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Bala na Cesta

Boston cedeu primeira escolha do Draft - o que está por trás da estratégia do Celtics?

Fábio Balassiano

20/06/2017 00h01

O mais agitado Draft da NBA dos últimos anos nem começou e já está mudando a ordem das coisas no melhor basquete do mundo. A cerimônia de escolha dos 60 atletas que serão selecionados pelas 30 franquias acontece na quinta-feira, mas ontem à tarde foi oficializada a primeira troca arrasa-quarteirão da semana.

O Boston Celtics, que tinha o primeiro pick, optou por trocar de posição com o Philadelphia 76ers, que tinha a terceira. Muita gente torceu o nariz, mas dá pra entender muito bem a estratégia dos verdes. A do Phila é bem clara: montar um time ao redor de Markelle Fultz, armador que fatalmente será o primeiro escolhido na quinta-feira. Ao redor dele, Ben Simmons, Joel Embiid e Dario Saric, um quarteto de jovens que tem tudo para brilhar por muito tempo na NBA.

Mas, bem, voltando, como explicar a estratégia do Celtics, que perde o sempre desejado pick #1 para selecionar alguém na terceira posição? Vamos lá:

1) Em primeiro lugar, o Boston não está trocando simplesmente a primeira pela terceira posição. De acordo com a imprensa americana, os Celtics estão recebendo, além do Draft deste ano, o pick de 2018 do Lakers que está com o Sixers. Caso o pick seja entre as segunda e quinta posições, a equipe verde mantém a escolha. Caso o Lakers fique com o pick (#1 ou acima da 6ª posição), os verdinhos ficam com a melhor posição entre o pick de 2019 de Sixers ou Kings. Vale lembrar que, até 2019, além das suas escolhas, o Boston tem a de 2018 do Brooklyn, a de 2019 do Clippers e no mesmo ano a do Memphis Grizzlies. É a tal sustentabilidade de um time que quer ser forte por muito tempo.

2) Em segundo, o Celtics tem um armador titular chamado Isaiah Thomas. Ele é o craque do time, o mais querido da torcida e o dono da posição. Escolher Fultz, aparentemente o melhor jogador desse Draft, seria ruim pra franquia, seria ou tirar de Isaiah o espaço conquistado nos últimos anos ou não dar o tempo de quadra necessário a um garoto que precisará amadurecer jogando. Muito provavelmente quem virá é o ala Josh Jackson, que poderá vir a ter bastante oportunidade na rotação de Brad Stevens. Não que eu concorde, sobretudo porque o Cavs na minha opinião continuará dominante no Leste, mas é o raciocínio adotado pela franquia.

3) O Boston sabe que para ganhar do Cleveland, de LeBron James, precisará de mais uma estrela. Com o volume de picks que possui, tem armas para oferecer a um Chicago Bulls ou a qualquer franquia que disponha de um craque que deseje mudar de rumo. Com espaço na folha salarial para trazer um Gordon Hayward (Jazz) e um arsenal de escolhas de Draft para oferecer às demais franquias por outro jogador acima da média os Celtics têm tudo para seguir fortes no Leste.

Pode ter parecido uma jogada arriscada e até certo ponto "maluca" de Danny Ainge, o manda-chuva do Boston. Não sei o quanto de sangue frio um dirigente tem que ter pra trocar uma primeira escolha de Draft, algo raríssimo e o sonho de consumo de muita gente que senta na cadeira que Ainge senta, mas o movimento do Celtics é totalmente calculado e visa, mais uma vez, deixar a franquia forte por muitos e muitos anos.

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