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Saque e Voleio

O retorno da dominante Muguruza

Alexandre Cossenza

15/07/2017 12h51

Pouco mais de um ano atrás, no dia 4 de junho de 2016, Garbiñe Muguruza levantava o troféu de Roland Garros após uma impressionante demonstração de força contra Serena Williams. A espanhola dominou a linha de base, atacou mais e empurrou para trás a melhor tenista do mundo. Foi o primeiro título de Muguruza em um slam, uma espécie de cartão de visitas de alguém que mostrava pertencer à elite do tênis.

O que aconteceu nas 52 semanas seguintes foi difícil de explicar. Resultados inconsistentes, derrotas decepcionantes, nenhuma final. Era justo perguntar se o brilho da espanhola havia passado. Se Muguruza jamais seria novamente a tenista dominante daquele Roland Garros – ou até de Wimbledon/2015, quando foi vice.

Até que, ao ser eliminada em Paris este ano, a espanhola se disse aliviada. Terminava ali, na derrota para Kristina Mladenovic, o ano em que Muguruza carregou o título de um slam no ranking. Ao mesmo tempo, saía de suas costas a bigorna do rótulo "atual campeã de Roland Garros". Não demorou para que a diferença ficasse muito clara.

Em Wimbledon, a atual número 15 do ranking jogou solta, leve, despreocupada. Perdeu um único set – nas oitavas de final, para Angelique Kerber, número 1 do mundo. Chegou à final confiante, soltando o braço e disposta para um duelo de tiros do fundo de quadra com a pentacampeã Venus Williams.

Trocar tiro com tiro não seu tão certo assim. O primeiro set foi duro, com a americana jogando à vontade em quadra. Até que Muguruza precisou encarar dois set points sacando em 4/5 e 15/40. Jogou o rali mais longo da partida e venceu. Salvou o segundo set point com um belo saque. A final não seria a mesma depois dali.

As duas jogaram mais um ponto longo vencido pela espanhola. Muguruza leu o momento e viu que não precisava de tanta potência, mas de solidez. Quanto mais bolas trocadas, mais dura era a vida da adversária de 37 anos. Outro rali, e Venus perdeu o break point em seu saque. Pouco depois, o placar mostrava 7/5 para Muguruza. E a veterana não faria mais um game depois daquilo.

Foram nove games seguidos, um domínio completo até Muguruza fechar a conta em 7/5 e 6/0. Uma demonstração de potência, consistência e inteligência. Uma combinação poderosíssima que mostra o tamanho do tênis de Garbiñe Muguruza. Um jogo que ainda pode conquistar muita coisa no circuito feminino.

Coisas que eu acho que acho:

– Importante apontar que Muguruza se torna a primeira tenista a derrotar as duas irmãs Williams em finais de slam.

– Vale lembrar o estado emocional da espanhola quando foi eliminada de Roland Garros. Ela chorou na coletiva ao ser lembrada dos gritos de Mladenovic.

– Conchita Martínez, que acompanhou Muguruza durante o torneio, tornou-se a primeira mulher a conquistar Wimbledon como tenista e técnica. Ela substituiu Sam Sumyk, treinador regular de Muguruza, que voltou a Los Angeles porque estava prestes a ser pai. Os dois retomam a parceria antes do WTA de Stanford, ainda este mês.

Sobre o autor

Alexandre Cossenza é bacharel em direito e largou os tribunais para abraçar o jornalismo. Passou por redações grandes, cobre tênis profissionalmente há oito anos e também escreve sobre futebol. Já bateu bola com Nadal e Federer e acredita que é possível apreciar ambos em medidas iguais.
Contato: ac@cossenza.org

Sobre o blog

Se é sobre tênis, aparece aqui. Entrevistas, análises, curiosidades, crônicas e críticas. Às vezes fiscal, às vezes corneta, dependendo do dia, do assunto e de quem lê. Sempre crítico e autêntico, doa a quem doer.