Dunga é um personagem controverso no futebol brasileiro. Um dos líderes da seleção de 1990, o volante lidou com grande pressão após a eliminação para a Argentina. Quatro anos depois, foi o capitão do tetra e mudou sua imagem. Até virar técnico da seleção...
A decisão da CBF era acabar com o “oba-oba” após a Copa de 2006. A personalidade forte de Dunga foi a saída, mas o novo treinador acumulou polêmicas e criou resistência por parte da torcida. Chegou até a brigar com a Globo. Era uma pressão parecida com a da Copa de 90. Afinal, Dunga é vilão?
“Não, não vejo o Dunga como esse vilão. Ele foi [considerado vilão], principalmente quando eu dirigia a seleção. Quiseram marcá-lo como uma pessoa fracassada em um processo fracassado. Mas não foi um processo fracassado: não atingimos o objetivo máximo, que era ganhar o Mundial, mas os objetivos anteriores nós atingimos”, diz Lazaroni, lembrando da Copa América de 1989.
“Só que essa pressão voltou. Ele estava feliz, mas em um incidente as coisas mudaram”, analisa. “Não tenho maiores detalhes, mas notei que algo aconteceu. Um episódio na seleção transformou o Dunga, que se deixou levar por aquela pressão. Essa pressão fez com que ele perdesse a fluidez, a inteligência em visualizar e fazer a leitura correta, os ajustes corretos como treinador. Isso levou ao insucesso”.
Briga com a Globo foi chave
Para Lazaroni, a briga com a Globo foi fundamental para a derrocada de Dunga na seleção brasileira. Segundo ele, a confusão tirou o técnico da Copa de 2010 do eixo e criou um clima de guerra entre seleção e imprensa.
“Pode ir na concentração? Pode fazer entrevista? Aquilo ali virou uma bola de neve que tirou ele do ponto de equilíbrio. Só gerou pressão. Achei que esse episódio foi péssimo para todos nós. Tinham vantagens [a Globo], ele proibiu... É a forma dele e isso o tornou mais triste, mais rude, mais fechado”, afirma.