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Quem é o camisa 10 de time alagoano que sonha jogar a Copa pela Coreia

Chico foi destaque do CRB na Série B: gols contra o campeão e líder em faltas recebidas - CRB/Divulgação
Chico foi destaque do CRB na Série B: gols contra o campeão e líder em faltas recebidas Imagem: CRB/Divulgação

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

19/12/2017 04h00

Chico terminou a temporada como um dos principais nomes do CRB e sonha em disputar a Copa do Mundo do ano que vem. O meia nascido em Cascavel, no Paraná, sabe que a missão não é das mais fáceis, mas confia numa convocação de última hora, caso consiga jogar em uma "vitrine" privilegiada no próximo semestre. Destaque na Série B do Campeonato Brasileiro, o jogador de 26 anos não mira uma vaga na seleção de Tite, mas sim uma chance pela Coreia do Sul, terra natal de seus país.  

Francisco Hyun Sol Kim viveu em 2017 o melhor momento da carreira, descrito pelo meia como "um ano realmente espetacular". Depois de peregrinar por uma série de times do interior de São Paulo, o brasileiro-coreano chegou ao CRB no começo da temporada e já em maio comemorou o título alagoano. Na Série B, virou a cara da equipe. A estatística de jogador que mais sofreu faltas na competição endossa a performance individual. 

Agora Chico aposta suas fichas no primeiro semestre de 2018 para tentar ir à Rússia. Com passaporte sul-coreano, o meia já teve uma passagem de cinco meses pelo Seoul E-Land, mas jamais foi convocado para a seleção local.

"Falam que nunca é tarde para sonhar. Todas as seleções que vão para a Copa já têm a sua base. Mas, quem sabe, no lugar certo, da melhor forma, eu possa buscar esse objetivo, mesmo com pouco tempo", afirmou Chico em entrevista ao UOL.

Recentemente o jogador teve o contrato de um ano com o CRB encerrado e negocia um novo time. A intenção é se recolocar no mercado asiático ou em algum time da Série A do Brasileiro, para aparecer ao técnico Shin Tae-Yong, que comanda a Coreia do Sul. Nas últimas semanas, a imprensa alagoana especulou que o destino do meia possa ser o Ceará, equipe promovida à elite brasileira. 

Tenho o sonho da seleção coreana. Então tenho que avaliar a melhor proposta, para que eu possa achar um caminho mais interessante até a seleção. E também pensar na parte financeira, como todo jogador profissional. Quem sabe algum time asiático, para ficar mais perto da seleção, ou algum time da Série A do Brasil. Tiveram alguns contatos"
Chico, agora ex-camisa 10 do CRB

Sul-coreano Chico virou ídolo em Alagoas e agora sonha com chance na Copa da Rússia  - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Atuação de gala contra campeão da Série B

O sul-coreano nascido no Paraná foi o jogador que mais vestiu a camisa do CRB na temporada, com 52 jogos. Chico ainda fechou o ano como segundo artilheiro da equipe, com oito gols. Na memória afetiva do meia, a partida mais importante do ano foi contra o América-MG, que viria a se consagrar campeão da Série B.

Em agosto, o CRB bateu os mineiros em Maceió por 2 a 1, com dois gols de Chico – um de cabeça e outro numa finalização em "cavadinha", de esquerda, quase sem ângulo. No fim das contas esses foram pontos cruciais para que o time alagoano escapasse do rebaixamento. Por atuações como essa, o sul-coreano experimentou alguns meses de idolatria no Nordeste.

"Recebi um carinho imenso em Maceió, da torcida e da diretoria. Era bem reconhecido na cidade, até pelo olho puxado. Quase não tem orientais lá", relatou.

Mãe cruzou a fronteira para filho nascer no Brasil

Filho de imigrantes sul-coreanos que viviam no Paraguai, Chico nasceu em 1991. Na oportunidade, os pais decidiram cruzar a fronteira para o parto em Cascavel, para que o menino tivesse cidadania brasileira e, teoricamente, mais oportunidades em seu futuro.

Mesmo assim, o futuro jogador do CRB viveu infância e adolescência no Paraguai, entre Ciudad del Este e Assunção. Veio ao Brasil somente aos 16 anos, quando conseguiu treinar no Atlético Sorocaba. O meia então vestiu inúmeras camisas do interior paulista, até um bom momento pelo Bragantino em 2015. Por aqui, ganhou o apelido profissional: "Me disseram que no Brasil todo Francisco é Chico". 

Hoje, o meio-campo se dá ao luxo de sonhar em ser companheiro de seleção do ponta Heung Min-Son, sul-coreano estrela do Tottenham. Mas, inicialmente, o jogador nascido no Paraná se contentaria com o papel de coadjuvante. "Admiro muito o jogo do Son, mas não dá para se comparar com ele", afirmou.