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Saída de Rede

Sesc e Praia jogam pela invencibilidade e liderança da Superliga

João Batista Junior

01/12/2017 06h00

Cariocas e mineiras se enfrentam nesta sexta (fotos: Hélio Melo/Sesc-RJ e Divulgação/Praia Clube)

Na reedição da final da temporada 2015/2016 da Superliga, Sesc-RJ e Dentil/Praia Clube se enfrentam nesta sexta-feira, na Arena Jeunesse, no Rio, em jogo que vale a primeira posição na tabela do campeonato. Após nove rodadas, ninguém conseguiu bater nenhuma das duas equipes, mas o time de Uberlândia tem 27 pontos contra 26 das cariocas – diferença que se deve aos dois sets que as anfitriãs desta noite perderam no triunfo sobre o Hinode Barueri.

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Em relação ao ano passado, os dois plantéis passaram por grandes modificações, o que alterou bastante a configuração dos sextetos titulares.

O Sesc perdeu a ponta holandesa Anne Buijs e a meio de rede Carol, que foram jogar na Turquia, e ainda tem o desfalque das ponteiras Gabi Guimarães e Gabi Souza – ambas se recuperando de lesão. Assim, no último domingo, o time venceu o Camponesa/Minas com as líberos Fabi e Vitória, Roberta no levantamento, Monique na saída, Mayhara e Juciely no meio, Drussyla e a recém-contratada dominicana Isabel Peña na entrada de rede – a ponta Kasiele e a central Vivian entraram no decorrer da partida e terminaram o jogo no time principal.

"Mesmo desfalcadas de algumas jogadoras, (as cariocas) vêm mostrando qualidade. Não perderam nenhum jogo ainda, mantêm o alto nível o tempo inteiro, exigem do adversário, criam situações pra poder reverter o jogo quando estão perdendo. A gente tem que estar preparado pra tudo. É o que eu sempre digo para minhas jogadoras não esperem por nada, estejam preparadas pra tudo", disse Paulo Coco, treinador do time de Uberlândia.

Já o Dentil/Praia, que não conta mais com as ponteiras Alix Klineman e Michelle, a oposta Daymi Ramirez e a líbero Tássia, tem jogado com a levantadora Claudinha, as centrais Fabiana e Walewska, as pontas Fernanda Garay e Amanda, a oposta norte-americana Nicole Fawcett e a líbero Suelen – estas quatro últimas, contratadas nesta temporada.

"A gente sabe que o Praia vem crescendo nos últimos anos e esse ano chegou ao time mais forte. Elas estão entrosadas, todas as atacantes estão muito bem, estão com uma linha de passe muito boa. A gente sabe que não vai ser um jogo nem um pouco fácil. Elas vêm atacando e bloqueando muito bem, enfim, o time anda bem completo", comentou a armadora carioca Roberta.

Sesc: força do coletivo (foto: Orlando Bento/MTC)

Tabu
Além da liderança da competição, outro fator instigante na partida é a invencibilidade histórica do Rio sobre o Praia: a equipe do Triângulo Mineiro disputa a Superliga desde a temporada 2008/2009 e nunca venceu a esquadra carioca em jogo oficial. Na avaliação do técnico praiano, o retrospecto desfavorável não é determinante para o duelo.

"Nossa filosofia é pensar jogo a jogo e estamos trabalhando pra ter a possibilidade de vencer o Rio. A gente respeita o adversário, é dos mais qualificados, o maior vencedor da história do voleibol feminino brasileiro, mas vamos trabalhar pra criar essa possibilidade. Obviamente, é um jogo que mexe, são os dois primeiros colocados, o Rio tem uma tradição incrível, tem esse histórico de o Praia nunca ter vencido a equipe do Rio, mas isso são ingredientes a mais que mexem com essa partida", disse Paulo Coco.

Embora o time mineiro tente um feito inédito, ele quer que suas atletas tenham esta noite a mesma postura que tiveram nas rodadas anteriores. "Eu não espero que nenhuma jogadora procure fazer nada diferente do que vem fazendo, queira ser a heroína dessa partida, tem nada disso. Sempre acredito que o contexto coletivo se sobrepõe a qualquer individualidade", ressaltou o comandante do Praia.

