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Ele se aposentou ao salvar gato da vizinha numa árvore e agora está na Euro

Slutsky treina CSKA e seleção russa, mas não recebe salário da federação - Epsilon/Getty Images
Slutsky treina CSKA e seleção russa, mas não recebe salário da federação Imagem: Epsilon/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

13/04/2016 06h00

Leonid Slutsky coleciona feitos marcantes em sua vida, dentro e fora do futebol. Conseguiu classificar a Rússia à Eurocopa deste ano, é bicampeão russo pelo CSKA, já levou o time ao mata-mata da Liga dos Campeões e já teve que trocar a carreira de jogador pela de técnico ao se tornar herói de sua pequena cidade, Gorodishche, resgatando o gato de uma vizinha.

Então goleiro do time local, Slutsky tinha 19 anos quando ouviu o pedido aflito da vizinha para que tirasse seu gato de cima de uma árvore. O jovem não pensou duas vezes. Ajudou o felino para felicidade de sua dona e deu um bonito exemplo para a cidade. Mas ao descer da árvore deu azar: caiu, lesionou o joelho com gravidade e viu sua carreira como jogador acabar depois de disputar apenas 13 jogos.

Slutsky decidiu recomeçar. Apostou na carreira de treinador e rodou por vários times até chegar ao CSKA Moscou, em 2009. O bom trabalho o levou à seleção russa sem que precisasse abandonar seu clube. Hoje, é apontado como um dos principais responsáveis pela vaga na Euro, briga pelo seu terceiro título russo e desfruta de prestígio dentro e fora do país.

Prestígio que se justifica. Quando chegou ao CSKA em 2009, o time não era campeão russo desde 2006 e nunca havia alcançado o mata-mata da Liga dos Campeões. Slutsky conseguiu, logo na primeira temporada, levar o CSKA às quartas de final do torneio europeu, perdendo para a futura campeã Inter de Milão. O bicampeonato nacional veio em 2012/13 e 2013/14.

Enquanto ele fazia sucesso no CSKA, Fabio Capello, com salário de 7 milhões de euros anuais, patinava à frente da Rússia, ameaçada de ficar fora da Eurocopa dois anos antes de receber a Copa do Mundo. Capello saiu, e Slutsky herdou a missão de salvar o time nacional. Sem ganhar nenhum centavo da federação, conciliou seleção e CSKA a partir de agosto do ano passado.

Resultado: venceu as quatro partidas que restavam nas eliminatórias e garantiu a Rússia na Euro. Como consequência, a federação, hoje presidida pelo ministro que já o apoiava, confirmou Slutsky na seleção até o fim da Euro. O CSKA também caminha bem. É líder do campeonato nacional com um ponto de vantagem e a sete rodadas do fim.

O treinador também tem seu lado personagem. No ano passado, durante o intervalo de um duelo em que o CSKA perdia por 3 a 0, disse aos jogadores que eles iriam disputar uma partida na Sibéria caso não se recuperassem. Com um jogador a menos, o CSKA virou para cima Mordovia Saranks e venceu por 6 a 4. “Eu disse que se não vencêssemos, todo mundo viajaria para Irkutsk. Foi bem simples”, confirmou o herói da vizinha e hoje esperança do país sede da próxima Copa.