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Bala na Cesta

NBB se mostra moderno, ousado e inovador com conceito multicanal - entenda os motivos!

Fábio Balassiano

02/10/2018 05h40

Luiz Pires/LNB

Estive ontem em São Paulo, no Club Paulistano, para a festa de lançamento do NBB11. Como você leu aqui nesta segunda-feira, a temporada 2018/2019 fortemente viverá pela primeira vez no conceito do multicanal, ou seja, o campeonato será exibido em 4 plataformas diferentes (TV Aberta, TV Fechada, Twitter e Facebook), algo inédito, inovador e que mostra uma visão bem antenada da Liga Nacional de Basquete pensando no futuro. E explico abaixo os motivos pelos quais acho que a tacada foi certeira.

Em primeiro lugar, ninguém é maluco de negar a importância da Globo nestes primeiros dez anos de NBB. Ajudou não apenas com transmissões, mas com conhecimento, estrutura e chancelando um campeonato que no começo pouca gente acreditava. Feliz ou infelizmente a banda segue sem ela e pela primeira vez em bilhões de anos teremos um torneio de basquete nacional sem a nave mãe transmitindo as partidas. A dúvida, pessoal e totalmente banal, admito, é a seguinte: como seguirá a cobertura jornalística das Organizações Globo em relação ao NBB? Cobrirá o campeonato com o mesmo afinco dos últimos anos ou como os direitos de exibição não são mais seus passará a ignorar, como fazia há anos, por exemplo, com a NBA? A julgar por segunda-feira, a resposta é um sonoro "não". Nenhum veículo de comunicação informou sobre a festa de lançamento da temporada.

Do ponto de vista estratégico, acho que a Liga Nacional de Basquete (LNB) acerta e muito ao apostar no combo multicanal, multiplataforma, multi qualquer nome que você queira dar. O objetivo é ter o cliente (no caso o fã de esporte) no centro de toda e qualquer discussão, impactando-o em todos os locais possíveis e fazendo com que ele seja "bombardeado" de basquete por todos os lados. Pensando em marca, exposição do NBB, é algo realmente sensacional. E você, como cliente, já deve ter percebido como isso funciona quando, por exemplo, um banco ou a sua loja favorita até você por SMS, E-mail marketing, Facebook e tudo mais.

Luiz Pires/LNB

Então ter plataformas Web (Twitter e Facebook), TV Aberta (Band) e TV's Fechadas (Fox, ESPN e BandSports) faz com que o produto se potencialize, já que mais de 75% da fase de classificação será exibida, tira a dependência que havia em relação a Globo (quando você tem apenas uma grande emissora lhe apoiando você realmente está muito a perigo – e vimos isso em inúmeros espirres por aqui recentemente) e faz com que jogadores, times e o NBB sejam conhecidos em ambientes até então não conhecidos (ESPN e Fox sobretudo).

Há, além disso, um fato importante. Se antes a Liga VENDIA os direitos de transmissão a Globo em um modelo que funcionou do século passado até a metade desta década, agora a Liga PRODUZ seu conteúdo e DISTRIBUI para os canais que exibirão as partidas. Há uma diferença de conceito monstruosa aí. Antes a LNB ganhava dinheiro ao VENDER o campeonato pra Globo. Agora ela FAZ dinheiro ao colocar seu campeonato nos canais. Atrás disso há um plano de marketing que envolve publicidade (valor que vai para as emissoras e também pra Liga, claro) e a necessidade dos dias de hoje de você disseminar seu produto rápido e em diferentes plataformas.

Se isso fosse pouco, os acordos comerciais selados com os canais de TV preveem a exibição não só dos jogos mas também a inclusão de materiais jornalísticos a respeito do campeonato nas grades de programação. Ou seja: cresce popularidade, apresenta o basquete para fãs de futebol e outros esportes, abre outra frente pra criação de novos consumidores e faz com que o conceito de "o jogo não acaba na transmissão" seja realmente aplicado. A chance da conversa não acabar quando cronômetro zera é gigantesca a partir de agora, e isso é maravilhoso.

Luiz Pires/LNB

Pode parecer uma jogada simples, mas o fato é que mais uma vez o NBB sai na frente. É o primeiro campeonato exibido em tantas plataformas assim, o primeiro que produz e distribui o seu conteúdo, o primeiro que encoraja os canais a terem uma competição saudável pela melhor cobertura e o primeiro que adere forte e corajosamente ao conceito do multicanal.

Ninguém sabe onde isso dará. Se será um sucesso, se atingirá seus objetivos, se vai transformar o NBB em um produto de massa (hoje ele é de nicho querendo e quase conseguindo sair da bolha). O fato é que mais uma vez a Liga Nacional tenta fazer diferente e nadar contra a corrente. No momento em que todos tentam se agarrar a um único canal de televisão para conseguir um naco de dinheiro para pagar as contas, a Liga pensa no longo prazo, com uma lente de aumento para amplificar o olhar no mercado e em outra direção para ganhar exposição e criar outras formas de receita.

E em uma excelente direção, em minha opinião.

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