"Nossa preocupação é com nossa equipe, tentar jogar nosso máximo independentemente do adversário. Se é contra a equipe do Rio de Janeiro ou se é o último colocado da Superliga, a gente tem que jogar nosso melhor pra tentar vencer. Evidentemente, a qualidade do adversário exige uma qualidade cada vez mais alta, e é uma equipe contra a qual você não pode cometer erros, porque tem muito volume de jogo, te pressiona. A gente vem jogando bem, a equipe cresceu e precisa jogar da mesma maneira", frisou.

Qualidade no passe vs. Paciência
Numa campanha em que as duas equipes se distanciaram bastante da concorrência – o Vôlei Nestlé, terceiro colocado, já sofreu três reveses na competição –, o Sesc-RJ, como costuma acontecer, tem se caracterizado nesta Superliga pelo bom volume de jogo, pela eficiência na relação entre bloqueio e defesa, que sempre obriga o adversário a atacar mais uma bola, enquanto o Dentil/Praia Clube, com a manutenção das centrais e contratação das atacantes de entrada e saída de rede, tem sido virtuoso no ataque (eficiência de 32% nesse quesito contra 29% das cariocas) e mais efetivo bloqueio (média de 3,79 pontos por set nesse quesito contra 3,13 das adversárias desta sexta).

Walewska é um dos destaques do Praia na Superliga (foto: Divulgação/Praia Clube)

Para enfrentar um time com bloqueio tão pesado quanto o praiano (Walewska detém a maior média de pontos por set nesse quesito, 1,18), a receita de Roberta para suas companheiras é bem simples: eficiência na recepção. "Temos que passar o máximo na mão pra eu poder acelerar as bolas e deixar minhas atacantes com um bloqueio quebrado. Vai ser um jogo bem difícil pra mim, mas isso torna o jogo ainda mais gostoso, saber que eu vou ter que estudar e estar mais concentrada", disse a levantadora do Sesc.

"Em relação a minha armação de jogo, tento estudar e fazer sempre algo diferente. Acho que essa partida requer mais concentração, mais estudo. Tenho que entrar sabendo o que preciso fazer, estudar bastante as centrais delas. Fabizona e Walewska são grandes centrais, têm bloqueado muito bem. E não só as centrais têm boa leitura de jogo, as meninas das extremidades também. Fawcett tem um bloqueio pesado, a Garay tem uma marcação muito boa, até mesmo nas bolas de meio e china. Tenho que mudar um pouco meu jogo, não ser tão previsível, ver o que eu posso fazer de diferente. Nossa chance é tentar surpreender", analisou Roberta.

Por outro lado, quem já defendeu a camisa do Rio e conhece a capacidade coletiva do sexteto carioca sabe que se afobar diante de sua eficiência defensiva é um risco.

"(É preciso) ter muita paciência, ter muito volume de jogo, pensar sempre no ponto a ponto. Com elas, não adianta ficar ansioso, porque é uma equipe que joga muito com a cabeça, que tem jogadoras habilidosas, com experiência na seleção brasileira. É uma equipe que erra pouco, muito correta taticamente, mas é uma equipe que todo mundo conhece muito bem. Tem uma linha de trabalho ali. Participei durante muitos anos, sei exatamente como funcionam os treinamentos", afirmou a ponteira Amanda, que defendeu o Rio até 2015, quando foi para Brasília passar duas temporadas, antes de chegar ao Praia, há alguns meses.

"Os jogos difíceis trazem experiência pra gente. Essa expectativa, essa busca por evolução, saber o nível técnico em que a gente está é um desafio de grupo e também um desafio pessoal, que a gente busca levar pras próximas etapas, pros próximos jogos. Em jogos assim, a gente quer estar em quadra e fazer o melhor", concluiu Amanda.

A bola sobe para Sesc-RJ e Dentil/Praia Clube às 21h, pelo horário de Brasília. O SporTV transmite a partida.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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