Topo

Saque e Voleio

O que falta para Alexander Zverev conquistar um slam?

Alexandre Cossenza

14/08/2017 10h13

Ele já é número 7 do mundo, ganhou dois Masters 1.000 em 2017 – derrotando Djokovic e Federer nas finais – e vem de dez vitórias consecutivas. Alexander Zverev, 20 anos, parece o jogador da #NetxGen mais pronto para vencer um slam em breve. Mais do que o lesionado Kyrgios, mais do que o excelente saibrista e não-tão-excelente "quadradurista" Thiem, e muito mais do que Chung, Coric, Rublev, Shapovalov, Medvedev, Tiafoe, Khachanov e toda a garotada nessa faixa etária.

Mas será que isso quer dizer que Zverev está pronto para ganhar um slam já? Agora? No US Open? Há quem acredite que sim, e com bons motivos para isso. Só que também há bons motivos para quem ainda acha que é cedo o que falta algo ao jovem alemão. Vejamos, então, o que pode ser dito a favor e contra o rapaz.

O copo meio cheio precisa incluir, obviamente, todo o talento do alemão. Um saque enorme, sua facilidade para fazer a bola andar sem fazer força e sua versatilidade. Dá para contar nos dedos de uma mão quem – fora do Big Four – tem tantos recursos assim no tênis masculino. Além disso, no US Open Zverev vai estar jogando no piso que mais lhe dá resultados. Não por acaso, está invicto no pós-Wimbledon, com dez triunfos em sequência. Sete deles foram contra top 50.

Também precisa entrar nessa equação o momento de baixa de grandes nomes. Djokovic e Wawrinka já se retiraram da temporada. Murray vem de lesão e ninguém acredita que ele estará em grande forma em Nova York. Restam Roger Federer, vítima de Zverev na final de Montreal (e também na Copa Hopman, em quadras duras), e Rafael Nadal, que é mais vulnerável no piso sintético. Com tudo isso mente, não há por que não acreditar que Zverev pode conquistar o US Open, certo?

Mais ou menos. O que falta no copo meio vazio? Para começar, faltam vitórias em slams. Zverev nunca alcançou as quartas de final em um dos quatro grandes torneios e só chegou às oitavas uma vez – agora, em Wimbledon, onde teve uma chave com Donskoy, Tiafoe e Ofner. E quem nunca esteve nas quartas não conhece a sensação de estar numa semi ou numa decisão de slam. São mundos diferentes. É muito raro ver alguém dar esse salto de uma vez só.

Existe ainda a questão dos cinco sets. Zverev precisa mostrar consistência para vencer três sets no mesmo dia contra grandes nomes. Não o fez contra um nada inspirado Raonic em Wimbledon ou contra Nadal em Melbourne. Na Austrália, aliás, o quesito físico pesou. Enquanto o veterano sobrava, o então adolescente se arrastava em quadra no quinto set. Para ser campeão de slam, Sascha precisa deixar problemas de condicionamento para trás. Por último, é preciso saber lidar com a expectativa. Em Roland Garros, badalado após o título de Roma, o alemão oscilou e tombou diante de Fernando Verdasco na primeira rodada.

Acredito muito que Zverev conquistará coisas grandes na carreira. Sempre digo que ele é, entre todos da nova geração, meu principal candidato para ser número 1. Maaaas daí a dizer que Sascha é candidatíssimo ganhar este US Open, que começa daqui a duas semanas, é um exercício que mistura otimismo e futurologia. O potencial existe e está escancarado para todo mundo ver, mas precisa dar tudo muito certo durante essas duas semanas em Nova York. Será?

Coisas que eu acho que acho:

– Hoje, Federer é o favorito das casas de apostas para conquistar o US Open. Zverev vem em quarto, atrás de Nadal e Murray.

(parágrafo atualizado às 12h38min de segunda-feira, 14/08) Com a derrota na final em Montreal, Federer precisaria de um resultado melhor que o de Nadal para assumir a liderança do ranking após esta semana. No entanto, o suíço disse após a final que sentiu um incômodo nas costas e não garantiu participação em Cincinnati. Depois de viajar para o local do torneio, Federer anunciou nesta segunda que não jogará. Logo, Nadal será o #1 na próxima segunda-feira.

– No circuito feminino, atualmente liderado por Karolina Pliskova, cinco tenistas podem sair de Cincinnati na ponta. Além da própria Pliskova, estão na briga Simona Halep, Angelique Kerber, Elina Svitolina e Caroline Wozniacki. Veja os cenários abaixo:

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.