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Brasil no Sul-Americano: vitórias tranquilas e carinho da torcida

Sidrônio Henrique

10/08/2017 13h00

Rodriguinho no saque em Temuco: triunfos fáceis contra adversários frágeis (foto: Felipe Andaur Suárez/Fevochi)

A situação se repete a cada partida do Campeonato Sul-Americano masculino, que termina nesta sexta-feira (11), em Santiago, no Chile. A seleção brasileira, sob a admiração do público, entra em quadra, engata no máximo a terceira marcha, passa pelo adversário em sets diretos e corre para o abraço. Nesse caso, literalmente, pois os torcedores fazem questão de interagir com o time campeão olímpico. E tome fotos, autógrafos, abraços, beijinhos e até presentes.

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Na primeira fase, disputada em Temuco, quase 700 quilômetros ao sul de Santiago, o Brasil atropelou Paraguai, Venezuela e Colômbia. Logo mais, às 19h30 (horário de Brasília), com transmissão do SporTV, outra tarefa burocrática, desta vez na capital chilena: enfrentar a seleção local na semifinal.

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O Chile tem seu melhor jogador na figura do capitão Dusan Bonacic, um bom ponteiro de 22 anos e 1,96m, que em seu currículo conta com passagens por clubes da Argentina e da Itália. Já a equipe é, no máximo, razoável. Na noite desta quarta-feira (9), os chilenos bem que tentaram, embalados pela torcida ganharam um set dos argentinos, mas terminaram em segundo lugar na chave, como era esperado. Não devem ser páreo para os brasileiros, que jamais perderam uma partida na história do torneio – ganharam as 30 edições que disputaram.

O ponteiro Dusan Bonacic é o principal jogador chileno (FIVB)

Festa chilena
As limitações físicas e técnicas da seleção chilena fazem da presença na semifinal e da chance de encarar o time número um no ranking da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) uma festa para os jogadores e a torcida local. Dificuldade mesmo para o Brasil, se houver, somente diante da Argentina, a quem os comandados do técnico Renan Dal Zotto devem encontrar na decisão, nesta sexta-feira, às 21h30 – também exibida pelo SporTV. Os argentinos, sem o ponta Facundo Conte, que recebeu folga da seleção esta temporada, enfrentam a Venezuela na outra semifinal.

A esperança do Chile é arrancar pelo menos um set do Brasil, repetindo o feito de dois anos atrás, no Campeonato Sul-Americano disputado em Maceió (AL). Na ocasião, o time brasileiro abusou dos erros e perdeu a primeira parcial, mas na sequência colocou tudo nos eixos.

Independentemente da simpatia e da festa promovida pelos chilenos, o nível do torneio é muito baixo. O adversário do Brasil na estreia, o Paraguai, chegou a perder um set por 25-4. Time amador, levou apenas 11 jogadores ao torneio, a maioria fora de forma, com destaque para o rechonchudo líbero Marcelo Jimenez, que com seu jeito bonachão caiu nas graças da torcida – os paraguaios ainda não ganharam um set sequer e agora disputam do 5º ao 8º lugar.

Seleção brasileira em destaque na mídia chilena (Reprodução/Internet)

Cordialidade
Não tente tirar dos jogadores brasileiros qualquer declaração que aponte fragilidade nos adversários, antes da indefectível final diante da Argentina. A política da boa vizinhança impera. Diz aí, Maurício Borges: "Estou muito confiante neste Sul-Americano e prefiro pensar em cada jogo. A Argentina pode ser um adversário muito difícil, sabemos que esse tem tudo para ser um duelo muito bem disputado, mas temos que pensar em cada jogo". Não insista que o ponteiro não vai ceder.

O que tem a comentar o levantador e capitão Bruno Rezende? "Primeiro, temos a responsabilidade de vencer uma competição que o Brasil nunca perdeu. Além disso, é um título. Qualquer competição é sempre muito importante para nós, entramos sempre para ganhar".

Perguntado sobre eventuais dificuldades contra a Argentina, o ponta Ricardo Lucarelli tinha a resposta na ponta da língua: "Ainda temos uma semifinal, que também deve ser difícil". Então tá.

Bruno Rezende posa para foto com fãs chilenos (Clarissa Laurence/CBV)

Tietagem
Bruno é o favorito da torcida chilena, que tem demonstrado carinho por todos os atletas brasileiros e também pelo técnico Renan Dal Zotto. A mídia não cansa de adular a seleção campeã olímpica. Em Temuco, a cada rodada, o Brasil ganhava espaço na primeira página do principal jornal local. Já na capital do país, uma vez que cumpra a obrigação de vencer o Chile, será a hora de deixar os afagos de lado e encarar a Argentina para manter a hegemonia sul-americana.

Quem ganhar a competição se classifica para o Mundial 2018. Caso não consiga a vaga desta vez, o Brasil ainda terá outra chance, no torneio qualificatório continental, de 31 de agosto a 4 de setembro. No calendário da Confederação Sul-Americana de Vôlei (CSV), a repescagem está programada para ser realizada na Argentina. Se os hermanos conquistarem o Sul-Americano, uma nova sede para o classificatório será definida pela Confederação.

Sobre a autora

Carolina Canossa - Jornalista com experiência de dez anos na cobertura de esportes olímpicos, com destaque para o vôlei, incluindo torneios internacionais masculinos e femininos.

Sobre o blog

O Saída de Rede é um blog que apresenta reportagens e análises sobre o que acontece no vôlei, além de lembrar momentos históricos da modalidade. Nosso objetivo é debater o vôlei de maneira séria e qualificada, tendo em vista não só chamar a atenção dos fãs da modalidade, mas também de pessoas que não costumam acompanhar as partidas regularmente.

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