Paraolimpíadas

Pelé do futebol de cegos precisa da colaboração da torcida para brilhar

Atsushi Tomura/Getty Images
Jefinho é o craque da seleção brasileira de futebol de cinco imagem: Atsushi Tomura/Getty Images

Daniel Brito

Do UOL, no Rio de Janeiro

A torcida brasileira tem um papel decisivo na final do futebol de cinco (para cegos) neste sábado (17), quando a seleção nacional enfrenta o Irã na busca pelo quarto ouro paraolímpico consecutivo. O silêncio da arquibancada é item primordial para o triunfo. Quem pede é o atacante Jeferson Gonçalves, o Jefinho, 25.

Este baiano de Candeias, camisa sete do Brasil, foi o autor dos dois gols contra a China, na semifinal, que levaram o time à decisão deste sábado. Craig Spence, porta-voz e diretor de comunicação do IPC (Comitê Paraolímpico Internacional, na sigla em inglês), chamou-o de Pelé do futebol de cegos. Uma comparação que parece um tanto exagerada para a torcida brasileira, que já cantou: “Jefinho é melhor que Neymar”, após o triunfo ante os chineses. “Confesso que fiquei bastante emocionado”, disse Jefinho, em concorrida coletiva, na tarde da sexta-feira, 16.

Um de seus gols na semifinal foi uma pintura. Ele driblou quase todo o time da China e bateu no canto do goleiro. A bola bateu na trave antes de tocar na rede, tornando o lance ainda mais bonito. “Pessoal me contou que parece que foi um gol muito bonito. Na hora do chute, eu sabia que acertaria o ângulo do goleiro”, contou ao UOL Esporte.

À mesma torcida que explodiu de emoção com este gol e entoou cânticos com seu nome, Jefinho agora pede um pouco de paciência. Só o silêncio da arquibancada enquanto a bola estiver rolando pode fazer o Brasil chegar ao ouro. “É difícil mesmo para o torcedor ver ali o jogador na cara do gol e não poder gritar ou mandar chutar. Mas nosso jogo exige esse silêncio, é como uma partida de tênis”, comparou Jefinho.

Os atletas se guiam pelo guizo que há dentro da bola e se a torcida fizer muito barulho durante o jogo, os atletas vão ter dificuldades para encontrá-la no gramado. Até em caso de chuva uma partida pode ser suspensa, já que os pingos farão mais barulho que os guizos.

Jefinho lembra dos Sul-Americanos e amistosos que disputou na Argentina com a seleção brasileria, quando a torcida argentina fazia barulho de propósito para atrapalhar os jogadores brasileiros. Já durante os Jogos Paraolímpicos, houve um episódio pitoresco. Nos minutos finais do jogo entre Brasil e Irã, válido pela última rodada da fase de grupos, um dos jogadores da equipe visitante ouviu uma sonora vaia da torcida porque pediu silêncio, com o dedo indicador em frente à boca. O gesto não era por maldade, provocação ou qualquer outro tipo de hostilidade.

Jefinho pede para que o torcedor prenda o grito e só o solte após os 50 minutos (são dois tempos de 25 minutos), quando o ouro já estiver assegurado. Desde Atenas-2004, quando o futebol de cegos foi incorporado ao programa dos Jogos Paraolímpicos, que o Brasil não perde uma partida oficial. “Se formos campeões, quero mostrar minha medalha de ouro na Bahia, ser recebido em carro de bombeiros, fazer uma grande festa se vier esta vitória”, pediu.

Topo