Grêmio abraça novo jeito de jogar e mergulha em 'terceira fase' no ano
Primeiro era o time campeão com leves mudanças. Depois veio o futebol bonito. Agora, em uma "terceira fase" da temporada, a ordem é atuar pelo resultado. Diante do Corinthians, pela 29ª rodada do Brasileirão, o Grêmio mergulha de cabeça na reta final de seu planejamento para 2017. Ganhar se tornou a obsessão e dominar o adversário com um futebol ofensivo já faz parte do passado. A missão do momento é cumprir a transição entre os estilos a tempo de ser competitivo.
A mudança ocorre às vésperas dos jogos com o Barcelona de Guaiaquil, pela Copa Libertadores, e usa o argumento dos desfalques. Só que, com praticamente todos os titulares já à disposição, a razão é bem mais complexa.
Entre fevereiro e maio, o Grêmio jogou de forma aguda, mas ainda carregava consigo uma herança de 2016, quando conquistou o pentacampeonato da Copa do Brasil. Miller Bolaños despontou como artilheiro e Lucas Barrios começou a embalar. A sequência teve seu ápice em jogos do Gauchão, tais como as goleadas em cima de Juventude e Veranópolis.
A queda na semifinal do estadual, nos pênaltis, forçou uma ruptura. Depois de dois jogos fracos diante do Novo Hamburgo, o Grêmio se recolheu às vésperas do Brasileirão e voltou diferente. Paralelamente aos jogos do Campeonato Gaúcho, Arthur surgiu e tomou lugar no time. Com ele, começou a segunda fase do Tricolor na temporada.
A série de 11 partidas sem derrota, entre Brasileirão e Libertadores, foi o berço do time que chegou a ser apontado como o melhor do país. No meio dessa sequência houve o empate em 3 a 3 com o Cruzeiro, no Mineirão, e ainda ocorreram as vitórias categóricas na Copa do Brasil, contra Fluminense e Atlético-PR. A derrota para o Corinthians, em 26 de junho, entrou na conta das injustiças do futebol e o time seguiu colhendo elogios.
Com marcação intensa, saída de bola diferente e ultrapassagem dos laterais, o Grêmio se transformou no melhor ataque do país. Essas ideias fizeram Barrios deslanchar, tornaram Pedro Rocha um protagonista inesperado e Luan foi chamado por Tite para a seleção brasileira. Geromel, Kannemann e Michel viveram semanas impecáveis e Arthur parecia um cometa, com ascensão meteórica e entrada no radar da seleção para convocação meses depois.
Em agosto, o estilo ofensivo começou a se esgotar. Pelo estágio físico do elenco, as lesões em série e a atenção dos rivais aos princípios empregados por Renato Gaúcho e seus comandados. O ataque perdeu Pedro Rocha, vendido ao Spartak Moscou-RUS, e os gols minguaram. As classificações contra Godoy Cruz-ARG e Botafogo, na Libertadores, tiveram sofrimento.
“Nenhuma equipe do mundo consegue manter o nível o ano todo. Tem lesões, tem várias situações, mas é difícil manter o nível o ano todo. São muitos jogos e é bem desgastante”, comentou Arthur, a grande novidade do time em 2017 e condutor da primeira para a segunda fase do Grêmio no ano.
A partida diante do Coritiba marcou a transição para a terceira fase, com mais cruzamentos, lançamentos longos e ênfase na bola parada ofensiva. Ideias que já estavam presentes nas atuações recentes do Grêmio, mas que agora foram abraçadas de vez pelo time.
“Eu nem gosto desse tipo de jogada, mas às vezes ela necessária. Você roda de carro com estepe. Jogar sem meia é assim. É um problema, muitas vezes jogamos com alguém improvisado ali (no meio), que não tem qualidade e não sabe jogar por ali... Não adianta jogar bonito sem as peças”, disse Renato Portaluppi depois do jogo no Couto Pereira.
A nova fase é, também, voltada para o jogo físico e de imposição. Muito prevendo o que deve ser o expediente do Barcelona-EQU na semifinal da Libertadores, mas também como opção diante da limitação técnica enfrentada no atual momento.
“A equipe chegou ao momento de crescer, todo mundo se doar ao máximo. Estamos fechados para ir atrás dos nossos objetivos”, apontou Bruno Cortez, um dos jogadores mais elogiados pela imposição física ao longo do ano e que se tornou titular justamente por isso.
No Brasileirão o Grêmio tem mais dez jogos. Na Libertadores, outros dois garantidos, mas que podem se tornar quatro em caso de classificação à final. E ainda mais dois se for campeão continental e ir ao Mundial de Clubes. O Tricolor pode, então, chegar a 79 partidas do ano. E daqui até o fim a terceira fase está em vigor e o que vale é ganhar.
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