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Ele narrou sumô e futebol americano, mas se encontrou no "Counter-Strike"

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Imagem: Reprodução

Barbara Gutierrez

Do UOL, em São Paulo

06/06/2017 11h13

Octavio Neto é natural de Petrópolis, do Rio de Janeiro. Com aquele sotaque carioca inconfundível, muito bom humor e bordões criativos, o narrador já trabalhou com diversos esportes inusitados - do sumô até cabo de guerra. Mas Neto diz que seu melhor momento é agora, narrando partidas de eSports como "Counter-Strike: Global Offensive" e apresentando seu novo programa de games.

Atualmente, Octavio trabalha para o Esporte Interativo. Além de narrar os jogos da ELEAGUE, que foi a forma de entrar nesse mundo dos esportes eletrônicos, hoje ele comanda o EI Games, que traz até uma Copa de "FIFA" com youtubers e pro players, transmitida pelo canal EI MAXX nos dias da semana.

Antes, ele era apenas um jornalista esportivo com um grande sonho. "Quando era pequeno, eu narrava futebol de botão, videogames, mas era mais um hobbie", diz Octavio ao UOL Jogos.

Octavio 2 - Reprodução - Reprodução
Justamente por ter uma comunidade tóxica, o cenário tinha tudo para dar errado, mas o público dos eSports adotou Octavio.
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"Eu nunca pensei em me tornar narrador, mas ficava narrando as partidas de futebol por brincadeira. Até que um dia, o narrador da rádio onde eu estagiava ficou rouco e não tinha mais ninguém para narrar. Me mandaram ao vivo e me ofereceram uma lata de cerveja para relaxar. Eu nunca tinha feito um teste, nada!"

E não é que deu certo? Depois, Neto fez seu primeiro trabalho para a televisão pela Arquibancada Oi, e depois foi contratado como estagiário pelo Esporte Interativo. Lá, ele ficou encarregado das modalidades menos... tradicionais.

"Eu era o narrador oficial dos jogos malucos", diz rindo. "Eu fiz os renegados como cabo de guerra, squash, sumô, uns esportes que eu nem sabia que existiam. Meu chefe me perguntou se eu queria fazer e eu disse que sim, que eu toparia qualquer coisa. Provei que eu conseguia narrar tudo, se eu narrei ao vivo na TV um cara jogando frisbee, com futebol vai ser muto mais fácil."

Superar desafios era uma das melhores características de Octavio, segundo ele mesmo. Foi assim também com eSports: quando a oportunidade apareceu, ele não teve dúvidas e tornou-se o narrador da casa que cuidaria de "CS:GO".

"Quando veio o convite do campeonato da ELEAGUE, eu falei que conhecia muito 'Counter-Strike'. Aí fui ver e o jogo estava completamente diferente do que eu jogava em 2002 e eu tinha duas semanas para me preparar para o torneio. Comecei a ver o que a comunidade gostava e assistir aos gameplays, mas ainda mantive meus bordões malucos e quis ser eu mesmo."

"No início eu não conhecia nada do jogo então eu tentava não falar nada específico para não falar besteira. Narradores específicos da internet como o Bida e o BCZZ me ajudaram demais a conhecer o jogo. É o tipo de coisa que só o tempo ia me fazer aprender, mas eu fiz isso ao vivo e a partir dali eu nunca parei."

Atualmente, o narrador já tira de letra e se aventura em outros games, como "Street Fighter" e "Clash Royale". "É claro que isso ajuda, mas você não precisa ser um profundo conhecedor do jogo para ser um bom narrador", diz.

Octavio Neto - Reprodução - Reprodução
"Os eSports não são uma onda, não é passageiro como as pessoas falam. São transmissões na televisão, grandes mídias brigando por essas competições e pessoas pagando milhões para transmitir. Profissionalmente nunca estive tão realizado." (Na foto, Octavio apresentando a Copa EI Games de "FIFA 17")
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"O programa está sendo a coisa mais legal que já aconteceu. A audiência está batendo programas que existem há muito tempo na TV com esportes tradicionais, passamos a liderar nosso horário! Falamos sobre eSports, cenário competitivo, lançamento de games, recebemos convidados como pro players… Sempre fui muito versátil, mas hoje posso me dedicar aos games na TV e estou muito feliz."

No final, ele se achou nos games... ou seria o contrário? "O mundo dos jogos é que me achou, eu sempre fui apaixonado por videogames mas sempre fui um jogador casual. Eu tenho um filho e estava inserindo ele nesse mundo, ele adora a Nintendo, mas eu sempre joguei mais um 'FIFA' com os amigos, um 'NBA 2K', 'Madden', mais pra receber os amigos em casa."

"Agora se eu não jogo, estou num evento, vendo algum gameplay ou viajando a trabalho para cobertura de conteúdo. São 24h da minha vida sobre videogames. O 'CS' me encontrou e hoje sou apaixonado por isso e não me vejo fazendo outra coisa."