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Técnico francês admite: “Sem N’gapeth, o time perde eficiência e energia”

Sidrônio Henrique

26/08/2017 14h00

Franceses desolados: time estreou no Campeonato Europeu mostrando falta de ritmo (Adrian Sawko/CEV)

Katowice, Polônia – A Bélgica, é verdade, jogou acima do habitual, mas a França pouco lembrava a equipe que há um mês e meio derrotou o Brasil na final da Liga Mundial. Grande astro do time francês, Earvin N'gapeth não foi acionado. O ponteiro de 26 anos e 1,94m ficou entre os reservas, apenas observando a vitória belga por 3-2 (25-22, 23-25, 25-21, 23-25, 15-12), nesta sexta-feira (25), em Katowice, pela primeira rodada do grupo D do Campeonato Europeu. Com dores na região lombar desde o início do mês, o ponta é dúvida para o restante do torneio, o que deixa apreensivo o técnico Laurent Tillie. "Sem N'gapeth, o time perde eficiência e energia", disse o treinador ao Saída de Rede, logo após a derrota, na Spodek Arena.

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Em maio deste ano, Earvin N'gapeth teve uma lesão no abdômen, mas voltou a tempo de ajudar sua equipe a conquistar a Liga Mundial e, de quebra, faturou os prêmios de ponteiro na seleção do campeonato e de MVP.

Parece lugar-comum atribuir tanto peso ao maior craque de um time que tem vários bons jogadores. Porém, com N'gapeth em quadra não se vê a seleção francesa oscilar tanto. Nos sets vencidos pela Bélgica, a França reagia, mas não conseguia manter o ritmo, principalmente no ataque. Foi ali que ele fez mais falta.

Claro que além da ausência de N'gapeth, a equipe poderia ter feito mais. Por diversas vezes, pareceu desatenta. O bloqueio deixou o técnico Tillie irritado – foram apenas sete pontos dos franceses no fundamento em cinco sets, contra 18 do adversário, sem contar as bolas amortecidas ou as vezes em que o bloqueio reduziu o ângulo do atacante, ajudando a defesa, aspectos em que a Bélgica também foi melhor. "Eu diria que quase nada funcionou, mas o bloqueio e a defesa foram desastrosos", observou Laurent Tillie. O time chegou à Polônia com status de favorito pela conquista da Liga Mundial este ano, após um 2016 decepcionante.

Com dores lombares, N'gapeth não entrou em quadra (Adrian Sawko/CEV)

Sobrecarga
O jovem oposto Stephen Boyer até fez sua parte, somando os mesmos 24 pontos do colega de posição belga Bram van den Dries – os dois foram os maiores pontuadores da partida. No entanto, enquanto Dries dividiu a carga com o ponteiro Sam Deroo (20 pontos), o francês Boyer foi acionado em excesso pelo levantador Benjamin Toniutti e não pôde dar conta do que lhe foi imposto – Dries teve aproveitamento de 59% no ataque (20 em 34 tentativas), Boyer ficou com 45% (22 em 49).

"N'gapeth ficou duas semanas sem treinar, tem feito fisioterapia, espero que ele possa nos ajudar aqui na Polônia, mas não posso garantir que ele vá jogar", comentou Tillie. Em diversos momentos da partida, na área destinada aos suplentes, o ponteiro ficava cabisbaixo. Terminado o jogo, foi direto para o vestiário, sem falar com os jornalistas.

Técnico Laurent Tillie: "Essa derrota bagunçou os nossos planos" (FIVB)

Cruzamentos
Para piorar o quadro, é bem provável que a derrota para os belgas deixe a França em segundo lugar da chave, obrigando-a a jogar uma partida a mais. Enquanto os líderes de cada grupo avançam direto às quartas de final, os segundos e terceiros colocados disputam um mata-mata para decidir sua sobrevivência na disputa. Holanda e Turquia completam a chave D – na preliminar, nesta sexta-feira, os turcos venceram os holandeses por 3-1. O jogo entre franceses e belgas era visto como a decisão do primeiro lugar do grupo.

"Essa derrota bagunçou os nossos planos, mudou o cruzamento depois da primeira fase. Vamos ter que repensar muita coisa, mas principalmente fazer com que o time seja mais coeso", afirmou Laurent Tillie. As seleções da chave D voltam à quadra da Spodek Arena neste domingo (27), com as partidas Bélgica vs. Turquia e na sequência França vs. Holanda.

Se ficar mesmo em segundo no grupo, no mata-mata a França enfrentará o terceiro colocado da chave B (Alemanha, Itália, República Tcheca e Eslováquia). Como os alemães, reforçados com Grozer, Kaliberda e Kampa, já bateram por 3-2 os italianos, sem Zaytsev e Juantorena, e os tchecos venceram os eslovacos por 3-1, é bem provável que na classificação ao final da primeira fase tenhamos a ordem entre parênteses logo acima. Assim, os franceses encarariam os tchecos no mata-mata, nada muito difícil teoricamente, para em seguida enfrentar os alemães nas quartas de final.

Confira aqui os resultados e a programação do Campeonato Europeu de vôlei masculino.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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