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Grávida, Dani Lins avisa: quer defender a seleção no Mundial de vôlei

Carolina Canossa

20/11/2017 06h00

Dani participou das campanhas da prata no Mundial de 2010 e do bronze em 2014 (Foto: Divulgação/FIVB)

Entre a montagem do enxoval e a maior necessidade de sono trazida pela gestação da pequena Lara, o vôlei acabou ficando um pouco de lado. Dani Lins, porém, não esqueceu uma das grandes paixões de sua vida. Com previsão de parto para o final de fevereiro, a levantadora da seleção brasileira não só tem treinado com o técnico José Roberto Guimarães em Barueri como faz planos para estar à disposição do técnico na hora da convocação para o Campeonato Mundial de 2018, onde o Brasil tentará ganhar o único grande título que ainda não possui no vôlei.

Em entrevista exclusiva ao Saída de Rede, a atleta contou que tem feito treinos específicos com bola, além de pilates e hidroginástica para manter a boa condição física. Calcula que já ganhou "8 ou 9 kg", mas confia que a amamentação da filha, fruto do relacionamento com o também jogador Sidão, a ajudará a emagrecer e voltar rapidamente ao peso considerado ideal para atuar em alto nível.

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"Eu penso muito no Mundial. A Lara vai nascer no final de fevereiro e o campeonato começa no final de setembro, então dá para ter condições de me recuperar fisicamente. Estou tentando não engordar muito, mas é meio inevitável porque a vontade de comer também é grande", brinca a atleta, que diz ainda não ter estabelecido um plano com Zé Roberto. "Não conversamos sobre nada disso, só falamos sobre os treinamentos atuais. Ele pede pra eu ir mais devagar, pois, se deixar, treino igual antes", admite.

Levantadora calcula ter ganhado 8 ou 9 kg com a gravidez (Foto: Reprodução/Instagram)

Até para facilitar a recuperação, Dani pretende ter parto normal, mas outros fatores, como o desejo do marido em estar presente neste momento tão importante podem fazê-la optar pela cirurgia. "Mas, mesmo se eu fizer uma cesárea no fim de fevereiro, acredito que no fim de março já vai dar pra fazer alguma coisa relacionada a jogar
vôlei. Terei seis meses para me recuperar pro Mundial. Não estou pensando muito em Grand Prix, essas coisas, pois acho que ainda será muito cedo", explica a levantadora, recordando um pequeno "detalhe": "Vamos ver também, né? Eu quero jogar, mas o Zé Roberto também tem que querer (risos)".

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Na verdade, a grande preocupação de Dani nem é a parte física, mas sim a mental. Afinal, quando o primeiro saque for dado no Japão, Lara estará com cerca de sete meses e, possivelmente, a milhares de quilômetros da mãe: "Já dói meu coração pensar que eu vou ter que viajar, ficar não sei quantas semanas fora e deixá-la aqui no Brasil com o Sidão. Também terei que estar bem psicologicamente no Mundial". A solução, por enquanto, é não pensar muito nisso e estar com a cabeça aberta para qualquer possibilidade. "Se estiver em condições, eu vou, mas se não tiver, eu não vou. Lógico que quero fazer de tudo pra jogar, só que se não der pra ir, paciência. Em 2019 vai ter campeonato ainda, em 2020 temos a Olimpíada…", lembra.

Madrugadas acordada e elogios a Roberta

Integrante da nova geração, Roberta tem excelente relacionamento com Dani (Foto: Divulgação/CBV)

Afastada dos campeonatos por conta da gravidez, Dani tem na tecnologia sua principal forma de contato com o vôlei. Segue companheiras de profissão e clubes nas redes sociais e usa o celular para manter contato e até "cornetar" as amigas das quadras.

"Temos um grupo de Whatsapp onde eu falava pras meninas que estão na seleção: 'Olha, vocês tratem de ganhar porque vou acordar de madrugada só pra assistir'. E eu acordava e mandava vídeos pra elas mostrando que estava vendo mesmo. No começo, elas sofreram muitas críticas, mas era um time renovado. Toda renovação demora, pois é
preciso ganhar experiência, mas elas foram remando e, de repente, tudo engrenou. Achei super legal, conversando com algumas delas deu pra ver que o clima na seleção também estava muito bom", contou.

As atuações da concorrente de posição Roberta foram tão bem vistas pela levantadora que Dani até brincou que ficaria se dedicando a Lara em 2018, já que a seleção estava bem servida. A união com a nova geração não é nenhuma novidade para a pernambucana, que também mantém um ótimo relacionamento com sua predecessora, Fofão. A boa convivência, de acordo com ela, se dá por conta da pressão de ser "o coração de um time".

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"Todas nós sabemos o quanto sofremos e treinamos, do que abdicamos pra nos dedicar ao vôlei, de estar na seleção. Se o passe sai ruim, o levantamento bom e há o ponto, é porque o ataque foi bom. Agora, se o passe é ruim, mas o ataque não vira, falam que a levantadora que não consertou direito a bola. É difícil. Por isso que sempre temos que estar treinando antes, durante e depois", destacou a atleta, que também cita Naiane e Macris como o futuro da seleção. "Estamos muito bem encaminhados pra 2020 e 2024", garante.

O próximo Mundial feminino de vôlei será realizado de 29 de setembro a 20 de outubro no Japão. Ao longo das 17 edições anteriores da disputa, a Rússia se sagrou a maior campeã, com sete ouros, ao passo que o Brasil acumula três vices (1994, 2006 e 2010) e um bronze (2014) na história.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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