pontos e 12,4 desperdícios forçados. Todos os índices estão entre os cinco piores de toda NBA em suas respectivas categorias e mostram como a marcação do Bulls é um verdadeiro queijo suíço nesta temporada – aberta e cheia de buracos.

6) Ataque sem mira -> Por incrível que pareça o Chicago tem tentado jogar de acordo com os "mandamentos" da NBA moderna – abrindo a quadra, chutando de fora (31,4 tentativas por noite, o oitavo número mais alto da liga) e infiltrando em busca das cestas fáceis. Mas a falta de qualidade faz com que a bola simplesmente não caia. Os 94,4 pontos por jogo e os 40,5% nos arremessos colocam o Bulls com o pior ataque da temporada,

7) Troca de Jimmy Butler -> Até agora ninguém entendeu como o Chicago abriu mão de Jimmy Butler, melhor jogador do time nos últimos anos. O clima entre ele e o técnico Fred Hoiberg era péssimo, com Butler fazendo críticas públicas ao treinador, mas o triste da história foi a franquia ter optado por… Hoiberg e não pelo ala. É verdade que na troca que levou o camisa 21 a Minnesota veio o bom Lauri Markkanen, que em sua temporada de estreia possui a média de 14,6 pontos, mas no saldo final claramente o Bulls perdeu – e muito – com a saída de Jimmy.

É uma pena que no próximo ano a franquia que relembrará os 20 anos do último título não terá absolutamente nada para comemorar. Hoje em dia o Chicago Bulls só pensa na primeira posição do Draft de 2018 e vai acumulando derrotas e micos em sequência para isso. Vamos combinar que isso é muito pouco, né?

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